Exatos trinta anos atrás, no dia 19 de outubro de 1986, Samora Machel morreu quando o avião soviético Tupolev Tu-134, que o levava, caiu nos montes Libombos, no nordeste da África do Sul, perto da fronteira moçambicana.
Até hoje há suspeitas bastante consistentes, mas nunca cabalmente comprovadas, de que o acidente aéreo foi, na verdade, um atentado maquinado por agentes soviéticos e sul-africanos, lembrando que à época ainda existiam - em plena força - tanto a União Soviética como o regime do apartheid na África do Sul.
A viúva do líder da independência moçambicana, Graça Machel, viria a se casar em 1998 com Nelson Mandela, o que a tornou - atualmente - viúva de dois grandes heróis africanos.
A matéria abaixo é da Rádio Vaticano:
Moçambique: igrejas cristãs reconhecem os feitos de Samora Machel
Celebram-se, quarta-feira 19 de Outubro, 30 anos da morte de primeiro Presidente de Moçambique num trágico acidente aéreo ocorrido em Mbuzine, na África do Sul.
E é ali nessa localidade sul-africana que decorrem as cerimónias centrais das celebrações do homem que proclamou a independência de Moçambique a 25 de Junho de 1975. Nessa localidade, onde desapareceu para sempre o líder moçambicano, foi erguido um monumento em sua homenagem. Mas Samora Machel permanece vivo na memória dos moçambicanos. E as própria igrejas cristãs do país reconhecem os seus feitos pela nação moçambicana.
Numa ronda feita pela capital pelo nosso correspondente no Maputo, Hermínio José, sacerdotes, pastores e fiéis disseram que se deve recordar Samora Machel não deve ser um mero acto solene, mas sim como uma forma de perenizar a sua memória, valorizando o seu legado. O Padre Pinto Cuna, da arquidiocese do Maputo afirmou que Samora Machel é uma lenda por excelência. Ele foi morto pelos inimigos da paz e da justiça.
"Samora era pela paz e justiça social, e esse seu carisma fê-lo ser assassinado barbaramente. Mas, nós os moçambicanos devemos fazer valer os valores de Samora, pondo-os em prática. Isto é, devemos evitar as desigualdades abismais a que assistimos aqui no nosso país. Devemos evitar o derramamento de sangue devido aos ataques armados, só assim caros irmãos estaremos a eternizar a pessoa de Samora Machel", rematou o sacerdote.
Também o pastor, Marcos Mubango, da Igreja Metodista Unida de Moçambique considera que "Samora era um homem de Paz. Ele não queria viver num país, num continente, num mundo com ausência de paz, eis a razão pela qual, ele não só lutou para a independência de Moçambique, como também contribuiu significativamente para a independência de muitos países africanos”.
Já para, o pastor João Timba, da Igreja Universal do Reino de Deus, Samora "Samora Machel não queria ver o seu povo a sofrer, ele queria o bem colectivo. Ele era um homem que encontrava na paz o alicerce para o bem-estar dos povos", disse , acrescentando que os moçambicanos devem se inspirar em Samora, pois só assim, teremos o Moçambique que ele sempre desejou, uno, indivisível e democrático”.