5. A VIDA CRISTÃ NÃO IMPLICA PERFEIÇÃO, INATINGÍVEL NA PRESENTE CONDIÇÃO HUMANA, PORÉM RECLAMA ESFORÇO, DILIGENTE E CONTÍNUO, DE BUSCÁ-LA, DIA APÓS DIA, SEM DESFALECIMENTO
Não exijo que o viver do homem cristão nada exale senão o evangelho absoluto, o qual, no entanto, não se deve exatamente só almejar, mas também necessário se faz intentar. Contudo, não exijo perfeição evangélica em moldes tão estritos que não se possa reconhecer como cristão aquele que não a haja ainda atingido plenamente. Se esse fosse o caso, seriam todos excluídos da Igreja, uma vez que ninguém se acha que não esteja tão afastado dela por mais que haja adiantado, e contudo não há razão para que sejam rejeitados.
Então, o que fazer? Esteja fixado diante dos olhos este alvo, rumo ao qual se dirijam todas as nossas ações e rumo a ele lutemos e nos esforcemos até chegarmos. Pois não é lícito tentar partilhar com Deus dessas coisas que estão prescritas em sua Palavra, acatando parte delas, e de teu arbítrio desconsiderando outra parte. Ora, por toda parte ele recomenda, em primeiro lugar, a integridade como a parte capital de sua adoração [Gn 17.1; Sl 41.12], termo que significa a sincera candidez de espírito que careça de dolo e fingimento, à qual se contrapõe o coração dobre, como se estivesse dizendo que o princípio do bem viver é espiritual, quando o afeto interior do espírito se devota a Deus, sem fingimento, para cultivar-se a santidade e a justiça. Mas, uma vez que não sobeja a ninguém tanta força, neste cárcere terreno do corpo, que se possa avançar com a justa celeridade da corrida, ao contrário tão grande fraqueza oprime a grande maioria que, vacilando e claudicando, até mesmo rastejando no solo à frente se movem com dificuldade, avancemos, cada um segundo a medida de sua reduzida capacidade, e prossigamos a jornada iniciada. Ninguém vagueará tão desafortunadamente que não avance cada dia ao menos um pouco de caminho.
Portanto, não cessemos de progredir no caminho do Senhor, avançando incessantemente, não nos desesperando ante a insignificância de êxito alcançado. Ora, por mais que o êxito não corresponda ao desejo, contudo, o labor não foi perdido quando o dia de hoje supera o de ontem, contanto que, com sincera candidez, olhemos firmemente para nosso alvo e aspiremos alcançar nossa meta, não nos lisonjeando com adulação, nem condescendendo a nossas más disposições; ao contrário, em esforço contínuo proponhamo-nos a ser cada dia melhores até que alcancemos a perfeita bondade que devemos buscar toda nossa vida. Conquistaremos essa perfeição quando, despojados da debilidade de nossa carne, sejamos plenamente admitidos na companhia de Deus.
(CALVINO, João. As Institutas. Edição Clássica. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. 2. ed. vol. 3, pp. 159-160)
Não exijo que o viver do homem cristão nada exale senão o evangelho absoluto, o qual, no entanto, não se deve exatamente só almejar, mas também necessário se faz intentar. Contudo, não exijo perfeição evangélica em moldes tão estritos que não se possa reconhecer como cristão aquele que não a haja ainda atingido plenamente. Se esse fosse o caso, seriam todos excluídos da Igreja, uma vez que ninguém se acha que não esteja tão afastado dela por mais que haja adiantado, e contudo não há razão para que sejam rejeitados.
Então, o que fazer? Esteja fixado diante dos olhos este alvo, rumo ao qual se dirijam todas as nossas ações e rumo a ele lutemos e nos esforcemos até chegarmos. Pois não é lícito tentar partilhar com Deus dessas coisas que estão prescritas em sua Palavra, acatando parte delas, e de teu arbítrio desconsiderando outra parte. Ora, por toda parte ele recomenda, em primeiro lugar, a integridade como a parte capital de sua adoração [Gn 17.1; Sl 41.12], termo que significa a sincera candidez de espírito que careça de dolo e fingimento, à qual se contrapõe o coração dobre, como se estivesse dizendo que o princípio do bem viver é espiritual, quando o afeto interior do espírito se devota a Deus, sem fingimento, para cultivar-se a santidade e a justiça. Mas, uma vez que não sobeja a ninguém tanta força, neste cárcere terreno do corpo, que se possa avançar com a justa celeridade da corrida, ao contrário tão grande fraqueza oprime a grande maioria que, vacilando e claudicando, até mesmo rastejando no solo à frente se movem com dificuldade, avancemos, cada um segundo a medida de sua reduzida capacidade, e prossigamos a jornada iniciada. Ninguém vagueará tão desafortunadamente que não avance cada dia ao menos um pouco de caminho.
Portanto, não cessemos de progredir no caminho do Senhor, avançando incessantemente, não nos desesperando ante a insignificância de êxito alcançado. Ora, por mais que o êxito não corresponda ao desejo, contudo, o labor não foi perdido quando o dia de hoje supera o de ontem, contanto que, com sincera candidez, olhemos firmemente para nosso alvo e aspiremos alcançar nossa meta, não nos lisonjeando com adulação, nem condescendendo a nossas más disposições; ao contrário, em esforço contínuo proponhamo-nos a ser cada dia melhores até que alcancemos a perfeita bondade que devemos buscar toda nossa vida. Conquistaremos essa perfeição quando, despojados da debilidade de nossa carne, sejamos plenamente admitidos na companhia de Deus.
(CALVINO, João. As Institutas. Edição Clássica. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. 2. ed. vol. 3, pp. 159-160)
Olá! Gostei muito do post! Enquanto lia, me veio a mente
ResponderExcluirRomanos 12:11-12. =0)
Gostaria de recomendar um livro:
A Cabana de William P. Young. Se já teve a oportunidade de ler O Peregrino de J. Bunyan, esse é bem parecido...
Bem, continue compartilhando o Reino! Amplexos! - Renata.