Esta antiga expressão latina significa algo como “a glória do mundo é passageira”, e ao pé da letra seria “assim passa a glória do mundo”, provavelmente inspirado no clássico “A Imitação de Cristo”, de Thomas à Kempis, escrito em 1418, em que consta “O quam cito transit gloria mundi” (“Quão rapidamente a glória do mundo passa”). Nas solenidades de posse do novo papa, até 1963, a procissão parava três vezes para que o mestre de cerimônias dirigisse essas palavras ao romano pontífice. Rituais à parte, o fato é que muita gente aproveitaria melhor a vida – e daria menos valor às aparências - se tivesse um lembrete como esse sempre à vista. Estamos imersos numa era de consumismo desenfreado, em que pessoas e convicções se convertem em objetos descartáveis, tudo com a ilusão de se perpetuar uma situação de conforto na ilusão de que as coisas e os relacionamentos duram para sempre. Salomão diz em Eclesiastes 3:11 que Deus colocou a eternidade no coração do homem, o que talvez explique – mas não justifique – essa busca desenfreada do ter em vez de ser, do poder em vez de obedecer, do amealhar em vez de repartir, como se a aparência de sucesso garantisse uma sobrevida infinita ao ser humano. Como cristão, o que dói mesmo é ver que esta conduta materialista tomou conta de muitas igrejas, como se a fé não mais bastasse e o paraíso tivesse que ser vivido agora e aqui neste mundo, como se isto evitasse o fim que nos espreita e nos espera – quase sempre – inesperadamente. Nesta ânsia de fazer perdurar indefinidamente o que é tão-somente efêmero e transitório, muita gente se esquece de ler a Bíblia, e perde a chance de ver lá que João já dizia: “Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre” (1 João 2:17).