Os recentes episódios envolvendo atos violentos contra homossexuais (que apenas acrescentam novos números às surradas estatísticas homofóbicas) e a polêmica envolvendo a Universidade Mackenzie e o posicionamento da sua mantenedora, a Igreja Presbiteriana do Brasil, se opondo à lei contra a homofobia, não têm em comum apenas o prefixo "homo", mas também mostram uma série de fraturas expostas na sociedade brasileira, e no campo religioso em particular. São emblemáticas as imagens da violência gratuita a um homossexual com duas lâmpadas fluorescentes em plena Avenida Paulista (vídeo abaixo) e o seu contraste com as declarações da mãe de um dos agressores que disse que seu filho havia cometido apenas uma “infantilidade”. Pois parece que a “infantilidade” e a inconsequência são os novos motores da (não) convivência, e as lâmpadas que a Igreja devia proporcionar também se quebraram, menina que está no trato das coisas de Deus.
É triste observar que a igreja evangélica brasileira passa por uma crise de identidade tal que a sua face mais visível hoje se dá na política partidária, como aconteceu nas últimas eleições, ou no debate (e muitas vezes combate) sistemático contra os grupos defensores dos direitos dos homossexuais. O que une essas duas frentes é o apelo genérico à liberdade de expressão, uma nova espécie de mantra gospel que justifica qualquer pleito ideológico e que une as mais estranhas e antagônicas correntes (que se dizem) cristãs. Sob o pretexto de descer o porrete em quem pensa diferente, está liberada toda e qualquer união com malafaias e terranovas que – em circunstâncias normais – seriam renegados e combatidos. Até o ecumenismo com os católicos, tão evitado em outras searas, é festejado quando se trata de assumir posições políticas partidárias ou antigays. É difícil divisar os nuances e as diferenças quando há pouca (ou nenhuma) luz.
Quanto aos homossexuais que estão sendo atacados (e muitos são mortos) porque os agressores não concordam com seu estilo de vida, ao invés de acolher, cuidar, proteger, evangelizar e encaminhar, a Igreja Cristã brasileira nem o silêncio prefere. Está mais preocupada em defender o seu direito de apontar o pecado dos gays, mantendo deles uma apocalíptica e asséptica distância. Esta atitude apenas reforça o preconceito e contribui para que (mais) uma sociedade totalitária se instale no nosso meio, desviando todos seus problemas e suas frustrações para um grupo social facilmente identificável, como aconteceu na Alemanha menos de 100 anos atrás. Para estas manobras diversionistas, os gays são os novos judeus.
A grande vítima neste imbróglio todo é o evangelho de Cristo, a pura e simples mensagem da cruz, a verdadeira luz que ilumina os povos e os corações. Esquece-se deliberadamente que Jesus exerceu o seu ministério no contexto de um Império que não só tolerava os comportamentos sexuais mais bizarros, como de certa forma os promovia. Curiosamente, o Mestre, mesmo sendo contemporâneo de Calígula - apenas para citar um exemplo mórbido e sórdido -, nem por isso apelou à prerrogativa de dar nome ao seu pecado. Aliás, os únicos que mereceram esta deferência divina foram os religiosos que utilizavam o nome de Deus para ganhar dinheiro ou preservar seus privilégios. Entretanto, nenhum cerceamento de liberdade de expressão, por mais duro e mortal que fosse, impediu os primeiros cristãos de pregar o evangelho e transformar o mundo.
Lamentavelmente, parece que – por absurdo que pareça - a igreja evangélica brasileira está cansada desse mesmo evangelho que se propagou e se desenvolveu apesar de todos os comportamentos contrários, impedimentos e perseguições. Também não adianta perguntar o que ela quer, porque perdeu o foco e não se lembra mais de onde veio nem sabe pra onde vai. Quer apenas ter o direito de apontar os pecados alheios a fim de não ter que corrigir os que lhes são próprios. Por isso não se envergonha de cerrar filas com apóstatas e falsos profetas para combater o inimigo (imaginário) comum. Pena que tenha cerrado os olhos também...
É triste observar que a igreja evangélica brasileira passa por uma crise de identidade tal que a sua face mais visível hoje se dá na política partidária, como aconteceu nas últimas eleições, ou no debate (e muitas vezes combate) sistemático contra os grupos defensores dos direitos dos homossexuais. O que une essas duas frentes é o apelo genérico à liberdade de expressão, uma nova espécie de mantra gospel que justifica qualquer pleito ideológico e que une as mais estranhas e antagônicas correntes (que se dizem) cristãs. Sob o pretexto de descer o porrete em quem pensa diferente, está liberada toda e qualquer união com malafaias e terranovas que – em circunstâncias normais – seriam renegados e combatidos. Até o ecumenismo com os católicos, tão evitado em outras searas, é festejado quando se trata de assumir posições políticas partidárias ou antigays. É difícil divisar os nuances e as diferenças quando há pouca (ou nenhuma) luz.
Quanto aos homossexuais que estão sendo atacados (e muitos são mortos) porque os agressores não concordam com seu estilo de vida, ao invés de acolher, cuidar, proteger, evangelizar e encaminhar, a Igreja Cristã brasileira nem o silêncio prefere. Está mais preocupada em defender o seu direito de apontar o pecado dos gays, mantendo deles uma apocalíptica e asséptica distância. Esta atitude apenas reforça o preconceito e contribui para que (mais) uma sociedade totalitária se instale no nosso meio, desviando todos seus problemas e suas frustrações para um grupo social facilmente identificável, como aconteceu na Alemanha menos de 100 anos atrás. Para estas manobras diversionistas, os gays são os novos judeus.
A grande vítima neste imbróglio todo é o evangelho de Cristo, a pura e simples mensagem da cruz, a verdadeira luz que ilumina os povos e os corações. Esquece-se deliberadamente que Jesus exerceu o seu ministério no contexto de um Império que não só tolerava os comportamentos sexuais mais bizarros, como de certa forma os promovia. Curiosamente, o Mestre, mesmo sendo contemporâneo de Calígula - apenas para citar um exemplo mórbido e sórdido -, nem por isso apelou à prerrogativa de dar nome ao seu pecado. Aliás, os únicos que mereceram esta deferência divina foram os religiosos que utilizavam o nome de Deus para ganhar dinheiro ou preservar seus privilégios. Entretanto, nenhum cerceamento de liberdade de expressão, por mais duro e mortal que fosse, impediu os primeiros cristãos de pregar o evangelho e transformar o mundo.
Lamentavelmente, parece que – por absurdo que pareça - a igreja evangélica brasileira está cansada desse mesmo evangelho que se propagou e se desenvolveu apesar de todos os comportamentos contrários, impedimentos e perseguições. Também não adianta perguntar o que ela quer, porque perdeu o foco e não se lembra mais de onde veio nem sabe pra onde vai. Quer apenas ter o direito de apontar os pecados alheios a fim de não ter que corrigir os que lhes são próprios. Por isso não se envergonha de cerrar filas com apóstatas e falsos profetas para combater o inimigo (imaginário) comum. Pena que tenha cerrado os olhos também...
Essa "fratura" a meu ver, deriva de dois fatos, não interligados.
ResponderExcluir1. A postura da Igreja cristã (e aqui me refiro a um conjunto extremamente amplo, embora não total) de se considerar o homossexualidade - não o homossexualismo - como uma condição no mínimo incompatível com a moral, pelo menos desde quando a Igreja se entende por Igreja.
Ou seja, de se considerar o homossexual como um pecado moral, da mesma forma que o adúltero ou o promíscuo.
Esse consideração é bastante genérica. Não estou colocando em pé de igualdade uma posição mais liberal (de ser impedimento apenas para o ministério) e outra mais conservadora (de se considerar um pecado que impossibilita a comunhão) a esse respeito, mas tirando um denominador comum.
Nada mais que isso.
2. A reação (legítima) do homossexualismo (movimento) contra a violência física e o desprezo dos homossexuais no ambiente social.
O salto no escuro dessa reação está em buscar uma explicação cultural para esse desprezo, e o erro está em se apontar como causa dessa ódio cultural na religião (mais especificamente, a religião cristã, já que estudaram mal a história da humanidade, e concluiram que todas as outras religiões são ou foram tolerantes).
A "homofobia" (termo que o movimento homossexualista criou, passando por cima da semântica grega) não tem causa religiosa. Ela provém de um choque de comportamentos que pode ter desdobramentos violentos - até mesmo por parte de parceiros ocasionais de relações homossexuais (como foi o que tirou a vida e um amigo meu).
Eventualmente, é claro, que um indivíduo pode aparecer matando um homossexual com a Bíblia na mão. Nunca aconteceu, mas pode acontecer.
A religião não cria a "homofobia", e nem pode impedi-la.
E certamente não vai querer impedi-la, não porque compactue com a cultura de morte, mas porque o movimento homossexualista levantou uma cruzada inteiramente desmotivada contra a religião.
Não é justo fazer uma observação parcial de que o alarme sobre a tentativa homossexualista de censurar parcialmente o cristianismo tenha juntado Malafaia, os católicos, e eventualmente alguns ateus.
Esse alarme tocou em visões tão distintas como as de um Robinson Cavalcanti, Augusto Nicodemus ou Isaías Lins.
Não são evangelistas de TV nem proselitistas empedernidos. São teológos de seriedade.