A versão em inglês da revista alemã Spiegel anunciou, no dia 21/12/12, a descoberta das ruínas de um antigo império cristão perdido nas colinas rochosas do Iêmen, na península arábica.
Himyar era o nome do reino dos himyaritas (ou homeritas), que floresceu entre os anos 110 a.C. e 525 d.C., período em que dominou os demais povos árabes da região.
Como o calendário muçulmano começa com a Hégira (a fuga de Maomé de Meca para Medina) em 16 de julho de 622 d. C., Himyar foi engolida pelas areias do tempo pouco antes do início do Islã.
Segundo os historiadores, o redescobrimento de Himyar permite que se tenha uma ideia de como era o ambiente religioso na Arábia pouco antes do nascimento do Islã.
Os arqueólogos alemães que estão atualmente trabalhando no Iêmen escavaram o que parece ser uma comunidade cristã que ficava em Zafar, 930 quilômetros ao sul de Meca.
Ali está, por exemplo, o alto-relevo mostrado na foto acima, de um homem coroado, aparentemente cristão, de cerca de 1,70m de altura, o que não seria possível no período muçulmano, diante da proibição de imagens de escultura de qualquer tipo.
O que não falta neste trabalho arqueológico são perigos de todo tipo, dada a instabilidade política da região. Mesmo assim, a iniciativa prossegue e é promissora.
Resta saber se, antes de Maomé, havia uma igreja cristã em Meca. Tudo indica que sim, já que a influência dos himyaritas se fazia sentir sobre toda a região.
O fato é que o século V d.C. foi um período de grande confrontação religiosa, política e militar na região.
Batiam-se ali os impérios bizantino, sassânida e os vários reinos árabes, dos quais Himyar era o principal.
Aparentemente, os cristãos bizantinos (atuais ortodoxos) não eram bem vistos pelos seus correspondentes árabes, já que o nestorianismo, doutrina que tinha uma interpretação cristológica diferente de Roma e Constantinopla, imperava no Oriente Médio e na Ásia. Não se consideravam exatamente "irmãos", portanto.
O Islã triunfaria na região durante o século VII d. C., mas ainda há muita história enterrada nas areias do deserto da Arábia, que merece ser revisitada tanto quanto o delicado equilíbrio geopolítico e religioso da região permitir.