""Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade! Os filhos dos homens se refugiam à sombra das tuas asas." (Salmo 36:7)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

PM confunde Bíblia com arma e mata evangélico em SP

A crise da segurança pública no Estado de São Paulo torna a insegurança uma sensação disseminada por toda a sociedade.

Enquanto a PM e o PCC "brincam" de gato e rato, aproveitando o desgoverno do Estado, quem paga o pato é a população, conforme o pequeno (e trágico) exemplo da notícia abaixo, publicada na Folha.

Muito provavelmente, não vai acontecer nada com o policial. Ele vai alegar legítima defesa putativa, que apesar do nome aparentemente feio, significa a reação de alguém que se vê - equivocadamente - ameaçado por outra pessoa.

Também não vai acontecer nada com quem deveria escolher e treinar melhor os policiais que contrata para - supostamente - servir e proteger o seu eleitorado, a não ser que este acorde e se vingue - pacificamente - nas urnas.

Senão, daqui a pouco, teremos todos que andar com os braços pra cima e as mãos vazias nas ruas das cidades paulistas.


Cabo confunde Bíblia com arma e mata gari

Evangélico, homem de 39 anos seguia para a igreja na quarta-feira quando foi abordado por policiais em Avaré

Policial militar diz ter suspeitado que Bíblia que a vítima carregava sob sua camisa seria uma arma de fogo

Um cabo da Polícia Militar atirou e matou um gari evangélico de 39 anos, em Avaré (a 262 km de São Paulo), ao confundir a Bíblia que o homem carregava sob sua camisa com uma arma de fogo.

A tragédia aconteceu por volta das 20h de anteontem no bairro Bonsucesso, quando o gari da Prefeitura de Avaré Antonio Marcos dos Santos ia para um culto religioso.

Policiais militares faziam patrulhamento na rua Félix Fagundes quando suspeitaram do gari e pediram para ele levantar as mãos.

Segundo o cabo João Samir de Oliveira, 36, que estava acompanhado do sargento Carlos Piagentino da Silva, 35, o gari não teria atendido a ordem de levantar as mãos dada sucessivas vezes e, num dado momento, tentou retirar um objeto que levava sob a camisa, que parecia ser uma arma de fogo.

Foi nesse momento que o cabo disse ter sacado a pistola e efetuado um disparo. O gari foi atingido no pescoço.

O major Maurício José Raimundo, subcomandante do 53º Batalhão do Interior, onde o cabo Oliveira trabalha, afirmou que o policial não tinha histórico de atos violentos. A reportagem não localizou seu advogado.

O policial disse que efetuou o disparo porque pensou que o canto da capa dura da Bíblia (que é de cor escura) fosse o cabo de uma arma de fogo.

Os policiais chegaram a levar Santos para um pronto-socorro, mas o gari não resistiu aos ferimentos e morreu.

O cabo Oliveira foi preso em flagrante sob suspeita de homicídio e transferido ontem mesmo para o Presídio Militar Romão Gomes, no bairro da Água Fria (zona norte de São Paulo).

Ainda de acordo com o major, o subordinado tem 11 anos e sete meses de serviços prestados à polícia.

Segundo o major, o cabo é um PM respeitado pelos colegas e não havia nada que levasse o comando a suspeitar da versão apresentada por ele sobre o caso.

O major disse ainda que familiares de Santos afirmavam que a vida do gari praticamente se limitava a trabalhar e ir à igreja.



Comments (3)

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onde trenam os poliçiais que deveriam nos proteger . mais uma vida inoçente mais sangue falta de treinamento despreparo de profissionais e pracaba mesmo
J. Antonio's avatar

J. Antonio · 641 weeks ago

O pior tipo de crítica é a daqueles que criticam sem conhecimento de causa, ignorantes que falam daquilo que desconhecem. Pra quem ainda não sabe: 1. o policial foi preso em flagrante delito; 2. o crime será julgado pela Justiça Comum e não pelo Tribunal de Justiça Militar, isso significa que quem vai absolver ou condenar o policial é um júri composto por pessoas do povo (é proibido policiais comporem tais júris); 3. ainda que os jurados venham a inocentar o policial, certamente perderá a farda por não haver obedecido aos procedimentos operacionais padrões da instituição. Agora quanto à "brincadeira de gato e rato" entre policiais e membros do PCC, é de se admirar que alguém que se diga cristão como o autor deste artigo entenda que pais de famílias mortos devido exercerem a profissão de policial não passa de brincadeira. Na minha opinião, tal pessoa não passa de um hipócrita e pseudocristão.
1 reply · active 641 weeks ago
A sua crítica é bem-vinda, embora dura e lhe coloque na posição de julgar quem é "hipócrita e pseudocristão".
Caso não entenda o que é uma metáfora, "brincadeira de gato e rato" foi usada nesse sentido. Qualquer consulta a um bom livro de figuras de linguagem permitirá que você aprenda em que sentido essa expressão é corriqueiramente usada.

Não sei se você reparou, mas eu utilizei o verbo "brincam" assim mesmo, entre aspas, justamente para evitar que os leitores interpretassem mal o que eu escrevi, mas vejo que, pelo menos no seu caso, não tive sucesso.

Não há qualquer referência a "pais de famílias mortos" na minha crítica, pelo simples fato de que não me propus a escrever um tratado sobre o assunto, até porque o que não faltam são críticas de especialistas na área.

Aliás, se você tivesse tido um pouco de calma e isenção ao analisar o que escrevi, perceberia que o meu protesto é exatamente para evitar que mais pessoas inocentes (aí incluídas aquelas que estão no exercício legítimo do seu trabalho policial) venham a morrer em virtude dessa guerra civil não declarada.

Em nenhum momento falei sobre tecnicalidades do procedimento investigativo e judicial, até porque este aqui não é um blog de ensino de Direito Processual Penal.

Apenas me reservo o direito de criticar uma política de segurança pública absolutamente falida, como os jornais noticiam todos os dias. Ainda há liberdade de expressão no Brasil, razão pela qual a sua opinião é respeitada e publicada, sem nenhum adjetivo pejorativo dirigido a você, até porque não lhe conheço e jamais me colocaria na posição de avaliar se você é hipócrita ou pseudocristão.

O fato lamentável é que o problema existe, está aí, ameaçando pessoas inocentes, no exercício ou não de sua profissão, todos os dias. E não é retórica que vai resolver o problema.

Seria, entretanto, uma mostra de humildade de sua parte se pelo menos você reconhecesse que houve uma falha grave ou na admissão ou no treinamento do policial citado na reportagem. A sociedade agradece.

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