No mínimo, alguém precisa checar a água que os vereadores de Campinas (SP) estão bebendo...
Depois de surpreender o país com a oficialização municipal do Dia do Samurai e com a expulsão dos mendigos das ruas da cidade, eis que os nobres edis campineiros inovam de novo (com o perdão da redundância tola e propositalmente adequada ao fato).
Se você passou por uma cirurgia bariátrica, em vez de se contentar com uma banana ou uma maçã, já pode ir a Campinas e comer como um passarinho nos restaurantes da cidade. Detalhe: pela metade do preço.
Supostamente, você comeria metade daquilo que um cidadão comum come. Se, por acaso, engordar de novo e tiver que reduzir o irreduzível (com o perdão da nova "redondância"), quem sabe algum vereador de Campinas passe uma lei que faça você pagar 1/4 do preço daquele apetitoso rodízio da esquina. E ainda te darão grátis um cafezinho com adoçante.
Do jeito que a coisa anda, logo logo vão propor a lei da lobotomia: só pode ser eleito vereador em Campinas quem fizer redução do cérebro...
A notícia é da Folha:
Cirurgia bariátrica dará desconto em restaurantes de Campinas (SP)
MARÍLIA ROCHA
Uma lei que entrou em vigor ontem em Campinas obriga restaurantes a oferecer desconto de 50% ou meia refeição para clientes que passaram por cirurgia bariátrica (redução de estômago).
A fiscalização na cidade será feita pelo Procon e quem descumprir pagará multa de ao menos R$ 469,80.
A nova regra vale para restaurantes e estabelecimentos similares nas porções, nos pratos à la carte e nos serviços de rodízio. Ficam de fora pratos cobrados por quilo, bebidas e sobremesas.
Lanchonetes não são obrigadas a cumprir a medida, de acordo com o vereador Francisco Sellin (PMDB), autor da proposta que passou pela Câmara e foi sancionada pela prefeitura.
EXPERIÊNCIA
A primeira tentativa de emplacar o desconto foi em 2009, mas o projeto de lei acabou sendo arquivado. Segundo o vereador, há lei semelhante em Vila Velha (ES).
"Ouvimos muitas pessoas antes de elaborar a lei e é uma unanimidade que quem passa pela cirurgia não consegue comer metade de uma refeição para uma pessoa, mesmo assim pagava o preço inteiro", afirmou Sellin.
"Acho uma injustiça [a forma de cobrança antes da nova lei]", disse o vereador, que não fez a cirurgia e disse não ter nenhum familiar operado.
Para conseguir o benefício, o cliente deverá comprovar que passou pela redução de estômago, apresentando um laudo ou declaração assinada por um médico --que deve ser inscrito no Conselho Regional de Medicina.
De acordo com a lei, os restaurantes também são obrigados a colocar cartazes informando o direito ao desconto aos consumidores.
O sindicato de bares e restaurantes de Campinas critica a obrigação para o setor.
"Isso é legislar pelo prejuízo alheio, um desrespeito à liberdade do empresário", disse o porta-voz da entidade, Moretti Bueno.
Segundo ele, no entanto, o sindicato ainda vai aguardar para ver os efeitos da lei e só então definirá se vai contestar ou não a medida.