A informação é do Jornal do Brasil:
Postura mais branda para homossexuais e divorciados em documento do Vaticano
Apresentado nesta segunda-feira, documento mostra uma igreja mais compassiva e menos acusatória
Divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Vaticano, um documento aponta uma postura mais branda da Igreja Católica em relação aos homossexuais e aos casais divorciados, casados novamente ou não. Em um trecho, o documento afirma que os homossexuais “têm dons e qualidades a oferecer à comunidade cristã” e questiona se a Igreja “não poderia garantir um espaço de fraternidade dentro da comunidade”.
Apesar de o texto esboçar uma aceitabilidade por parte da Igreja, ainda não sinaliza nenhuma mudança na postura de condenação de atos homossexuais. A declaração parece ser o início de uma discussão que procura criar um espaço fraternal para os homossexuais, mas sem “abdicar da doutrina católica sobre família e matrimônio”.
Adotando uma posição menos condenatória, o documento questiona se as comunidades religiosas estariam prontas para acolher os homossexuais “garantindo a eles um espaço maior em nossas comunidades” e continua: “Muitas vezes essas pessoas desejam encontrar uma igreja que seja um lar acolhedor”.
O documento destaca ainda a posição da Igreja em relação aos filhos de casais do mesmo sexo, concluindo: “Sem negar as questões morais relativas às uniões homossexuais é reconhecido que há casos em que o apoio mútuo para o sacrifício constitui um valioso apoio para a vida dos parceiros. Além disso, a Igreja tem uma atenção especial às crianças que vivem com casais do mesmo sexo, insistindo que deve sempre colocar as necessidades e direitos das crianças em primeiro lugar”.
Divorciados
Já na questão do divórcio o documento se estende para os casais divorciados e aqueles que em que um dos pares, ou os dois, se divorciaram anteriormente. O documento afirma que deve haver, por parte da Igreja e da comunidade católica, um “acompanhamento” desses casos, para fortalecer os preceitos da fé cristã.
Nos casos de divorciados que não voltaram a se casar “devem ser encorajados a encontrar o alimento que os sustenta em seu estado. A comunidade local e os pastores devem acompanhar essas pessoas com cuidado, especialmente quando há crianças ou grave a sua situação de pobreza”.
Já sobre os divorciados que voltaram a se casar, o documento sublinha que é preciso que o sacerdote e a comunidade tenham uma carga de respeito e discernimento, “evitando qualquer linguagem e atitude que faz com que se sintam discriminados”. O documento que esse cuidado não enfraquece a fé cristã e a “indissolubilidade” matrimonial, “mas expressa a caridade”.
Sobre a questão da comunhão para os divorciados as opiniões se dividiram. Segundo o documento, enquanto uns apontavam para o fundamento teológico da eucaristia, outro pediam uma “maior abertura para as condições específicas quando se trata de situações que não podem ser dissolvidas, sem causar novas injustiças e sofrimentos”. O documento afirma que um “possível acesso aos sacramentos” deve ser precedido de um caminho penitencial sob a responsabilidade do bispo diocesano.
A Terceira Assembléia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família começou no dia 7 e terminará no dia 19 de outubro, com a beatificação do papa Paulo VI. Temas como as novas realidades familiares foram discutidas durante o encontro.
O documento apresentado nesta segunda-feira foi preparado após uma semana de discussões com a presença de 200 bispos, e será a base para as duas ultimas reuniões com o Papa Francisco. O objetivo é aprofundar a reflexão entre os católicos antes do segundo e definitivo sínodo no ano que vem.