Hoje se comemora o 497º aniversário da Reforma Protestante, cujo início se convencionou ser o dia em que Martinho Lutero pregou suas 95 teses na porta da catedral de Wittenberg, 31 de outubro de 1517.
A três anos do 5º centenário, os preparativos para celebrar essa data estão a todo vapor, segundo informa o IHU:
Luteranos realizam jornada pelos 500 anos da Reforma
Será um Lutero global e ecumênico aquele que, em 2017, vai surgir a partir das celebrações do Cinquentenário da Reforma. É o que explicou a pastora Margot Kässmann, embaixadora oficial do Jubileu da Reforma, no discurso pronunciado no sábado passado em Roma na Jornada da Igreja Evangélica Luterana na Itália (CELI, 17 a 19 de outubro).
A reportagem é da agência NEV – Notizie Evangeliche, 23-10-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
As celebrações de 2017 evidenciarão "a multiplicidade da Reforma em todos os continentes" e o seu significado em um "mundo globalizado e em uma época de ecumenismo mundial".
O lema da III Jornada da CELI – manifestação bienal que segue o modelo do Kirchentag alemão – foi o texto bíblico de Jeremias 29, 7: "Busquem o bem da cidade", que serviu de pano de fundo para o tema "Reforma e Política", que neste ano envolverá a reflexão dos luteranos de todo o mundo no caminho para 2017.
Falaram sobre o tema, em particular, a pastora Kässmann e o professor Fulvio Ferrario, docente de teologia sistemática na Faculdade Valdense de Roma, que realizou um estudo sobre o texto de Romanos 13, no qual Paulo convida os cristãos a "serem submissos à autoridade".
Um texto que teve consequências históricas que vão muito além das intenções do apóstolo, que pretendia apenas dirigir recomendações práticas, e não construir uma teologia do Estado – o texto, de fato, não faz parte da seção teológica da epístola aos Romanos, mas da exortativa.
O discurso sobre Reforma e política, portanto, não pode desconsiderar uma severa autocrítica que vai das posições defendidas por Lutero na Guerra dos Camponeses ao período nazista na Alemanha. Positivamente, o protestantismo sempre promoveu uma espiritualidade capaz de enfrentar com um espírito de liberdade de consciência as questões cruciais da atualidade.
Segundo Kässmann, dois temas inevitáveis do nosso tempo são as migrações – "um desafio global" em relação ao qual não se pode responder principalmente com um "controle restrito" – e a paz.
Sobre esta última, a embaixadora da Reforma disse: "Somos incapazes de aprender a paz? Embora as Igrejas do mundo, em 1948, tenham declarado que a vontade de Deus é que não haja guerra, hoje se fala continuamente da guerra como 'ultima ratio' e nunca da paz como 'prima ratio'".
Ao lado da reflexão sobre o tema principal, a Jornada da Reforma também foi "uma festa da fé – como lembrou o decano da CELI, pastor Heiner Bludau –, um tempo de encontro e de conhecimento recíproco", que incluiu momentos musicais, reflexões bíblicas, programas para crianças e espaços para socialização.
Encontro da Federação Luterana Mundial com a presença do cardeal Koch
O papel das Igrejas na sociedade em vias de transformação é o tema central do encontro da área europeia da Federação Luterana Mundial (FLM), que será realizado em Roma entre os dias 27 e 29 de outubro, na Casa La Salle, na Via Aurelia 472.
O evento, organizado pela Igreja Evangélica Luterana na Itália (CELI), trará à capital italiana cerca de 55 participantes de todo o continente para refletir sobre o tema principal "Ouvir, servir, envolver - Ser Igreja em uma Europa em transformação".
O desafio é repensar a nova condição das Igrejas que, de "instituições-guias" da sociedade, são, hoje, no continente europeu, uma das tantas vozes da sociedade civil.
"Sobre esses temas, certamente será importante ouvir o testemunho da CELI sobre como uma Igreja minoritária pode fazer a sua contribuição na sociedade", sublinham os organizadores.
As principais conferências e os trabalhos em grupo abordarão temas como: como criar novas redes através das redes sociais, a nova situação das Igrejas na sociedade pós-cristã, apresentação de projetos-piloto para fortalecer a identidade da fé dos membros da Igreja, o trabalho diaconal, o envolvimento na Igreja dos jovens.
Também se falará dos programas da FLM sobre as questões de gênero e sobre o modo pelo qual as diversas Igrejas luteranas vivem a comunhão recíproca através da participação na FLM.
Na manhã da quarta-feira, 29, às 9h, está prevista uma mesa redonda sobre a dimensão ecumênica do Cinquentenário da Reforma de 2017. Participará do encontro o cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.