sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O poder da gratidão


Palestra do monge católico David Steindl-Rast numa das já tradicionais e excelentes Conferências TED, esta realizada em Edinburgh, na Escócia, em junho de 2013, sobre a importância da gratidão para a felicidade do ser humano, conforme vídeo abaixo e transcrição na íntegra publicada pelo Brasil247:

O PODER DA GRATIDÃO: 
QUER SER FELIZ?
SEJA GRATO!

A única coisa que todos os seres humanos têm em comum é que cada um de nós quer ser feliz, diz o irmão David Steindl-Rast, um monge e estudioso ecumênico. E felicidade, ele sugere, nasce da gratidão. Uma lição inspiradora sobre desacelerar, olhar para onde você está indo, e acima de tudo, ser grato

Tradução: Viviane Ferraz Matos. Revisão: Gustavo Rocha

O monge beneditino David Steindl-Rast foi um dos primeiros sacerdotes católicos romanos a participar ativamente do diálogo cristianismo-budismo. É autor de The Ground We Share, uma obra sobre a prática cristã e budista, escrita com Robert Aitken Roshi. Entre seus outros livros está Gratefulness, the Heart of Prayer and Deeper Than Words. Sua obra mais recente é 99 Blessings, uma coletânea de preces para o leitor comum. Desde 1953, Irmão David é monge do mosteiro beneditino Mount Saviour, em Nova York. Ele divide seu tempo entre a contemplação como eremita, a escritura e a leitura. É cofundador da gratefulness.org.


Tradução integral da palestra de David Steindl-Rast:

Existe uma coisa que vocês sabem de mim, uma coisa bastante pessoal e há uma coisa que eu sei de vocês, cada um de vocês e que está bem no centro de suas preocupações. Há uma coisa que sabemos de todos que encontramos em qualquer lugar do mundo, nas ruas, que é o principal motivo do que quer que eles façam e o que quer que eles aturem, e essa coisa é que todos nós queremos ser felizes. Nisso estamos todos juntos. A forma como imaginamos nossa felicidade varia de uma pessoa para outra, mas já é bastante que todos tenhamos em comum o fato de querermos ser felizes.

Bem, meu assunto é gratidão. Como é a conexão entre felicidade e gratidão? Muitas pessoas diriam: "Bem, isso é muito fácil. Quando se está feliz, sente-se gratidão". Mas pensem novamente. Será que são mesmo as pessoas felizes que são gratas? Todos conhecemos um grande número de pessoas que têm tudo para serem felizes e não são felizes, porque elas querem algo a mais ou querem mais do mesmo. E todos conhecemos pessoas que passam por várias adversidades, adversidades pelas quais nós próprios não gostaríamos de passar, e são profundamente felizes. Elas irradiam felicidade. É surpreendente. Por quê? Porque elas são gratas. Então, não é a felicidade que traz a gratidão. É a gratidão que traz a felicidade. Se vocês pensam que é a felicidade que os torna gratos, pensem novamente. É a gratidão que os torna felizes.

Agora, podemos perguntar: o que queremos dizer exatamente com gratidão? E como ela funciona? Eu recorro às suas próprias experiências. Todos nós sabemos por experiência como funciona. Nós vivenciamos uma coisa que é valiosa para nós. Algo nos é dado, que é valioso para nós. E é realmente dado. Essas duas coisas têm que vir juntas. Tem que ser algo valioso, e um verdadeiro presente. Você não o comprou. Você não fez por merecer. Você não trocou por nada. Você não trabalhou por isso. Só foi dado a você. E quando essas coisas acontecem ao mesmo tempo, algo que é realmente valioso para mim e que percebo que foi dado gratuitamente, então a gratidão espontaneamente cresce em meu coração, a felicidade espontaneamente cresce em meu coração. É assim que a gratidão acontece.

Bem, o segredo disso tudo é que nós não podemos vivenciar isso somente de vez em quando. Não podemos ter somente experiências de gratidão. Podemos ser pessoas que vivem em gratidão. Viver em gratidão, é isso que importa. E como podemos viver em gratidão? Vivenciando, estando ciente de que cada momento é um momento dado, como dizemos. É um presente. Você não fez por merecer. Você não o produziu de maneira nenhuma. Não há nenhum jeito de ter certeza de que haverá outro momento dado a você. E, mesmo assim, essa é a coisa mais valiosa que poderia ser dada a nós. Este momento, com todas as oportunidades que ele contém. Se não tivéssemos esse momento presente, não teríamos qualquer oportunidade de fazer coisa alguma, ou de vivenciar coisa alguma. E esse momento é um presente. É um momento dado, como dizemos.

Agora, dizemos que o presente dentro do presente é realmente a oportunidade. É pela oportunidade que você se sente realmente grato, não a coisa que lhe é dada, porque se aquilo fosse alguma outra coisa e você não tivesse a oportunidade de aproveitá-la, de fazer alguma coisa com ela, você não se sentiria grato por ela. Oportunidade é o presente dentro de todos os presentes, e nós temos um ditado: "A oportunidade só dá uma chance". Bem, pensem novamente. Cada momento é um novo presente, cada uma das vezes, e se você perder a oportunidade deste momento, outro momento nos é dado, e outro momento.Podemos nos beneficiar dessa oportunidade, ou podemos desperdiçá-la, e se nos beneficiarmos da oportunidade, essa é a chave para a felicidade. Observem a chave mestra para a nossa felicidade em nossas próprias mãos. Momento a momento, podemos ser gratos por esse presente.

Será que isso significa que podemos ser gratos por tudo? Certamente não. Não podemos ser gratos pela violência, pela guerra, pela opressão, pela exploração. No nível pessoal, não podemos ser gratos pela perda de um amigo, pela infidelidade, pela perda. Mas eu não disse que podemos ser gratos por tudo. Eu disse que podemos ser gratos em cada momento dado pela oportunidade, e mesmo quando somos confrontados com algo terrivelmente difícil, podemos nos levantar nessa ocasião e responder à oportunidade que nos é dada. Não é tão ruim como pode parecer. Na verdade, quando você observa e vivencia isso, você descobre que, na maioria das vezes, o que nos é dado é a oportunidade de aproveitar, e somente a desperdiçamos porque passamos pela vida com pressa e não paramos para ver a oportunidade.

Mas, às vezes, algo bem difícil nos é dado, e quando essa coisa difícil acontece conosco,é um desafio para se levantar à oportunidade, e podemos nos levantar a ela ao aprender uma coisa que, às vezes, é dolorosa. Aprender a ter paciência, por exemplo. Nós ouvimos que a estrada para a paz não é uma corrida de velocidade, mas é mais como uma maratona. É preciso paciência. É difícil. Pode ser para lutar pela sua opinião, lutar pela sua convicção. Essa é uma oportunidade que nos é dada. Para aprender, para sofrer, para lutar,todas essas oportunidade nos são dadas, mas elas são oportunidades, e aqueles que se beneficiam dessas oportunidades são os que nós admiramos. Eles fazem algo com a vida.E aqueles que falham recebem outra oportunidade. Nós sempre recebemos outra oportunidade. Essa é a maravilhosa riqueza da vida.

Então, como podemos encontrar um método que se aproveitaria disso? Como cada um de nós pode encontrar um método para viver em gratidão, não somente ser grato de vez em quando, mas ser grato em cada momento? Como podemos fazer isso? É um método muito simples. É tão simples, que é na verdade o que nos foi dito na infância, quando aprendemos a atravessar a rua. Pare. Olhe. Siga. Isso é tudo. Mas com que frequência nós paramos? Passamos pela vida com pressa. Nós não paramos. Perdemos a oportunidade porque não paramos. Temos que parar. Temos que nos aquietar. E temos que construir placas de "Pare" em nossas vidas.

Quando eu estava na África há alguns anos e depois voltei, eu reparei na água. Na África, onde eu estava, eu não tinha água potável. Toda vez que eu abria a torneira, eu ficava impressionado. Toda vez que eu acendia a luz, eu ficava tão grato. Eu ficava tão feliz. Mas depois de um tempo, isso passa. Então, eu coloquei pequenos adesivos nos interruptores e nas torneiras, e toda vez que eu abria, água. Então, deixem para sua própria imaginação. Vocês podem descobrir o que funciona melhor para vocês, mas vocês precisam de placas de "Pare" em suas vidas. E quando você para, a próxima coisa é olhar. Você olha. Você abre os olhos. Você abre seus ouvidos. Você abre seu nariz. Você abre todos os seus sentidos para essa maravilhosa riqueza que nos é dada. Não há um fim para isso, e é disso que se trata a vida, aproveitar, aproveitar o que nos é dado.

E assim podemos também abrir nossos corações, nossos corações para as oportunidades, para as oportunidades de também ajudar os outros, de fazê-los felizes, porque nada nos deixa mais felizes do que quando todos nós estamos felizes e quando abrimos nosso coração às oportunidades, as oportunidades nos convidam a fazer algo, e isso é o terceiro. Pare, olhe e depois siga, e faça realmente alguma coisa. E o que podemos fazer é o que quer que a vida lhe ofereça nesse momento presente. Na maioria das vezes, é a oportunidade de aproveitar, mas às vezes é algo mais difícil. Mas, seja o que for, se aproveitarmos essa oportunidade, apostarmos nela, nós somos criativos, essas são as pessoas criativas, e aquele pequeno "pare, olhe, siga", é uma semente tão potente que pode revolucionar nosso mundo. Porque precisamos, nós estamos, no momento presente, no meio de uma mudança de consciência, e você vai se surpreender se você -- Eu sempre fico surpreso quando escuto quantas vezes essa palavra "gratidão" e "agradecimento" aparece. Você a vê em todo lugar, uma companhia aérea grata, um restaurante grato, um café grato, um vinho que é grato. Sim, eu até me deparei com um papel higiênico cuja marca se chama "Obrigado". (Risos) Há uma onda de gratidão porque as pessoas estão ficando cientes da importância disso e como isso pode mudar o mundo. Pode mudar nosso mundo de maneiras imensamente importantes, porque se você é grato, você não tem medo, e se você não tem medo, você não é violento. Se você é grato, você age com um senso de suficiência e não um senso de escassez, e você está disposto a compartilhar. Se você é grato, você aprecia as diferenças entre as pessoas, e você respeita a todos, e isso altera esta pirâmide do poder sob a qual vivemos.



E isso não causa igualdade, mas causa respeito igual, e isso é que é importante. O futuro do mundo será uma rede, não uma pirâmide, não a pirâmide de ponta-cabeça. A revolução da qual estou falando é uma revolução pacífica, e é tão revolucionária que até revoluciona o próprio conceito de revolução, porque uma revolução normal é uma em que a pirâmide do poder fica de ponta-cabeça e aqueles que estavam na base, agora estão no topo e fazendo exatamente a mesma coisa que os outros faziam antes. O que precisamos é de uma rede de grupos menores, grupos cada vez menores que se conhecem, que interagem entre si, e isso é um mundo grato.

Um mundo grato é um mundo de pessoas alegres. Pessoas gratas são pessoas alegres, e pessoas alegres, quanto mais alegres são as pessoas, mais nós teremos um mundo alegre. Nós temos uma rede de vidas gratas, e elas se multiplicaram. Não conseguimos entender por que se multiplicaram. Nós temos oportunidades para as pessoas acenderem uma vela quando elas estão gratas por alguma coisa. E 15 milhões de velas já foram acesas em uma década. As pessoas estão ficando cientes de que um mundo grato é um mundo feliz, e todos temos a oportunidade pelo simples "pare, olhe, siga", de transformar o mundo, de torná-lo um lugar feliz. E é isso que eu espero para nós, e se isso contribuiu só um pouco para que vocês queiram fazer o mesmo, parem, olhem e sigam.

Obrigado.



quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Invejosos economizam mais!

Nunca menospreze o poder da inveja, para o mal e para o bem, conforme mostra  matéria curiosa publicada no Território Eldorado em 09/10/13:

Usando a inveja, empresa economiza milhões em contas de luz

Giovanni Tonussi

Você sabia que seus vizinhos estão economizando mais energia que você? Pois é, enquanto você ainda pena para desligar a luz enquanto está fora do quarto, e não tira o carregador da tomada, eles já estão diminuindo a conta de luz.

Na verdade, essa informação não passa de um bilhete dado aos participantes de uma pesquisa. Há cerca de dez anos, o sociólogo Robert Cialdini separou quatro grupos de pessoas, e enviou um bilhete a cada um deles. Três levavam mensagens como “Salve o Planeta”, ou “Seja um Bom Cidadão”, mas nenhuma delas teve um resultado positivo. Apenas o grupo que recebeu o bilhete sobre os vizinhos se sentiu motivado a gastar menos eletricidade.

Pensando nisso, uma empresa chamada Opower resgatou esses dados e resolveu montar uma conta de luz diferente. Nela, os dados de todos os vizinhos são divulgados através de um gráfico, e aquele que economiza mais fica em destaque. Os outros recebem dicas de como melhorar, ou seja, o verdadeiro prêmio de consolação que ninguém gosta.

A Opower já atua em seis países, sempre gerando economia apenas por mudar o design das contas. Eles calculam que já foram economizados mais de US$250 milhões com essa iniciativa.

E você, vai deixar seu vizinho ganhar essa?



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Papa quer torcida de adoradores extravagantes

Para os adeptos da assim chamada "adoração extravagante", fenômeno que andava meio esquecido pelo nome, mas continua em alta em muitas igrejas evangélicas brasileiras (além dos católicos carismáticos), uma declaração do papa Francisco deve tê-los reconfortado.

Na sua homilia durante a missa matinal realizada ontem, 27 de janeiro de 2014, na Casa de Santa Marta, no Vaticano, ao comentar o texto bíblico em que Davi vai dançando à frente da Arca da Aliança (2ª Samuel 6:13-16), não por acaso o preferido por aqueles que pregam que "vale qualquer coisa" para louvar a Deus, o papa Francisco disse que "Davi dançava com todas as forças diante do Senhor".

Acrescentou que que essa imagem alegre da Bíblia mostra que todo o povo estava em festa porque a Arca regressava à sua casa.

O louvor de Davi, segundo o papa, "o levou a deixar toda compostura de lado e a dançar diante do Senhor com todas as forças", concluindo que esta "era precisamente a oração de louvor".

Então, o pontífice recordou a história de Sara, que - numa tradução católica um tanto quanto liberal de Gênesis 21:6 ("Deus me tem feito riso") - teria "dançado de alegria diante do Senhor".

Com essa imagem recorrente em mente, o papa observou que "a nós é fácil entender a oração para pedir alguma coisa ao Senhor, e também para agradecer ao Senhor, mas devemos também entender a oração de louvor, de adoração, o que não é tão difícil". E -imaginando um diálogo fictício com um fiel tradicionalista reticente - acrescentou:
"Mas, padre, isso é para aqueles da Renovação Carismática, não para todos os cristãos!". Não, a oração de louvor é uma oração cristã para todos nós. Na missa, todos os dias, quando cantamos o Santo... esta é uma oração de louvor: louvamos a Deus por sua grandeza, porque é grande! E lhE dizemos coisas bonitas, porque gostamos que seja assim. "Mas, padre, eu não sou capaz... eu devo...". Mas você é capaz de gritar quando teu time de futebol faz um gol e não é capaz de cantar os louvores ao Senhor? É difícil sair um pouco de sua contenção para cantar isto? Louvar a Deus é totalmente gratuito. Não pedimos, não agradecemos: louvamos!
Entretanto, no nosso modesto ponto de vista, a comparação da oração, ou da adoração, com o comportamento de uma torcida de futebol, ainda que faça certo sentido no raciocínio peculiar e inconcluso do papa, é perigosa quando percebemos que muitos fiéis das mais diferentes denominações têm um comportamento de torcida organizada quando se trata de defender sua placa de igreja ou seu líder, conforme já comentamos aqui em dezembro de 2009, no artigo "Torcedores brahmeiros e igrejeiros".

Comparações como essas, jogadas ao léu, podem até ser ferramentas de embelezamento e popularização de um discurso (para não dizer que são sofismas), mas dificilmente resistem a um melhor escrutínio e tampouco apontam para o céu.

Agora o que vai ter de gente pegando carona na adoração extravagante futebolística do papa não é brincadeira! Seguuuuuuura, peão!

A fonte das informações acima é o Religión Digital.



terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Empregado assediado por suspeita de ser gay é indenizado

Essa é uma daquelas histórias absurdas que acontecem por aí, com as mais variadas formas de assédio moral e sexual, além do preconceito, que merecem ser divulgadas para que o cidadão conheça seus direitos.

A notícia é do TST:

Transtorno desenvolvido por assédio sexual é considerado doença ocupacional

A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho reconheceu como doença profissional o transtorno obsessivo compulsivo (TOC) que acometeu o caixa de um supermercado de Porto Velho (RO), devido ao assédio sexual e moral que sofreu na empresa. A doença foi desencadeada porque um subgerente perseguiu o trabalhador dizendo que ele era homossexual e provocando situações constrangedoras.

"Você não fala fino, não anda rebolando, não parece ser gay, mas você é... fala logo que é e eu não conto para ninguém", era frase que o empregado ouvia com frequência. Por dois anos sofrendo de insônia e sem conseguir dormir sequer algumas horas durante seis meses, ele comunicou a situação à empresa. Demitido sob alegação de baixo rendimento, procurou um psiquiatra que constatou a doença.

Com dor intensa e ininterrupta nos dedos, mãos e braço, tinha paralisias temporárias, esquecimentos e surtos de agressão ao próprio corpo. O médico diagnosticou ainda insônia, visão de vultos, vozes, pesadelos, tremores, dores de cabeça e tiques nervosos, que passaram a ser controlados por remédios de tarja preta. O trabalhador relatou ainda que, devido ao tratamento controlado, seu estado orgânico fica alterado, deixando-o tonto, lerdo e sem condições sequer de falar com facilidade.

O supermercado foi condenado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (RO) a pagar indenização por danos morais, no valor de 50 salários mínimos (equivalente hoje a R$ 36.200,00), a ser atualizado na época do pagamento. No entanto, considerou que o TOC não é doença profissional, pois não está no rol de doenças constantes nos incisos I e II do artigo 20 da Lei 8.213/91.

TST

Para o relator do recurso no TST, juiz convocado José Maria Quadros de Alencar, não há dúvida de que o transtorno, no caso, "trata-se de doença adquirida em função da atividade exercida em ambiente de trabalho inadequado e hostil". Ele explicou que ficou caracterizada a prática de assédios moral e sexual por um dos subgerentes do supermercado, "que nada mais é que um dos seus prepostos".

Na avaliação do relator, a doença é resultado de condições especiais do ambiente em que o trabalho era executado, equiparando-se a acidente do trabalho, nos termos do parágrafo 2º do artigo 20 da Lei 8.213/91. Acrescentou ainda que, conforme o artigo 932, inciso III, do Código Civil, o empregador responsabiliza-se diretamente pelos atos praticados por seus prepostos.

Com a decisão do TST, o processo retornará ao TRT da 14ª Região (RO) para que analise o pedido feito pelo trabalhador de recebimento de pensão mensal e garantia provisória no emprego, garantidos pela Lei 8.213/91, no caso de doença profissional equiparada a acidente de trabalho.

Assédio constante

Na reclamação trabalhista, o empregado contou que fazia serviços de zeladoria para a empresa, quando, em 2002, lhe solicitaram o currículo. Já durante a entrevista de admissão para a função de caixa, estranhou algumas perguntas realizadas pelo subgerente, inclusive se era homossexual. Foi, segundo ele, o início de um longo período de constrangimentos e humilhações.

Um dos episódios aconteceu enquanto conferia preços no supermercado. Segundo ele, o subgerente aproximou-se e começou a aspirar seu perfume, junto ao pescoço, o que fez com que ele saísse bruscamente de perto, com raiva e constrangimento. Os assédios ocorriam, em sua maioria, durante conversas particulares, em que ele sofria coações morais quanto à sua sexualidade.

O trabalhador afirmou ainda que, sempre que tinha essas atitudes, o chefe dizia para que ele não contasse para ninguém, fazendo pressões psicológicas. Até que um dia, apesar de sentir vergonha, ira, ansiedade e medo de perder o emprego, o caixa falou dos constrangimentos que sofria a alguns colegas, que disseram já saber de desses episódios, pois o próprio subgerente comentava com os demais, com ironia.

(Lourdes Tavares/CF)

Processo: número não divulgado para garantia de preservação da parte envolvida.




segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Pomba libertada pelo papa é atacada por gaivota e corvo



É... a vida não tá fácil pra ninguém!

Na sua tradicional pregação pública do Angelus, no domingo, 26/01/14, acompanhado por crianças o papa Francisco libertou duas lindas pombas brancas.

Até aí, nenhuma novidade, já que o gesto é muito comum mundo afora.

O que ninguém esperava é que - assim "do nada" - aparecessem uma gaivota e um corvo para atacar as duas aves recém-liberadas.

A pobrezinha atacada pela gaivota só perdeu algumas penas, mas a outra perseguida pelo corvo levou muitas bicadas e não se sabe o seu destino.

Veja a sequência da "batalha aérea" nas fotos abaixo.

Teria sido esse insólito acontecimento algum sinal dos céus?







domingo, 26 de janeiro de 2014

Infância não é carreira e filho não é troféu


Matéria interessante - com título perfeito e insubstituível - inspirada em artigo do The Huffington Post, traduzida e adaptada pelo portal Sim, Toda Criança Pode Aprender:

Infância não é carreira e filho não é troféu

Nesse mundo contemporâneo, ter, ser, saber, parecem fazer parte de uma competição. Nesse mundo, alguns pais e algumas mães acabam acreditando que é preciso que seus filhos saibam sempre mais que os filhos de outros. E isso sim seria então sinal de adequação e o mais importante: de sucesso.

O que uma criança deve saber aos 4 anos de idade? Essa foi a pergunta feita por uma mãe, em um fórum de discussão sobre educação de filhos, preocupada em saber se seu filho sabia o suficiente para a sua idade.

Segundo Alicia Bayer, no artigo publicado em um conhecido portal de notícias americano – The Huffington Post -, o que não só a entristeceu mas também a irritou foram as respostas, pois ao invés de ajudarem a diminuir a angústia dessa mãe, outras mães indicavam o que seus filhos faziam, numa clara expressão de competição para ver quem tinha o filho que sabia mais coisas com 4 anos. Só algumas poucas indicavam que cada criança possuía um ritmo próprio e que não precisava se preocupar.

Para contrapor às listas indicadas pelas mães, em que constavam itens como: saber o nome dos planetas, escrever o nome e sobrenome, saber contar até 100, Bayer organizou uma lista bem mais interessante para que pais e mães considerem que uma criança deve saber.

Veja alguns exemplos abaixo:

  • Deve saber que a querem por completo, incondicionalmente e em todos os momentos.
  • Deve saber que está segura e deve saber como manter-se a salvo em lugares públicos, com outras pessoas e em distintas situações.
  • Deve saber seus direitos e que sua família sempre a apoiará.
  • Deve saber rir, fazer-se de boba, ser vilão e utilizar sua imaginação.
  • Deve saber que nunca acontecerá nada se pintar o céu de laranja ou desenhar gatos com seis patas.
  • Deve saber que o mundo é mágico e ela também.
  • Deve saber que é fantástica, inteligente, criativa, compassiva e maravilhosa.
  • Deve saber que passar o dia ao ar livre fazendo colares de flores, bolos de barro e casinhas de contos de fadas é tão importante como praticar fonética. Melhor dizendo, muito mais importante.


E ainda acrescenta uma lista que considera mais importante. A lista do que os pais devem saber:

  • Que cada criança aprende a andar, falar, ler e fazer cálculos a seu próprio ritmo, e que isso não tem qualquer influência na forma como irá andar, falar, ler ou fazer cálculos posteriormente.
  • Que o fator de maior impacto no bom desempenho escolar e boas notas no futuro é que se leia às crianças desde pequenas. Sem tecnologias modernas, nem creches elegantes, nem jogos e computadores chamativos, se não que a mãe ou o pai dediquem um tempo a cada dia ou a cada noite (ou ambos) para sentar-se e ler com ela bons livros.
  • Que ser a criança mais inteligente ou a mais estudiosa da turma nunca significou ser a mais feliz. Estamos tão obstinados em garantir a nossos filhos todas as “oportunidades” que o que estamos dando são vidas com múltiplas atividades e cheias de tensão como as nossas. Uma das melhores coisas que podemos oferecer a nossos filhos é uma infância simples e despreocupada.
  • Que nossas crianças merecem viver rodeadas de livros, natureza, materiais artísticos e a liberdade para explorá-los. A maioria de nós poderia se desfazer de 90% dos brinquedos de nossos filhos e eles nem sentiriam falta.
  • Que nossos filhos necessitam nos ter mais. Vivemos em uma época em que as revistas para pais recomendam que tratemos de dedicar 10 minutos diários a cada filho e prever um sábado ao mês dedicado à família. Que horror! Nossos filhos necessitam do Nintendo, dos computadores, das atividades
  • extraescolares, das aulas de balé, do grupo para jogar futebol muito menos do que necessitam de nós. Necessitam de pais que se sentem para escutar seus relatos do que fizeram durante o dia, de mães que se sentem e façam trabalhos manuais com eles. Necessitam que passeiem com eles nas noites de primavera sem se importar que se ande a 150 metros por hora. Têm direito a ajudar-nos a fazer o jantar mesmo que tardemos o dobro de tempo e tenhamos o dobro de trabalho. Têm o direito de saber que para nós são uma prioridade e que nos encanta verdadeiramente estar com eles.


Então, o que precisa mesmo – de verdade – uma criança de 4 anos?

Muito menos do que pensamos e muito mais!

Para ver o artigo completo, clique aqui.



sábado, 25 de janeiro de 2014

Humorista muçulmano testa os limites da tolerância religiosa na França


A estranha combinação de humor islâmico com católicos fundamentalistas da extrema direita assombra os franceses, segundo informou o Estadão em 12/01/14:

Humorista francês une islamistas e extrema direita

Piadas antissemitas e ridicularizando Holocausto transformaram Dieudonné M'Bala M'Bala em líder de radicalismos antagônicos

Andrei Netto

Em suas apresentações, sempre lotadas, ele prega o antissemitismo e opera um milagre: reúne um público que vai de fascistas a islamistas, unidos pelo ódio aos judeus - ou pelo direito de rir sobre qualquer assunto.

Dieudonné ganhou fama nos anos 90, quando suas piadas batiam firme em Jean-Marie Le Pen, à época presidente da Frente Nacional (FN), maior partido de extrema direita da França. Popular, chegou a se candidatar a deputado em 1997 e 2001, sempre com bandeiras antifascistas e até ambientalistas, além da defesa da minoria negra do país, da qual foi líder ao promover a Marcha dos Povos Negros da França, em 2000.

Mas seus alvos logo mudariam, para a surpresa do grande público e da imprensa. A partir de 2002, Dieudonné passou a adotar em seu repertório, sem razão aparente, piadas que sugeriam a negação do Holocausto e o antissemitismo, a denúncia do que chama de "lobby americano-sionista" e o apoio indireto ao extremismo islâmico.

Não bastasse, ele se aproximou da família Le Pen, aparecendo em público com Jean-Marie, a quem passou a apoiar. O extremista, argumentou o ator, "estende a mão aos franceses de origem estrangeira, e mais particularmente aos estrangeiros de origem africana". Em 2008, a aproximação os tornaria íntimos, quando o líder da Frente Nacional foi convidado a ser padrinho do filho do humorista, batizado em uma abadia católica ultraconservadora.

Nessa época, o ator já havia multiplicado declarações em favor de Mahmoud Ahmadinejad, ex-presidente do Irã, apoiado o grupo xiita libanês Hezbollah e o ditador da Síria, Bashar Assad, e até elogiado Osama bin Laden. Em 2012, chegou ao ápice de sua transformação ao tentar apresentar no Festival de Cinema de Cannes um filme denominado O Antissemita, barrado pelos organizadores.

"Dieudonné deixou o mundo dos humoristas e entrou no da política", afirmou ao jornal Le Monde o produtor cultural Alain Degois, que acompanhou o início de sua carreira. "É um humorista que mergulhou nas sombras", confirma François Rollin, também humorista e ator, que se distanciou do colega. "Hoje, é preciso proibi-lo de se apresentar. A liberdade de expressão não justifica tudo."

Foi a essa luta que o governo da França se lançou nessa semana. Em uma ofensiva legal contra o humorista, o Ministério do Interior acusou Dieudonné de incitar o ódio racial por divulgar o antissemitismo em seus shows, decidindo proibi-los.

Sua nova turnê, "O Muro", que entraria em cartaz na quinta-feira em Nantes, foi alvo de uma ordem circular que orientou cidades e departamentos de todo o país a proibirem a realização dos shows. A pressão surtiu efeito: no sábado, Dieudonné anunciou que renunciaria aos espetáculos.

A decisão foi tomada porque em suas mais recentes apresentações, já realizadas no Teatro La Main d'Or, em Paris, Dieudonné voltou a lamentar o fim do Holocausto e das câmaras de gás e a menosprezar os símbolos judeus. "Eu urinei no Muro das Lamentações", afirmou o ator em um de seus espetáculos, referindo-se ao local mais sagrado para os judeus. Sobre o jornalista Patrick Cohen, judeu, Dieudonné insinuou: "Quando eu ouço falar de Patrick Cohen, eu me digo: 'As câmaras de gás… Que pena'".

Além usar judeus e sionistas como seus alvos preferidos, o ator vem reforçando sua proximidade com a extrema direita. Dieudonné elogia personalidades fascistas, como o marechal Philippe Pétain, responsável pelo armistício com a Alemanha na Segunda Guerra, que resultou na ocupação da França e em um gabinete de extrema direita que colaborava com os nazistas. "No que diz respeito a presidentes, eu parei em Pétain. Eu gostava dele, porque ao menos via o que era justo", diz.

Seu percurso "artístico", porém, continuou a agregar admiradores até os últimos dias de 2013, quando o ministro do Interior, Manuel Valls, manifestou a intenção de impedir as exibições do ator. "Esses espetáculos não têm nada de criação artística", argumentou o ministro, classificando-o de "profundamente antissemita" em entrevista ao Journal du Dimanche. Também o presidente François Hollande mergulhou na polêmica, pedindo que "os prefeitos sejam vigilantes e inflexíveis" sobre a proibição.

A iniciativa, porém, provocou manifestações de desagravo. Em solidariedade ao ator, Nicolas Anelka, ex-centroavante da seleção da França - banido por sua indisciplina e desprezo pelos símbolos nacionais - não hesitou em reproduzir em campo, na Grã-Bretanha, a chamada "quenelle", um gesto fascista semelhante à saudação nazista, mas feito sobre o braço.

Apesar da ofensiva jurídica, o ator segue popular. Embora 71% dos franceses o rejeitem, 16% afirmam "ter uma boa imagem" de Dieudonné.

"Os espectadores não são antissemitas e têm consciência política, têm suas religiões e suas próprias visões críticas da história", assegura Jean-Louis Dupont, um de seus admiradores.



sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Orkut faria 10 anos hoje

No dia 24 de janeiro de 2004, iniciava sua aventura na internet o orkut, uma rede social antes de que este tipo de serviço viesse a ser conhecido como "rede social".

O título deste artigo utiliza o condicional "faria" não porque o orkut não exista mais, mas porque ele, de certa forma, morreu para a maioria dos usuários que, por vários anos, navegaram por suas páginas, conheceram pessoas, discutiram em suas comunidades, fizeram novos amigos e tiveram relacionamentos - os mais variados - que nasceram e se romperam ao sabor do gosto de novidade que o portal representava.

Quando o turco Orkut Büyükkökten, engenheiro do Google, criou a rede que leva seu nome, provavelmente não imaginava o sucesso que ele alcançaria.

Ali por volta de 2005, convites para o orkut (então uma rede fechada) eram disputados a tapa. Talvez este tenha sido o segredo para o seu sucesso, afinal todo mundo se perguntava o que havia de tão especial ali para que as pessoas se digladiassem por um lugar ao sol de Orkut.

Contemporâneo de outras redes sociais como myspace e facebook, além de tantas outras que ficaram no limbo da história, o orkut não conseguiu se reinventar, ou - talvez - não quis evoluir.

Passou-se o tempo e o portal foi consumido por vírus embutidos naqueles gifs sentimentaloides de gosto duvidoso, e o facebook aos poucos se impôs à antiga rede, que ainda ficou muito popular por alguns anos em dois grandes países do mundo, no sentido populacional: Brasil e Índia.

Aliás, o orkut nunca foi tão popular em outros países como era no Brasil e na Índia, os grandes responsáveis pelo seu sucesso a nível global.

Este fôlego emergente de parte dos BRICS não foi suficiente para manter a vitalidade do orkut, condenado que foi à morte pelo seu proprietário, o Google, que o abandonou à própria sorte.

Ainda existe muita gente que acessa o orkut, sobretudo nas comunidades especializadas sobre futebol e séries de TV. Um submundo insiste em resistir ali. 

Às barricadas, portanto!

O facebook venceu, mas já surgem sinais de que ele pode estar tomando o mesmo caminho do finado orkut. Sobre isso falaremos daqui a alguns dias, mas quem viver, verá!



quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Justin Bieber é preso por tirar racha bêbado

As notícias são um tanto quanto desencontradas ainda, mas quando uma fonte do porte do The Boston Globe informa algo assim, deve ter seu fundo de verdade.

Segundo o jornal americano, uma van com vidros escuros estaria transportando o popstar Justin Bieber a uma penitenciária no sul da Flórida, nos Estados Unidos.

A razão para a prisão do cantor canadense teria sido o fato dele estar dirigindo bêbado em Miami e ao mesmo tempo tirando um "racha" com Khalil, um conhecido dançarino e cantor de rhythm & blues e hip hop.

Os dois teriam sido presos na madrugada desta quinta-feira, 23/01/14, quando Biber pilotava uma Lamborghini tirando um "pega" com Khalil, que dirigia uma Ferrari.

Não é de hoje que Justin Bieber vem apresentando um comportamento alterado, segundo dizem portais especializados em celebridades.

Pairava sobre ele, inclusive, a ameaça de ser deportado dos Estados Unidos (já que tem cidadania canadense), após ter atirado ovos na casa de um vizinho, ocasião em que foi encontrada cocaína em sua residência, segundo ele pertencente ao rapper Lil Za, que foi detido naquela oportunidade.

A hipótese de deportação foi descartada na semana passada porque o crime de vandalismo tem um menor poder ofensivo e não teria o condão de fazer o astro perder seu visto de trabalho no país.

Conhecido também por sempre invocar sua origem cristã e, segundo alega, promover valores evangélicos (conforme comentamos aqui em abril de 2011 no artigo "Do Jesus hippie a Justin Bieber"), o precoce ídolo teen parece - infelizmente - ter sucumbido à rotineira espiral descendente da indústria do entretenimento pop, que engole seus ídolos com a mesma rapidez que os fabrica.

É esperar para ver se ele sai dessa. Esperamos que sim!

A foto que ilustra esta matéria foi tirada pela polícia de Miami Beach.



D. Odilo Scherer fala sobre sua demissão do Banco do Vaticano

Em entrevista à Folha de S. Paulo publicada hoje, 23/01/14, o cardeal-arcebispo de São Paulo, D. Odilo Scherer, fala sobre sua demissão da administração do Banco do Vaticano, decidida pelo papa Francisco alguns dias atrás, além de outros temas como os "rolezinhos" e o humor do grupo satírico Porta dos Fundos:

Dom Odilo diz não ter ligação com desvios do banco do Vaticano

BERNARDO MELLO FRANCO


Na primeira entrevista desde que foi afastado da comissão que supervisiona o banco do Vaticano, o cardeal Odilo Scherer afirmou na quarta-feira (22) à Folha que não tinha conhecimento de fraudes ou desvios de dinheiro da Santa Sé.

O arcebispo de São Paulo se disse injustiçado pela associação entre os escândalos financeiros na Igreja e as mudanças no IOR (Instituto para as Obras da Religião), determinadas na semana passada pelo papa Francisco.

Segundo dom Odilo, as trocas são "normais" e eram esperadas com a posse de um novo pontífice. Em fevereiro de 2013, ele e outros quatro cardeais haviam sido nomeados pelo papa Bento 16 para novo mandato de cinco anos.

O arcebispo também falou sobre os "rolezinhos" nos shoppings de São Paulo. Ele disse que "criminalizar o fenômeno não é a solução".

Folha - O sr. se surpreendeu com a decisão do papa que o afastou do banco do Vaticano?
Dom Odilo - Não. São cargos de confiança, e o papa decidiu mudar. Mudou o secretário de Estado, era a coisa mais natural que mudasse a equipe. O fato de os cardeais da antiga comissão terem sido confirmados para mais cinco anos é absolutamente natural. Mas o papa Bento 16 renunciou, e daí para a frente as coisas mudam.

A repercussão o incomodou?
Eu me surpreendi. Não esperava essa repercussão. Me surpreendi também com a facilidade com que se deduzem coisas a partir de informações totalmente inverídicas. Isso me surpreendeu muito.

O sr. acha que a decisão do papa Francisco de mudar o conselho foi associada aos escândalos na igreja?
Acho que foi feita injustificadamente uma associação entre uma coisa e outra. Foi uma decisão autônoma e soberana do papa. Não tenho nada a dizer, só a agradecer.

Estou absolutamente tranquilo com as mudanças. Elas estão acontecendo em toda a Santa Sé. São absolutamente normais quando há mudança de governo, como acontece também nos governos civis.

O quadro de descontrole nas finanças da igreja é real?
O controle sobre o IOR não está começando agora. O papa Bento 16 já havia baixado ordens para adequar a gestão às normas de transparência, às questões de contas obscuras, lavagem de dinheiro.

É um esforço que vem de mais tempo e que deve ser constante. Onde há dinheiro, há tentação. A gestão dos recursos da igreja deve receber atenção para que não haja nenhuma desonestidade.

Mas isso de fato existiu?
Eu não tenho conhecimento. O que sei é que há um controle muito mais severo quanto à abertura de contas, a movimentação de capitais.

Não é de agora que existem rusgas em relação ao IOR. Há alguns anos, houve a apreensão de alguns milhões de euros pelo Banco Central da Itália. Depois a Justiça liberou o dinheiro porque não havia irregularidade, era uma venda de patrimônio. O triste é que foi feito alarde de que houve lavagem de dinheiro, de que o IOR estava procedendo como um paraíso fiscal.

Não estou dizendo que não haja fatos. É preciso verificar, e é o que está sendo feito.

A comissão que o sr. integrava não tinha este papel?
A comissão de cardeais é um grupo nomeado pelo papa com finalidade muito específica, não tem funções de gerenciamento. Não toma parte na gestão ou na administração de fundos.

É um acompanhamento à distância. Os cardeais moram fora de Roma. Como podem acompanhar a gestão? Atribuir a eles essa responsabilidade é absolutamente falso.

O sr. se inclui?
Claro. Também me incluo. Não tinha nenhuma função de gestão, de administração. Pelo amor de Deus. Aqui de São Paulo, como eu poderia ajudar a administrar o IOR?

Passando a temas da cidade, qual é sua avaliação sobre os "rolezinhos" nos shoppings?
É um fenômeno muito novo para se avaliar. Me parece uma manifestação tipicamente adolescente. Os jovens tentam demarcar sua presença, chamar a atenção sobre si, medir seus limites.

Por outro lado, pode revelar certo estresse dos adolescentes, que não têm espaços de lazer. As manifestações incomodam, podem provocar algum desconforto, mas devem ser administradas com sabedoria e tranquilidade.

O fenômeno pode se tornar algo maior? A PM deve intervir, como querem os shoppings?
O fenômeno deve ser olhado como tal. Evidentemente, pode ser manipulado, desviado da sua espontaneidade juvenil. Quando há atos de vandalismo, deve intervir quem tem a atribuição de zelar pela segurança e pelo patrimônio. Mas criminalizar o fenômeno não é a solução.

No Natal, o sr. se envolveu em polêmica ao criticar um vídeo dos humoristas do Porta dos Fundos de temática religiosa.
Eu manifestei uma opinião, exerci meu direito de livre expressão. Não penso ter ofendido ninguém por isso.

Católicos defenderam o boicote de anunciantes ao grupo. O sr. aconselharia o mesmo?
É legítimo. Eu aconselharia. O que de alguma forma significa ofensa, vilipêndio ou desprezo ao que eu tenho por sagrado, eu não devo apoiar. Seria contraditório.

No conclave de 2013, o sr. foi apontado como um dos favoritos a virar papa. Sentiu-se pressionado antes da eleição?
Procurei ficar tranquilo, sereno. Alguém cria um factoide e todos correm atrás... era uma cotação que de repente não era tão real, né?

O conclave foi uma experiência muito bonita. Naturalmente, não estou autorizado a falar. Mas, em uma palavra, foi muito diferente do que se relatou externamente.



quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Como as crianças judias desenharam o holocausto


O portal Canna Club publicou uma série de desenhos feitos pelas crianças judias que passaram pelo horror do holocausto.

Muitas delas não sobreviveram ao terrível sofrimento físico e emocional que o genocídio perpetrado pelos nazistas lhes causou.

Alguns desenhos sobreviveram ao terror e ao tempo, e são marcados pela dor:




Veja mais desenhos no Canna Club ou no Treta.



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

TV Record lançará novela que tem incesto como tema

A TV do bispo, aquela para cuja aquisição milhares de incautos contribuíram com seu patrimônio pessoal acreditando que a rede (que passou para o bolso do bispo) teria a nobre missão de promover valores cristãos, lançará em 2014 uma novela em que o incesto é protagonista, além de otras cositas más...

E durma-se com um chapéu de burro desses...

A informação é do ntv Notícias da TV:


Protagonista de novela da Record irá seduzir a própria irmã

GILVAN MARQUES

Protagonista da próxima novela da Record, Vitória, o ator Bruno Ferrari interpretará um personagem paraplégico que e irá seduzir e se apaixonar pela própria irmã. Tema delicado para a teledramaturgia, o tabu do incesto será abordado pela trama de Cristianne Fridman, mesma autora de Vidas em Jogo (2011).

“Artur ama e é amado pelo pai, mas sofre um acidente de cavalo aos 12 anos, fica paraplégico e se sente rejeitado por este pai. Ele e sua mãe, Clarice, vão embora do haras”, antecipa Cristianne Fridman ao Notícias da TV.

“Artur volta já homem feito para se vingar do pai. O pai dele se casou novamente e teve dois filhos. Artur seduz sua meia irmã Diana para que o pai sofra com o tabu do incesto. No entanto, o que ele não poderia esperar: Artur se apaixona por Diana e terá que escolher entre a vingança de um menino magoado ou o amor de um homem por Diana”, completa a autora.

Vitória terá um elenco enxuto, com 48 personagens _quase a metade de Amor à Vida, da Globo, que possui 90. Ainda não está definida a atriz que interpretará Diana.

A Record estuda a possibilidade de gravar algumas cenas do primeiro capítulo no exterior, mas na América Latina. Substituta de Pecado Mortal, de Carlos Lombardi, Vitória tem 180 capítulos previstos. A estreia está prevista para abril ou maio.



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Bispa metodista unge cardeal católico de Boston


Um fato inusitado aconteceu durante uma celebração ecumênica na Igreja Metodista Unida de Sudbury, Massachussets, nos Estados Unidos, no domingo, 12 de janeiro de 2014.

O atual cardeal de Boston, Sean O'Malley, foi convidado para pregar na igreja de Sudbury, com o fim de comemorar os 50 anos da visita de seu antecessor, Richard Cushing, àquela mesma igreja, convidado que foi a pregar pelos metodistas em plenos ventos ecumênicos do Concílio Vaticano II.

A visita de Cushing se deu numa época em que era grande a tensão entre católicos e protestantes nos Estados Unidos, quando não havia se usava tanto o termo "evangélico" para os não-católicos, e - por ser uma região de forte influência irlandesa - ainda havia uma espécie de "importação" do conflito que continua dividindo até hoje a Irlanda do Norte.

Nesse contexto, o cardeal O'Malley compareceu à igreja metodista de Sudbury, relembrando as dificuldades de convivência 50 anos atrás, e chamando todos os presentes, católicos e metodistas, à unidade diante do que ele chamou de uma "nova polaridade: crentes e descrentes".

Ao término da cerimônia, o cardeal O'Malley se postou ao lado da bispa local, Anne Robertson, e ambos passaram a ungir os fiéis que saíam da igreja com o gesto de uma cruz na testa de cada um,  instando a todos que renovassem os votos do batismo.

A surpresa ocorreu quando o cardeal pediu que a bispa Robertson fizesse o mesmo com ele, ungindo-o com água benta, conforme mostra a foto que ilustra este artigo.

A bispa metodista disse ao The Huffington Post que ela se sente "agradecida por todas as vezes em que as pessoas podem olhar além daquilo que as divide e enxergar a nossa humanidade comum - e neste caso a nossa fé comum".

A repercussão do gesto de O'Malley gerou diferentes reações: de entusiasmo pela prática ecumênica à reprovação escancarada por católicos fundamentalistas, muito em função do sacerdócio feminino que existe entre os metodistas americanos desde 1956.

Entretanto, o cardeal de Boston se justificou citando Gálatas 3:28 - "Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus".



domingo, 19 de janeiro de 2014

Como conciliar ciência, razão, criatividade e intuição?

Entrevista interessante do francês Michel Paty, físico e filósofo da ciência, concedida ao Ciência Hoje:

A ciência criativa

Físico-filósofo francês aborda discussão sobre o papel da criatividade e da intuição, orientadas pela racionalidade, na produção científica. Para ele, entender o processo da descoberta pode ser o maior desafio da filosofia da ciência.

Marcelo Garcia

Como surge a descoberta científica? Qual a sua origem? E qual o papel da criatividade nesse processo, no próprio avanço da ciência? Tais indagações, que inquietam e instigam a filosofia da ciência, certamente não têm respostas fáceis ou definitivas, mas podem ajudar a expandir nosso entendimento sobre o próprio fazer científico e sobre a trajetória da ciência nos últimos séculos. Para o físico, filósofo e historiador da ciência francês Michel Paty, diretor de pesquisa emérito do Centro Nacional para a Pesquisa Científica (CNRS, do francês), há na ciência lugar para a invenção e a intuição, orientadas pela racionalidade.

Em palestra no Colégio Brasileiro de Altos Estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o francês abordou, em um português simpático e cheio de sotaque, as mudanças no entendimento filosófico sobre a ciência nos últimos 200 anos. Ele recordou as inovações da ciência que ainda no século 19 afrouxaram o laço entre matemática e natureza, mostrando a distância entre experiência e abstração teórica.

Naquela época, criações como a geometria não euclidiana, que não corresponde à ‘evidência’, e teorias físicas matematizadas e abstratas em eletricidade e magnetismo teriam tornado mais claro o papel da invenção na construção da ciência, segundo Paty. “Apesar disso, na segunda metade do século 20, a concepção da ciência continuava a se basear, de maneira dominante, nas ideias herdadas do empirismo lógico, e a filosofia não estudava, em geral, o processo de descoberta, que ainda parecia dominado pela subjetividade e alheio à racionalidade”, afirmou.

Apesar dessa predominância, o francês destacou que a aproximação entre criatividade e processo científico foi estudada por grandes cientistas e filósofos do século 20 – em especial dois deles, Henri Poincaré e Albert Einstein, cujos trabalhos estudou ao longo da carreira. “Ambos concebiam a descoberta de novidades relacionadas ao conhecimento objetivo como fruto da capacidade de invenção da mente, baseada numa intuição racional que escapa às formas usuais do raciocínio, como a dedução lógica”, disse. “Dessa forma, mesmo que nem sempre seja possível observar as linhas de raciocínio, chega-se a um resultado racional”, analisou.

Nesse contexto, a invenção teria seu lugar assegurado na ciência. Fundamental, a criatividade seria, sim, pessoal (relacionada ao pensamento de sujeitos individuais), mas orientada pela racionalidade – que, por sua vez, não se identifica com a pura e simples lógica. Segundo Paty, essa criatividade seria parte fundamental do processo de elaboração dos conhecimentos científicos e deve ser levada em conta tanto pela filosofia quanto pela história da ciência.

Confira uma entrevista concedida à CH On-line pelo físico e filósofo francês:

CH On-line: O senhor é físico e filósofo, duas áreas que buscam compreender o mundo. Há uma relação natural entre elas?
Paty: Esses dois campos sempre foram próximos. Desde a Antiguidade, muitos físicos, muitos cientistas também eram filósofos, se debruçavam sobre as questões do mundo pelas duas vias. Foi só a partir do século 18 que essa separação começou a aparecer de maneira nítida, aliás, proposital, para assegurar a autonomia da ciência e da filosofia. Mas ela não é total. Se tomarmos o exemplo da cosmologia contemporânea, é impossível negar as questões filosóficas que a área suscita. A constituição da matéria, a presença da vida no universo, o surgimento de uma inteligência como a nossa nesse universo tão grande, a dúvida sobre estarmos sozinhos nele... São questões naturais, que se originam da nossa própria capacidade de indagação, tão própria da ciência.

Houve uma época em que me dediquei totalmente à física, especialmente ao estudo dos neutrinos, que hoje são famosos, mas naqueles tempos eram novidade. E é lógico que eu me colocava questões de natureza filosófica, que o conhecimento objetivo não me permitia responder. Essa aproximação mais clara entre filosofia e ciência acontece intensamente nas áreas de fronteira, mas tais questionamentos podem surgir em qualquer campo de investigação – e mesmo da atividade humana em geral.

E como se dá, no seu entendimento, a conciliação da criatividade e da intuição com a ciência? Ela é realmente possível?
Sem dúvida é possível e necessário conciliar criação científica, racionalidade e objetividade. Um conceito científico considerado numa teoria não é isolado, mas solidário a outros conceitos, forma com eles um conjunto cujas relações são mais ricas do que puramente lógicas. A mudança científica se dá pela transformação do conjunto dos conceitos que fazem parte desse sistema.

A história da ciência deixa ver que tais movimentos não são casuais e têm consistência interna, têm uma razão – justificada posteriormente – ligada à exigência de objetividade. São movidos pela racionalidade e, ao mesmo tempo, têm um lado importante de subjetividade. Cada agente humano envolvido tem reações únicas na formulação e resolução dos problemas, o que resulta numa diversidade de 'estilos científicos'.

O conhecimento, então, avança graças a ampliações da própria racionalidade, muito mais do que pela pura lógica, pois elas permitem possibilidades inéditas de relacionar os elementos conceituais considerados. É como se mudássemos as regras do jogo: passamos a enxergar de forma racional o que antes era impensável, hipotético ou pertencia de forma vaga ao campo de ideologias. As mudanças no entendimento do mundo e na própria ciência despertam a intuição racional, que pode ser concebida como uma visão sintética intelectual dos cientistas daquela época para outras possibilidades, que levam a novas descobertas.

Essa valorização da criatividade significa um reforço da figura do gênio, excêntrico, especial, inigualável, tão presente na opinião comum?
Na verdade, não. Esse estereótipo do gênio é fruto de uma visão superficial da ciência. Claro, nem todos, mesmo os mais famosos e bem-sucedidos cientistas, eram criativos como Einstein e Poincaré. As descobertas estão ligadas também a outros fatores, como o pioneirismo num campo ou a momentos sociais bem aproveitados pelo pesquisador. Precisamos tomar cuidado para não cair em certo ‘relativismo’ e ‘reducionismo’ sociológico a respeito do pensamento científico, mas também é inegável a importância de fatores culturais e sociais de cada época. A ciência do século 21 não teria o aspecto que tem não fosse a sua organização social específica. A pesquisa está inserida na história e na história social, não faz sentido separar homem e sociedade.

Em seu trabalho, o senhor já explorou muito as ideias de Einstein e Poincaré a respeito da criatividade, do estilo científico e do papel da invenção na ciência. Fazendo um paralelo com os dias atuais, qual o papel da criatividade e da invenção na ciência contemporânea?
A grande dificuldade para responder a essa pergunta está na forma que a pesquisa científica tomou a partir da segunda metade do século 20. No tipo de ciência que temos hoje em domínios importantes, a big science, o trabalho é muito coletivo e as experiências são de alta tecnologia, tanto na física, na química e na astrofísica quanto na biologia e na neurociência. Há uma enorme mobilização de pesquisadores, instituições, equipamentos e recursos. Parece ser mais difícil perceber aqui uma originalidade de contribuição dos pesquisadores tomados individualmente.

Porém, se olharmos os conhecimentos produzidos por esse tipo de pesquisa, eles não deixam de ter a mesma natureza de quando o trabalho científico era mais individual: são exprimidos como formas simbólicas organizadas racionalmente, como conceitos e teorias, que são inteligíveis não para um coletivo, mas para sujeitos individuais. Ou seja, somos levados a pensar que a produção de ideias também continua a ser individual. Não é o meio coletivo e sua tecnologia que as gera, mas o trabalho mental individual dos participantes. E isso acontece de forma variada, com mais ou menos originalidade e criatividade, e certamente com um ritmo mais intenso de trocas de ideias entre os pesquisadores, de assimilações e de transformações.

Mas há, sem dúvida, um impacto do trabalho coletivo.
Sim, e há eventualmente um reverso da medalha, que seria a eliminação de ideias menos atraentes pela maioria, direções de pesquisas que são, ao menos provisoriamente, esquecidas. Num regime mais individual e lento, essas ideias tinham mais tempo para maturação. O risco aqui é que certo conformismo leve a privilegiar exageradamente uma das direções possíveis. Isso pode ser constatado na minha antiga linha de estudo, a física das partículas, na procura de teorias unificadas onde muitos jovens optam pela mesma direção de pesquisa – aliás, favorecida pelos critérios sociais que orientam as carreiras de pesquisador. É sem dúvida um assunto complexo que merece estudo adequado.

Nesse contexto, a filosofia da ciência tem dedicado a atenção que deveria ao processo criativo na ciência?
De maneira predominante, desde a segunda metade do século 20, a filosofia da ciência se desinteressou do processo criativo do pensamento científico e o rumo atual da pesquisa socializada não vai ajudar muito a retomar esse tema. Mas acredito que os criadores com ideias originais, mais sensíveis a respeito da natureza do pensamento científico e da forma como ele é capaz de reinventar o mundo e incorporá-lo à cultura dos homens, vão continuar a contribuir com suas reflexões nessa área, como fizeram Poincaré e Einstein em seu tempo. E espero que os filósofos da ciência se abram mais a essa dimensão, levando em conta a realidade da ciência tal como ela é e se apresenta.

Além de físico e filósofo, o senhor já atuou como divulgador da ciência. Qual o papel da divulgação e da educação científicas na nossa sociedade?
Como disse, mais do que nunca a ciência impacta diretamente a cultura, a tecnologia e a sociedade, e isso não pode ser ignorado. A educação e a comunicação científicas são fundamentais para que possamos problematizar os avanços atuais. Essa é uma responsabilidade de todos nós. Os cientistas, filósofos, historiadores e sociólogos da ciência precisam promover essa reflexão lúcida e crítica sobre o conhecimento. O conhecimento científico está centrado na racionalidade, visa à objetividade e, por isso, tem vocação à universalidade, pode ser entendido por qualquer um, em princípio. As gerações que estão por vir dependem disso e a miséria e outros fatores que impedem essa disseminação são crimes contra a humanidade.

Uma questão importante é que a divulgação científica nem sempre é bem feita. Se o objetivo é apenas maravilhar o público, isso não necessariamente aproxima a ciência de suas vidas. É preciso que ela seja uma divulgação crítica, que se indague, que estimule a curiosidade e que ensine os porquês das coisas, desfazendo a imagem dogmática da ciência. Outro aspecto que precisa ser problematizado e abordado é que a ciência e a tecnologia no mundo atual estão integradas num sistema econômico e social específico, o que tem suas consequências.

De fato alguns dos mercados mais lucrativos do mundo hoje envolvem diretamente produtos tecnológicos...
Sem dúvida. Primeiro temos que considerar que o acesso à tecnologia ainda é regido por fatores econômicos e a tecnologia não é para todos. Além disso, vamos pensar nas regras que orientam esse mercado, nas motivações que norteiam o desenvolvimento de novos produtos: será que elas se baseiam no esforço pelo avanço da ciência ou no lucro, na concorrência selvagem, responsável por muitos de nossos problemas atuais? O conhecimento sobre a natureza nos dá o poder de transformá-la, mas como orientar esse poder para o bem da humanidade, e não para o lucro de uma minoria? É, sem dúvida, uma questão atual, de grande importância social e ética.



LinkWithin

Related Posts with Thumbnails