segunda-feira, 22 de junho de 2015

Rebeldes tuaregues recusam o radicalismo islâmico no Mali


Outro dia me surpreendi ao perceber que um amigo (dez anos mais novo e com instrução de nível superior) não sabia o que significava a palavra "tuaregue", o que para as crianças dos anos 70 era algo relativamente comum em razão das estórias de deserto nos gibis.

Numa curta e reconhecidamente sofrível definição, "tuaregues" são os povos nômades do deserto do Saara, que não se fixam a nenhum dos países cujas fronteiras foram traçadas pelas potências coloniais europeias, e peregrinam pela imensidão do Norte da África com suas línguas berberes ("berbere" = corruptela do latim "barbărus"), sua escrita peculiar mediante o alfabeto tifinagh (vertical e de origem fenícia), e costumes próprios.

Não deixa de ser curioso perceber que os heróis míticos das caravanas pelas dunas - que povoavam as mil e uma noites das crianças de décadas atrás - tenham sido esquecidos para dar vez aos efêmeros lutadores e jogadores de videogame.

No mundo real, entretanto, os tuaregues que se identificam mais com a República do Mali tiveram que fazer uma escolha entre o radicalismo islâmico e a proteção oficial do governo malinês, segundo noticia a Agência Brasil:

Rebeldes tuaregues e governo do Mali assinam acordo histórico de paz

Distribuição dos povos tuaregues na atual África
A Coordenação dos Movimentos de Azawad (CMA), que integra os principais grupos rebeldes do Norte do Mali, assinou hoje (20) com o governo do país um acordo para a paz e a reconciliação, considerado histórico.

O acordo, assinado entre Sidi Brahim Sidati, dirigente do CMA, e o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, tem como objetivo o regresso da estabilidade ao Norte do país, região desértica dominada pelos tuaregues, que nos últimos anos passaram a conviver com militares islâmicos ligados à Al Qaeda.

O texto-base do acordo foi assinado em 15 de maio na capital Bamako pelo governo maliano. Os rebeldes tuaregues, no entanto, foram adiando a assinatura do texto final, exigindo negociações adicionais.

O acordo visa a estabelecer uma paz duradoura no Norte do Mali que, no final do primeiro trimestre de 2012, ficou sob o controle de grupos jihadistas ligados à Al Qaeda depois de o exército ter sido derrotado pela rebelião tuaregue.

Na época, os tuaregues primeiramente se aliaram aos jihadistas, mas depois foram dominados pelos grupos islâmicos. Os jihadistas foram parcialmente expulsos da zona por uma ofensiva militar internacional lançada em janeiro de 2013. A operação ainda está em curso em áreas no Norte do Mali, que permanecem fora do controle do poder central.



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