A revista satírica francesa Charlie Hebdo ficou tristemente conhecida no mundo pelo atentado terrorista que sofreu em janeiro deste ano, onde doze pessoas foram mortas por extremistas islâmicos, além de onze feridos.
Marca característica do semanário, a irreverência sem limites que leva ao extremo o ataque a pessoas, instituições e - sobretudo - religiões tem gerado muita polêmica ao longo dos anos.
O ataque terrorista de janeiro de 2015 foi repudiado globalmente em nome da liberdade de expressão, garantia fundamental dos povos civilizados que a revista continua fazendo questão de testar os limites, como se pode ver na charge acima, publicada na sua última edição.
Charlie Hebdo não se fez de rogada e satirizou a morte do garoto Aylan Kurdi, afogado quando tentava chegar à Europa por mar, juntamente com sua família em busca de refúgio da guerra civil que assola a Síria.
A foto que registrou o menino morto na praia gerou comoção mundial e, a partir daí, fronteiras foram abertas na Europa para asilar os sírios que arriscam a vida para atravessar o Mar Mediterrâneo.
São dois cartuns na verdade, do lado direito aparece uma figura que remete a Jesus caminhando sobre as águas enquanto uma criança se afoga, com os dizeres "os cristãos andam sobre as águas" e "as crianças muçulmanas afundam", tudo embaixo do título "a prova de que a Europa é cristã".
Do lado esquerdo está uma reprodução da tristemente célebre foto de Aylan Kurdi morto na praia, com os dizeres "tão perto do alvo", tendo ao lado um outdoor do McDonald's anunciando "Promoção... dois McLanche Feliz pelo preço de um", sob a portada "Boas vindas aos imigrantes!".
Desta vez, a revista francesa foi severamente criticada pelo - no mínimo - mau gosto da caricatura, mas ao que tudo indica eles não vão desistir de sua iconoclastia na base do "choque de civilizações" ou do "quanto pior, melhor!".
Não será desta vez, entretanto, que essa pergunta será respondida: "o humor pode tudo?"