terça-feira, 25 de setembro de 2012

Mark Driscoll diz que Ester era prostituta antes de se tornar rainha

Mark Driscoll só pensa naquilo...

Depois de ter dito não existe nada mais puro do que dois homens seminus lutando MMA num octógono e que masturbação é uma forma de homossexualismo, o pastor da igreja de Mars Hill resolveu avançar um pouco mais no seu, digamos, “evangelho da testosterona”.

A vítima da vez, além da boa interpretação bíblica, é Ester, personagem do livro homônimo do Velho Testamento, uma moça judia virtuosa que se casa com Assuero, rei da Pérsia, e salva seu povo da aniquilação.

Faz cerca de 3.000 anos que Ester anda bem na fita, com a sua reputação ilibada ao longo de centenas de gerações de bons intérpretes judaicos e cristãos. Bem, estava, porque finalmente alguém diz que "descobriu" os seus segredos de alcova.

É que o pastor Mark Driscoll não consegue se conformar com a doce simplicidade e beleza desse roteiro épico. Na sua página na internet, não sem antes dizer que “a história de Ester tem sido muito mal interpretada”, ele a resume da seguinte maneira:
Ela cresceu numa família muito religiosa como uma órfã criada pelo seu primo. Bonita, ela permite que os homens se rendam às suas necessidades e faz as suas decisões. O comportamento dela é pecaminoso e ela passa cerca de um ano no spa sendo "embonecada" para perder sua virgindade com o rei pagão, assim como faziam centenas de outras mulheres. O desempenho dela é tão bom que ele a escolhe como sua favorita. Hoje, a sua história seria a de uma linda jovem que mora na cidade grande e permite aos homens que satisfaçam suas necessidades, passa por vários tratamentos de beleza para ficar ainda mais bela, e vai ao programa “The Bachelor” (“O Solteirão”) concorrer para uma noite maravilhosa na cama com um cara muito rico. Ela é simplesmente uma pessoa sem nenhum caráter até que o seu próprio pescoço esteja ameaçado, e então ela se levanta para salvar a vida do seu povo, momento em que ela se converte para uma fé real em Deus.
No popular, Mark Driscoll está dizendo que Ester era uma prostituta antes de se casar com o rei. E, ao afirmar que ele é o primeiro a descobrir isso, ele está se mostrando portador de uma revelação especial, o que faz dele - mesmo que contra a sua vontade - uma espécie de adepto do gnosticismo, alguém tão iluminado que só ele é capaz de decifrar o "segredo"  escondido em um texto por três milênios.

Além disso, a referência que Driscoll faz a um programa da TV americana deixa claro, ainda que inadvertidamente, como seu "evangelho" é influenciado pelo show business e pelo consumismo midiático. 

Assim, uma história bíblica pura e singela precisa ser "apimentada" com pinceladas eróticas e esqueletos no armário para que seja mais, digamos, "vendável" e palatável a um público ávido por detalhes sórdidos. 

Dando ainda vazão às suas paixões machistas, Driscoll acrescenta:
As feministas têm tentado mostrar a vida de Ester como um conto trágico de dominação masculina e liberação feminina. Muitos evangélicos têm ignorado os pecados sexuais dela e o seu comportamento ímpio para transformá-la numa figura do tipo de Daniel, o que é inapropriado. Alguns têm inclusive tentado modernizar a sua história comparando-a com o atual tráfico de escravas sexuais, mesma condição em que ela foi entregue ao rei poderoso como parte do seu harém.
Como você percebe, Driscoll tem uma fixação mórbida com detalhes sexuais de personagens e situações bíblicas e mundanas. No popular, isso também tem nome: fetiche. Ele bem que podia cuidar disso em privado e não tornar públicas as suas aberrações e fofocas supostamente "iluminadas".

E quando um líder evangélico de destaque – como ele é – começa a dar palpites sobre condições morais e sexuais de quem quer que seja na base da metralhadora giratória e do chutômetro, o resultado costuma ser desastroso.



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