
Alguém poderia alegar que Paulo já dizia aos filipenses que “alguns pregam a Cristo até por inveja e contenda, mas outros o fazem de boa mente; estes por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho; mas aqueles por contenda anunciam a Cristo, não sinceramente, julgando suscitar aflição às minhas prisões. Mas que importa? Contanto que, de toda maneira, ou por pretexto ou de verdade, Cristo seja anunciado, nisto me regozijo, sim, e me regozijarei" (Filipenses 1:15-18). Entretanto, uma análise mais acurada desse texto revela que algumas pessoas anunciavam o evangelho de Cristo de má fé, por mais paradoxal que isto possa parecer. A pergunta que não quer calar, portanto, é a seguinte: as “novas” práticas religiosas brasileiras estão anunciando a Cristo?
Parece-me evidente que a resposta a esta pergunta é negativa. A pregação evangélica brasileira se concentra, hoje, em rituais judaizantes repaginados, parafernálias coreográficas, sinais mirabolantes e superstições profanas requentadas, enquanto o evangelho de Cristo, a pura e simples mensagem salvadora da Sua cruz, nas raras vezes em que é proclamada (um tanto quanto envergonhadamente), é uma espécie de um (e um apenas) minúsculo granulado de chocolate jogado na superfície de um brigadeiro, que é servido no prato dos ouvintes como uma massa gordurosa e rançosa de mensagens até bonitas, que trazem alguma aparência de sabedoria, que talvez até sirvam para as suas necessidades imediatas de doçura nas agruras da vida, mas produzem neles um resultado acumulado de cegueira espiritual e consciência enfatuada, revelando o seu sabor amargo no final. Não por acaso, logo após terem-lhe pedido sinais, Jesus recomendou a seus discípulos que se guardassem do fermento dos fariseus, a doutrina deles que exigia manifestações rápidas e visíveis do poder de Deus (Mateus 16:1-12). Qualquer semelhança com a atual "igreja brasileira de resultados" não é mera coincidência...
Guardai-vos deles, irmãos!