segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Desemprego no Rio de Janeiro
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Hélio Pariz
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19:04
Desemprego no Rio de Janeiro
2010-11-29T19:04:00-02:00
Hélio Pariz
cidadania|crime|humor|
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Igreja brasileira pede perdão à igreja africana
Pelo menos uma parte da igreja evangélica brasileira ainda não se rendeu ao ódio e ao preconceito, nem se comporta como senhores de engenho e capitães-do-mato, ainda que sejam olhos puxados nipobrasileiros que tenham lido o pedido de desculpas, conforme noticia o blog da revista Ultimato:
Pastor japonês lê para delegação africana um pedido de perdão da igreja brasileira
Especial Lausanne III – Carta lida pelo Pr. Key Iuassa, japonês radicado no Brasil, presidente da Igreja Evangélica Holiness, no último dia de Lausanne 3 (24/10) no Auditorio n. 1 do Convention Center do Cape Town, onde se reuniam todas as delegações ao sul de Sahara, neste momento presidida pelo Arcebispo Henry Orombi da Uganda.
Amados irmãos e irmãs do grande continente da Africa:
Nós os participantes brasileiros de Lausanne III temos sido abençoados abundantemente neste Congresso e estamos muito felizes de estar nesta parte do mundo. Os navegadores portugueses do século XV venceram os temores e as dificuldades naturais do Cabo das Tormentas, e abriram o caminho do comercio para Moçambique e para as Indias. Aqui eles ganharam inspiração, ousadia e coragem para explorar o Oceano Atlantico Sul e procurar chegar às Indias ainda que fosse “por mares dantes nunca navegados” avançando para o oeste, e Pedro Alvarez Cabral oito anos depois de Colombo foi capaz de “descobrir” a Ilha de Vera Cruz, depois rebatizada de Terra de Santa Cruz, quando perceberam que não era ilha, e depois terra do Brasil.
Ao re-lembrar esses fatos da formação de nossa terra e nação, não podemos deixar de recordar nossa grande dívida histórica, moral e física para com o grande continente da Africa, seus povos e nações. Depois da descoberta e por quase 400 anos do Brasil colonia e Brasil independente, nós dependemos do trabalho escravo para a formação de nossas plantações, para cavar nossas minas, para a construção de nossas casas, nossas cidades e nossa nação. Assim cometemos o pecado de seqüestrar pessoas deixando atrás muitos órfãos, destruindo casas e vilas causando feridas profundas em suas nações.
Cometemos o pecado de homicídios, de tratar pessoas criadas à imagem de Deus como bestas, impondo em seus povos violência física, psicológica e moral e condições sub-humanas de vida; cometemos abusos de todos os tipos e sempre que foi possível ajudamos a destruir suas identidades pessoais, familiares, culturais e nacionais.
A dívida moral que nós temos em relação as suas nações e povos é tão vasta, profunda e enorme, que nem começamos a medi-la. Cremos que é uma dívida impagável.
Se nós quiséssemos mostrar que realmente sentimos muito pelo que aconteceu e que estamos arrependidos desse pecado histórico de nossa nação em contra de vossas nações, nos teríamos de vir até vocês e dizer: Por favor dá nos a graça de sermos seus escravos. Sejam por favor nosso patrões e nossos senhores, e dá-nos a oportunidade de servi-los. Deixa-nos ajudar a construir suas fazendas, cavar suas minas, construir suas casas e cidades com nosso suor, sangue e lágrimas como gentes do seu povo fizeram por nós. Permitam que nossos corpos sejam enterrados anonimamente embaixo de suas estradas e cidades, como fizeram os vossos povos por nós.
E então, sòmente então, poderíamos perceber que somos irmãos e irmãs de sangue , porque o seu povo derramou sangue por nós e nos abençoou, e vocês nos teriam dado a graça e a oportunidade de derramar nosso sangue em favor de vocês. Talvez depois disso poderíamos começar a entender juntos a amplidão, o comprimento, a profundidade, e a altura do amor de Cristo que derramou por nós ambos o seu precioso sangue e derrubou o muro de partição para nos fazer uma só família n’Ele!
Mas hoje precisamos pedir a vocês, perdão a algo imperdoável. Por favor perdoem-nos. Por favor perdoem os pecados do nosso povo contra vocês. Perdoem os pecados de nossa nação contra as nações de vocês.
As gentes provindas da Africa em uma imigração forçada, ajudaram a construir o nosso país não apenas com suor, trabalho árduo e sangue. Esta pessoas e seus descendentes tem construído com suas mãos, sua cabeça e pernas (como Pelé, Ronaldo, Robinho, etc.), com coração, mente e sentimentos cálidos como muitos músicos, romancistas e artistas, ou com habilidades técnicas como médicos, engenheiros, juristas, políticos, em todas as esferas da atividade humana. Muitos são membros de igrejas, e com sua fé , esperança e amor tem sido pastores, bispos, professores,líderes e santos. O seus povos e seus descendentes tem sido uma benção para a nossa nação. Em vez de devolverem o mal que receberam com o mal eles tem abençoado a nós com a riqueza de sua música, enriqueceu a nossa cultura alimentar com sua contribuição, e sobretudo com a sua maneira rica e peculiar de ser humano, de ser gente, um próximo e irmão de alma, como estamos experimentando esta semana com vocês. Seus povos e descendentes se tornaram parte integral de nosso país, e de nossas famílias. Muitos de nós nos orgulhamos de ser em certa medida, descendentes dos povos da Africa.
Por favor aceitem-nos como seus servos e servas, seus escravos e escravas em nome do Senhor Jesus. Com amor e ternura fraternais,
(Seguem 59 assinaturas)
Participantes brasileiros em Cape Town 2010
Cape Town, 24 de Outubro de 2010
Pastor japonês lê para delegação africana um pedido de perdão da igreja brasileira
Especial Lausanne III – Carta lida pelo Pr. Key Iuassa, japonês radicado no Brasil, presidente da Igreja Evangélica Holiness, no último dia de Lausanne 3 (24/10) no Auditorio n. 1 do Convention Center do Cape Town, onde se reuniam todas as delegações ao sul de Sahara, neste momento presidida pelo Arcebispo Henry Orombi da Uganda.
Amados irmãos e irmãs do grande continente da Africa:
Nós os participantes brasileiros de Lausanne III temos sido abençoados abundantemente neste Congresso e estamos muito felizes de estar nesta parte do mundo. Os navegadores portugueses do século XV venceram os temores e as dificuldades naturais do Cabo das Tormentas, e abriram o caminho do comercio para Moçambique e para as Indias. Aqui eles ganharam inspiração, ousadia e coragem para explorar o Oceano Atlantico Sul e procurar chegar às Indias ainda que fosse “por mares dantes nunca navegados” avançando para o oeste, e Pedro Alvarez Cabral oito anos depois de Colombo foi capaz de “descobrir” a Ilha de Vera Cruz, depois rebatizada de Terra de Santa Cruz, quando perceberam que não era ilha, e depois terra do Brasil.
Ao re-lembrar esses fatos da formação de nossa terra e nação, não podemos deixar de recordar nossa grande dívida histórica, moral e física para com o grande continente da Africa, seus povos e nações. Depois da descoberta e por quase 400 anos do Brasil colonia e Brasil independente, nós dependemos do trabalho escravo para a formação de nossas plantações, para cavar nossas minas, para a construção de nossas casas, nossas cidades e nossa nação. Assim cometemos o pecado de seqüestrar pessoas deixando atrás muitos órfãos, destruindo casas e vilas causando feridas profundas em suas nações.
Cometemos o pecado de homicídios, de tratar pessoas criadas à imagem de Deus como bestas, impondo em seus povos violência física, psicológica e moral e condições sub-humanas de vida; cometemos abusos de todos os tipos e sempre que foi possível ajudamos a destruir suas identidades pessoais, familiares, culturais e nacionais.
A dívida moral que nós temos em relação as suas nações e povos é tão vasta, profunda e enorme, que nem começamos a medi-la. Cremos que é uma dívida impagável.
Se nós quiséssemos mostrar que realmente sentimos muito pelo que aconteceu e que estamos arrependidos desse pecado histórico de nossa nação em contra de vossas nações, nos teríamos de vir até vocês e dizer: Por favor dá nos a graça de sermos seus escravos. Sejam por favor nosso patrões e nossos senhores, e dá-nos a oportunidade de servi-los. Deixa-nos ajudar a construir suas fazendas, cavar suas minas, construir suas casas e cidades com nosso suor, sangue e lágrimas como gentes do seu povo fizeram por nós. Permitam que nossos corpos sejam enterrados anonimamente embaixo de suas estradas e cidades, como fizeram os vossos povos por nós.
E então, sòmente então, poderíamos perceber que somos irmãos e irmãs de sangue , porque o seu povo derramou sangue por nós e nos abençoou, e vocês nos teriam dado a graça e a oportunidade de derramar nosso sangue em favor de vocês. Talvez depois disso poderíamos começar a entender juntos a amplidão, o comprimento, a profundidade, e a altura do amor de Cristo que derramou por nós ambos o seu precioso sangue e derrubou o muro de partição para nos fazer uma só família n’Ele!
Mas hoje precisamos pedir a vocês, perdão a algo imperdoável. Por favor perdoem-nos. Por favor perdoem os pecados do nosso povo contra vocês. Perdoem os pecados de nossa nação contra as nações de vocês.
As gentes provindas da Africa em uma imigração forçada, ajudaram a construir o nosso país não apenas com suor, trabalho árduo e sangue. Esta pessoas e seus descendentes tem construído com suas mãos, sua cabeça e pernas (como Pelé, Ronaldo, Robinho, etc.), com coração, mente e sentimentos cálidos como muitos músicos, romancistas e artistas, ou com habilidades técnicas como médicos, engenheiros, juristas, políticos, em todas as esferas da atividade humana. Muitos são membros de igrejas, e com sua fé , esperança e amor tem sido pastores, bispos, professores,líderes e santos. O seus povos e seus descendentes tem sido uma benção para a nossa nação. Em vez de devolverem o mal que receberam com o mal eles tem abençoado a nós com a riqueza de sua música, enriqueceu a nossa cultura alimentar com sua contribuição, e sobretudo com a sua maneira rica e peculiar de ser humano, de ser gente, um próximo e irmão de alma, como estamos experimentando esta semana com vocês. Seus povos e descendentes se tornaram parte integral de nosso país, e de nossas famílias. Muitos de nós nos orgulhamos de ser em certa medida, descendentes dos povos da Africa.
Por favor aceitem-nos como seus servos e servas, seus escravos e escravas em nome do Senhor Jesus. Com amor e ternura fraternais,
(Seguem 59 assinaturas)
Participantes brasileiros em Cape Town 2010
Cape Town, 24 de Outubro de 2010
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Hélio Pariz
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09:26
Igreja brasileira pede perdão à igreja africana
2010-11-22T09:26:00-02:00
Hélio Pariz
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domingo, 21 de novembro de 2010
Reteté com James Brown
Já que tem tanta igreja apelando pro reteté, elas podiam - pelo menos - aprender como é que se fazia no original de James Brown, com Jim Belushi e Dan Aykroyd, em performance antológica no filme "Os Irmãos Cara-de-Pau" ("The Blues Brothers"). Para os judaizantes, o vídeo traz um "plus a mais" (como diria um amigo meu): legendas em hebraico. Confira:
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Hélio Pariz
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08:48
Reteté com James Brown
2010-11-21T08:48:00-02:00
Hélio Pariz
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sábado, 20 de novembro de 2010
Governo brasileiro paga viagem e roupa de novo cardeal
Eu não sabia disso, mas segundo a nota do Painel da Folha de S. Paulo de hoje, 20/11/10, transcrita abaixo, o governo brasileiro pagou as despesas de viagem e até as roupas próprias do novo cardeal brasileiro, D. Raymundo Damasceno Assis, de Aparecida do Norte (SP), que foi nomeado pelo papa Bento XVI e recebeu seu barrete hoje, numa cerimônica realizada na Basílica de São Pedro, no Vaticano. É no mínimo estranho que um Estado que se diz laico, ainda que por tradição secular, utilize dinheiro público para subsidiar despesas de responsabilidade de uma autoridade religiosa, mesmo que ela represente a religião majoritária no país. Mais estranho ainda é que a Igreja Católica, pelo seu órgão máximo no país - a CNBB -, tão crítica do governo, aceite este subsídio. Do jeito que a coisa vai, logo logo vai ter "pastor", "apóstolo", "bispo", etc., pedindo uma graninha extra (minha, sua, nossa) pra comprar um terno novo. Eu, hein!
Pacote As despesas das solenidades em que d. Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida, receberá a investidura de cardeal do papa Bento 16, realizadas entre hoje e amanhã, no Vaticano, serão custeadas pelo Itamaraty. A conta inclui transporte, recepção e até mesmo as vestes cardinalícias.
Diplomacia Representado no evento pelo chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, o governo não informa o total gasto e diz que embora o Brasil seja um Estado laico, o expediente é uma tradição desde 1905, quando o primeiro cardeal brasileiro foi nomeado pela Santa Sé.
Pacote As despesas das solenidades em que d. Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida, receberá a investidura de cardeal do papa Bento 16, realizadas entre hoje e amanhã, no Vaticano, serão custeadas pelo Itamaraty. A conta inclui transporte, recepção e até mesmo as vestes cardinalícias.
Diplomacia Representado no evento pelo chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, o governo não informa o total gasto e diz que embora o Brasil seja um Estado laico, o expediente é uma tradição desde 1905, quando o primeiro cardeal brasileiro foi nomeado pela Santa Sé.
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Hélio Pariz
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21:29
Governo brasileiro paga viagem e roupa de novo cardeal
2010-11-20T21:29:00-02:00
Hélio Pariz
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Teste de racismo em crianças
Até que ponto o resultado é surpresa para você?
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Hélio Pariz
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16:47
Teste de racismo em crianças
2010-11-20T16:47:00-02:00
Hélio Pariz
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Racismo na universidade
A universidade brasileira parece estar sendo batida pelos ventos do ódio, e vai pouco a pouco deixando de ser um espaço de convivência e tolerância, lamentavelmente, conforme se depreende da notícia abaixo do site Viomundo, leitura desagradável (mas realista) para o Dia Nacional da Consciência Negra, mais lembrado do que propriamente comemorado hoje, 20 de novembro. É preciso estômago forte para ler as baixarias e ver a que ponto pode chegar a imbecilidade humana, para a qual - tristemente - não há limites:
Estudante de Direito é vítima de racismo na PUC de São Paulo
da Radioagência NP
A estudante do último ano de direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) Meire Rose Morais sofreu ofensas com conteúdo racista de uma colega de sala. De acordo com ela, as agressões se deram em uma lista de e-mails. Meire relata que é comum os bolsistas negros do Prouni serem tratados de maneira preconceituosa.
“Ela manda os e-mails com vários contextos que discriminam a questão racial: ‘esse creme que você usa para emplastar seu cabelo’. Ela faz uma ofensa pelos elementos raciais que eu possuo. Eu tenho o cabelo crespo, cacheado e para ele não armar muito eu passo bastante creme.”
Meire é solteira e mãe de três filhos. Dentro de um mês se formará aos 46 anos de idade. Ela conta que foram feitas referências até mesmo a um problema no pé que a obriga a usar sandálias.
“Ela deixa bem claro o que ela entende das pessoas negras, que é tudo bandido, ladrão. Eu nunca imaginei que pudesse causar tanto problema. Eu passei cinco dias chorando na faculdade. Eu não conseguia me vestir direito, eu tinha medo de sair de casa e as pessoas rirem de mim. Eu tive dificuldades para colocar de novo a minha sandália.”
O advogado Cleyton Wenceslau Borges, que acompanha o caso, acionará o conselho universitário para pedir apuração. Depois de encerrada a sindicância, poderão ser abertos processos na Justiça. Meire revela que também será solicitado ao Ministério da Educação que oriente as universidades a implementarem fóruns de discussão e combate ao racismouniversidades a implementarem fóruns de discussão e combate ao racismouniversidades a implementarem fóruns de discussão e combate ao racismo como exigência para a concessão do título de filantropia.
“Às vezes aquela pessoa é tão tímida que não consegue se colocar. Então, teria que existir um comitê de combate a todos os tipos de discriminação. Não adianta apenas ter um psicólogo para atender aqueles que sofrem preconceito na PUC ou em outras universidades particulares que adotam ações afirmativas.”
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.
19/11/10
Confira trechos de um dos e-mails:
Estudante de Direito é vítima de racismo na PUC de São Paulo
da Radioagência NP
A estudante do último ano de direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) Meire Rose Morais sofreu ofensas com conteúdo racista de uma colega de sala. De acordo com ela, as agressões se deram em uma lista de e-mails. Meire relata que é comum os bolsistas negros do Prouni serem tratados de maneira preconceituosa.
“Ela manda os e-mails com vários contextos que discriminam a questão racial: ‘esse creme que você usa para emplastar seu cabelo’. Ela faz uma ofensa pelos elementos raciais que eu possuo. Eu tenho o cabelo crespo, cacheado e para ele não armar muito eu passo bastante creme.”
Meire é solteira e mãe de três filhos. Dentro de um mês se formará aos 46 anos de idade. Ela conta que foram feitas referências até mesmo a um problema no pé que a obriga a usar sandálias.
“Ela deixa bem claro o que ela entende das pessoas negras, que é tudo bandido, ladrão. Eu nunca imaginei que pudesse causar tanto problema. Eu passei cinco dias chorando na faculdade. Eu não conseguia me vestir direito, eu tinha medo de sair de casa e as pessoas rirem de mim. Eu tive dificuldades para colocar de novo a minha sandália.”
O advogado Cleyton Wenceslau Borges, que acompanha o caso, acionará o conselho universitário para pedir apuração. Depois de encerrada a sindicância, poderão ser abertos processos na Justiça. Meire revela que também será solicitado ao Ministério da Educação que oriente as universidades a implementarem fóruns de discussão e combate ao racismouniversidades a implementarem fóruns de discussão e combate ao racismouniversidades a implementarem fóruns de discussão e combate ao racismo como exigência para a concessão do título de filantropia.
“Às vezes aquela pessoa é tão tímida que não consegue se colocar. Então, teria que existir um comitê de combate a todos os tipos de discriminação. Não adianta apenas ter um psicólogo para atender aqueles que sofrem preconceito na PUC ou em outras universidades particulares que adotam ações afirmativas.”
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.
19/11/10
Confira trechos de um dos e-mails:
“Fico feliz, pq agora, posso, sem peso na consciência, dizer: VAI SE FUDER!!!”
“Ah, já que estamos falando de campanhas e tal, queria te apresentar uma que só depende de vc, ela se chama: Meire, botas já!! É baseada no fato de que estamos cansados de ter que ver o seu pé grotesco!! Sério! Vc devia consultar um podólogo, tenho certeza que o SUS tem um, pq aquilo não pode ser só um joanete, com certeza é uma forma alienígena de vida que se acoplou ao seu pé!! Na boa, pela sua própria saúde, consulte um médico!”
“Além disso, tbm acho que está na hora de vc trocar o produto que vc usa para emplastar seu cabelo, pq esse já venceu, e o cheiro…. Na boa….É insuportável!”
“Ah! Mas espero que vc não leve para o lado pessoal sabe?! Gosto muito de vc! Vc alegra o meu dia e me faz dar muitas risadas, principalmente qnd vc vem com meia calça estampada, saia de bolinhas e sapatos caramelo! Uhaha! Hilário!”
“Ha, e só para fechar com chave de ouro, queria saber se vc não tem nada mais pra fazer da vida dq propaganda política? Pq pessoalmente acho q vc deveria se dedicar mais aos estudos, não?!
Mas hey! Oq eu estou falando vc já está bem encaminhada! Afinal, vc pratica a profissão mais antiga do mundo (É a prostituição caso vc nao saiba!)
Ou melhor.. acho que não Né?Pq, citando um político:
‘Vc nem pra prostituta serve pq é muito feia’ “
“Ufa! Obrigada mais uma vez por permitir esse meu desabafo! Com certeza sairei mais leve desta faculdade!”
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Hélio Pariz
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08:58
Racismo na universidade
2010-11-20T08:58:00-02:00
Hélio Pariz
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Lâmpadas quebradas
Os recentes episódios envolvendo atos violentos contra homossexuais (que apenas acrescentam novos números às surradas estatísticas homofóbicas) e a polêmica envolvendo a Universidade Mackenzie e o posicionamento da sua mantenedora, a Igreja Presbiteriana do Brasil, se opondo à lei contra a homofobia, não têm em comum apenas o prefixo "homo", mas também mostram uma série de fraturas expostas na sociedade brasileira, e no campo religioso em particular. São emblemáticas as imagens da violência gratuita a um homossexual com duas lâmpadas fluorescentes em plena Avenida Paulista (vídeo abaixo) e o seu contraste com as declarações da mãe de um dos agressores que disse que seu filho havia cometido apenas uma “infantilidade”. Pois parece que a “infantilidade” e a inconsequência são os novos motores da (não) convivência, e as lâmpadas que a Igreja devia proporcionar também se quebraram, menina que está no trato das coisas de Deus.
É triste observar que a igreja evangélica brasileira passa por uma crise de identidade tal que a sua face mais visível hoje se dá na política partidária, como aconteceu nas últimas eleições, ou no debate (e muitas vezes combate) sistemático contra os grupos defensores dos direitos dos homossexuais. O que une essas duas frentes é o apelo genérico à liberdade de expressão, uma nova espécie de mantra gospel que justifica qualquer pleito ideológico e que une as mais estranhas e antagônicas correntes (que se dizem) cristãs. Sob o pretexto de descer o porrete em quem pensa diferente, está liberada toda e qualquer união com malafaias e terranovas que – em circunstâncias normais – seriam renegados e combatidos. Até o ecumenismo com os católicos, tão evitado em outras searas, é festejado quando se trata de assumir posições políticas partidárias ou antigays. É difícil divisar os nuances e as diferenças quando há pouca (ou nenhuma) luz.
Quanto aos homossexuais que estão sendo atacados (e muitos são mortos) porque os agressores não concordam com seu estilo de vida, ao invés de acolher, cuidar, proteger, evangelizar e encaminhar, a Igreja Cristã brasileira nem o silêncio prefere. Está mais preocupada em defender o seu direito de apontar o pecado dos gays, mantendo deles uma apocalíptica e asséptica distância. Esta atitude apenas reforça o preconceito e contribui para que (mais) uma sociedade totalitária se instale no nosso meio, desviando todos seus problemas e suas frustrações para um grupo social facilmente identificável, como aconteceu na Alemanha menos de 100 anos atrás. Para estas manobras diversionistas, os gays são os novos judeus.
A grande vítima neste imbróglio todo é o evangelho de Cristo, a pura e simples mensagem da cruz, a verdadeira luz que ilumina os povos e os corações. Esquece-se deliberadamente que Jesus exerceu o seu ministério no contexto de um Império que não só tolerava os comportamentos sexuais mais bizarros, como de certa forma os promovia. Curiosamente, o Mestre, mesmo sendo contemporâneo de Calígula - apenas para citar um exemplo mórbido e sórdido -, nem por isso apelou à prerrogativa de dar nome ao seu pecado. Aliás, os únicos que mereceram esta deferência divina foram os religiosos que utilizavam o nome de Deus para ganhar dinheiro ou preservar seus privilégios. Entretanto, nenhum cerceamento de liberdade de expressão, por mais duro e mortal que fosse, impediu os primeiros cristãos de pregar o evangelho e transformar o mundo.
Lamentavelmente, parece que – por absurdo que pareça - a igreja evangélica brasileira está cansada desse mesmo evangelho que se propagou e se desenvolveu apesar de todos os comportamentos contrários, impedimentos e perseguições. Também não adianta perguntar o que ela quer, porque perdeu o foco e não se lembra mais de onde veio nem sabe pra onde vai. Quer apenas ter o direito de apontar os pecados alheios a fim de não ter que corrigir os que lhes são próprios. Por isso não se envergonha de cerrar filas com apóstatas e falsos profetas para combater o inimigo (imaginário) comum. Pena que tenha cerrado os olhos também...
É triste observar que a igreja evangélica brasileira passa por uma crise de identidade tal que a sua face mais visível hoje se dá na política partidária, como aconteceu nas últimas eleições, ou no debate (e muitas vezes combate) sistemático contra os grupos defensores dos direitos dos homossexuais. O que une essas duas frentes é o apelo genérico à liberdade de expressão, uma nova espécie de mantra gospel que justifica qualquer pleito ideológico e que une as mais estranhas e antagônicas correntes (que se dizem) cristãs. Sob o pretexto de descer o porrete em quem pensa diferente, está liberada toda e qualquer união com malafaias e terranovas que – em circunstâncias normais – seriam renegados e combatidos. Até o ecumenismo com os católicos, tão evitado em outras searas, é festejado quando se trata de assumir posições políticas partidárias ou antigays. É difícil divisar os nuances e as diferenças quando há pouca (ou nenhuma) luz.
Quanto aos homossexuais que estão sendo atacados (e muitos são mortos) porque os agressores não concordam com seu estilo de vida, ao invés de acolher, cuidar, proteger, evangelizar e encaminhar, a Igreja Cristã brasileira nem o silêncio prefere. Está mais preocupada em defender o seu direito de apontar o pecado dos gays, mantendo deles uma apocalíptica e asséptica distância. Esta atitude apenas reforça o preconceito e contribui para que (mais) uma sociedade totalitária se instale no nosso meio, desviando todos seus problemas e suas frustrações para um grupo social facilmente identificável, como aconteceu na Alemanha menos de 100 anos atrás. Para estas manobras diversionistas, os gays são os novos judeus.
A grande vítima neste imbróglio todo é o evangelho de Cristo, a pura e simples mensagem da cruz, a verdadeira luz que ilumina os povos e os corações. Esquece-se deliberadamente que Jesus exerceu o seu ministério no contexto de um Império que não só tolerava os comportamentos sexuais mais bizarros, como de certa forma os promovia. Curiosamente, o Mestre, mesmo sendo contemporâneo de Calígula - apenas para citar um exemplo mórbido e sórdido -, nem por isso apelou à prerrogativa de dar nome ao seu pecado. Aliás, os únicos que mereceram esta deferência divina foram os religiosos que utilizavam o nome de Deus para ganhar dinheiro ou preservar seus privilégios. Entretanto, nenhum cerceamento de liberdade de expressão, por mais duro e mortal que fosse, impediu os primeiros cristãos de pregar o evangelho e transformar o mundo.
Lamentavelmente, parece que – por absurdo que pareça - a igreja evangélica brasileira está cansada desse mesmo evangelho que se propagou e se desenvolveu apesar de todos os comportamentos contrários, impedimentos e perseguições. Também não adianta perguntar o que ela quer, porque perdeu o foco e não se lembra mais de onde veio nem sabe pra onde vai. Quer apenas ter o direito de apontar os pecados alheios a fim de não ter que corrigir os que lhes são próprios. Por isso não se envergonha de cerrar filas com apóstatas e falsos profetas para combater o inimigo (imaginário) comum. Pena que tenha cerrado os olhos também...
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Quando nosso mundo se tornou cristão
No blog Amálgama, André Egg faz uma excelente resenha do livro "Quando Nosso Mundo Se Tornou Cristão", de Paul Veyne:
Publicado no Brasil em 2010 pela Civilização Brasileira, em tradução de Marcos de Castro, o livro foi originalmente escrito em 2007. Ele é muito bem-vindo, pois ajuda a superar a escassez de publicações no Brasil sobre História do Cristianismo. Assunto dominado por editoras confessionais, apesar de algumas se preocuparam em publicar reflexão original brasileira e latino-americana ou boas traduções, a maioria dos títulos disponíveis é de interpretações comprometidas com os interesses dogmáticos, muito mais do que com a verdade histórica.
Paul Veyne tem 80 anos e é um dos grandes nomes da historiografia francesa. Especialista em história de Roma, foi responsável pelo vol. 1 da clássica coleção História da Vida Privada, traduzida no Brasil pela Cia. das Letras. Começou a se tornar importante quando publicou Como se escreve a história, em 1970, no contexto do que Peter Burke chamou de terceira geração da Nova História francesa, que superou o domínio da história econômica e da demografia, postos pela geração de Braudel. Paul Veyne preconizou uma nova valorização dos grandes personagens, e dos eventos ocasionais e fortuitos, navegando contra a corrente daquelas grandes histórias focadas no clima, na produção econômica, ou nas ideias políticas. Neste contexto, o estudo sobre a relação de Constantino com o cristianismo é uma obra paradigmática do tipo de história que Veyne propõe.
Para fazer sua proposta, Veyne contradiz vários lugares-comuns sobre o papel histórico do primeiro imperador romano cristão. Mesmo tendo sido comunista na juventude (diversão garantida as comparações entre a “fé” de Constantino na Providência divina e a de Lênin e Trotsky na Revolução) e continuando a se declarar ateu, Veyne não desconhece o significado da experiência religiosa e da crença em Deus, evitando transformar o “ateísmo metodológico” numa ferramenta direcionada a produzir anacronismos.
A conversão de Constantino foi genuína, não obra de um estrategista pragmático. Um apêndice sobre a noção de Deus no judaísmo foi incluído no livro para demonstrar como a crença pode ser atrativa inclusive para pessoas inteligentes. Outro capítulo apresenta a igreja cristã como instituição dinâmica e de vanguarda, discutindo com as visões que se consagraram a partir da erudição oitocentista, que colocou a religião e a instituição eclesiástica no limbo das superstições tolas e infundadas. Ainda um outro capítulo discute a questão da religião como ideologia capaz de sustentar governos, ideia marxista que Veyne nega: a existência de religiões em coabitação com regimes monárquicos está mais para coincidência que para relações diretas de causa e efeito.
Do mesmo modo o autor reflete em capítulo próprio sobre se a Europa atual tem “raízes cristãs”. A conclusão é que não, senão no sentido de que muita gente ali se professa cristã, só que mais por tradição que por decisão. Há outras marcas mais profundas na identidade européia, e nada do que se identifica com a civilização ocidental é necessariamente derivada do cristianismo – seria mais correto falar numa Europa universalista, ou no domínio do Estado de Direito, do que falar numa “Europa cristã”.
A análise que Veyne faz do cristianismo de Constantino demonstra que as implicações não são determinantes. Não havia cálculo político do imperador em adotar uma religião minoritária. Tampouco o cristianismo passou a ser a religião oficial – era apenas a religião pessoal do imperador, que beneficiou a igreja como pode, mas sempre dentro dos limites de sua atuação pessoal. A transformação em religião oficial deveu-se a fatores como a decadência própria do paganismo, o cálculo político dos oportunistas que adotavam a religião beneficiada pelo imperador, ou ainda os casuísmos que transformaram uma disputa pelo trono em uma guerra religiosa entre cristianismo e paganismo, em 394.
Para Veyne não houve nada ao longo do século IV que indicasse que o cristianismo se tornaria a religião dominante, ou que o império se tornaria cristão. Foi tudo uma sucessão de eventos fortuitos (como tudo o mais na história – é o que ele tenta nos dizer), como a curta duração da vida e do reinado de Juliano, que promoveu uma restauração pagã entre 361-363. O apoio à Igreja no reinado de Constantino foi um capricho pessoal do imperador, que podia muito bem ser revertido pelo próximo monarca.
Quando, no fim do século IV, o cristianismo se tornou a única religião do império, continuou coexistindo com judeus e pagãos (um capítulo sobre judaísmo e cristianismo demonstra a impressionante continuidade até o massacre nazista). Religião tolerada, depois promovida pelo imperador, e finalmente oficial do Império, a transição para o cristianismo entre 312 e 394 não significou a extinção do paganismo. A nova religião assimilou, e manteve (ou apenas tolerou) costumes pagãos que tinham formado o jeito de viver do povo: gladiadores, feras, circo, devoção aos santos e às relíquias.
Constantino se tornou um paradigma do cristianismo nascente: converteu-se sozinho, sem pregação de teólogo ou bispo. Não se batizou, senão no leito de morte, e por isso não participava dos cultos e não tomava a comunhão. Pregava para sua corte, construía igrejas, beneficiava os bispos, organizava e presidia concílios, perseguia hereges, fomentava a ortodoxia. A fé nunca mais seria a mesma, tornando constante aquele mal-estar causado em leitores sinceros do Novo Testamento quando se deparavam com as diferenças entre a igreja institucional e a vida do Cristo e dos Apóstolos. Nos tempos de Constantino o cristianismo deixou de ser uma vanguarda radical e proselitista, tornando-se costume normal de uma vasta população.
::: Quando nosso mundo se tornou cristão (312-394) ::: Paul Veyne :::
::: Civilização Brasileira, 2010, 288 páginas
Publicado no Brasil em 2010 pela Civilização Brasileira, em tradução de Marcos de Castro, o livro foi originalmente escrito em 2007. Ele é muito bem-vindo, pois ajuda a superar a escassez de publicações no Brasil sobre História do Cristianismo. Assunto dominado por editoras confessionais, apesar de algumas se preocuparam em publicar reflexão original brasileira e latino-americana ou boas traduções, a maioria dos títulos disponíveis é de interpretações comprometidas com os interesses dogmáticos, muito mais do que com a verdade histórica.
Paul Veyne tem 80 anos e é um dos grandes nomes da historiografia francesa. Especialista em história de Roma, foi responsável pelo vol. 1 da clássica coleção História da Vida Privada, traduzida no Brasil pela Cia. das Letras. Começou a se tornar importante quando publicou Como se escreve a história, em 1970, no contexto do que Peter Burke chamou de terceira geração da Nova História francesa, que superou o domínio da história econômica e da demografia, postos pela geração de Braudel. Paul Veyne preconizou uma nova valorização dos grandes personagens, e dos eventos ocasionais e fortuitos, navegando contra a corrente daquelas grandes histórias focadas no clima, na produção econômica, ou nas ideias políticas. Neste contexto, o estudo sobre a relação de Constantino com o cristianismo é uma obra paradigmática do tipo de história que Veyne propõe.
Para fazer sua proposta, Veyne contradiz vários lugares-comuns sobre o papel histórico do primeiro imperador romano cristão. Mesmo tendo sido comunista na juventude (diversão garantida as comparações entre a “fé” de Constantino na Providência divina e a de Lênin e Trotsky na Revolução) e continuando a se declarar ateu, Veyne não desconhece o significado da experiência religiosa e da crença em Deus, evitando transformar o “ateísmo metodológico” numa ferramenta direcionada a produzir anacronismos.
A conversão de Constantino foi genuína, não obra de um estrategista pragmático. Um apêndice sobre a noção de Deus no judaísmo foi incluído no livro para demonstrar como a crença pode ser atrativa inclusive para pessoas inteligentes. Outro capítulo apresenta a igreja cristã como instituição dinâmica e de vanguarda, discutindo com as visões que se consagraram a partir da erudição oitocentista, que colocou a religião e a instituição eclesiástica no limbo das superstições tolas e infundadas. Ainda um outro capítulo discute a questão da religião como ideologia capaz de sustentar governos, ideia marxista que Veyne nega: a existência de religiões em coabitação com regimes monárquicos está mais para coincidência que para relações diretas de causa e efeito.
Do mesmo modo o autor reflete em capítulo próprio sobre se a Europa atual tem “raízes cristãs”. A conclusão é que não, senão no sentido de que muita gente ali se professa cristã, só que mais por tradição que por decisão. Há outras marcas mais profundas na identidade européia, e nada do que se identifica com a civilização ocidental é necessariamente derivada do cristianismo – seria mais correto falar numa Europa universalista, ou no domínio do Estado de Direito, do que falar numa “Europa cristã”.
A análise que Veyne faz do cristianismo de Constantino demonstra que as implicações não são determinantes. Não havia cálculo político do imperador em adotar uma religião minoritária. Tampouco o cristianismo passou a ser a religião oficial – era apenas a religião pessoal do imperador, que beneficiou a igreja como pode, mas sempre dentro dos limites de sua atuação pessoal. A transformação em religião oficial deveu-se a fatores como a decadência própria do paganismo, o cálculo político dos oportunistas que adotavam a religião beneficiada pelo imperador, ou ainda os casuísmos que transformaram uma disputa pelo trono em uma guerra religiosa entre cristianismo e paganismo, em 394.
Para Veyne não houve nada ao longo do século IV que indicasse que o cristianismo se tornaria a religião dominante, ou que o império se tornaria cristão. Foi tudo uma sucessão de eventos fortuitos (como tudo o mais na história – é o que ele tenta nos dizer), como a curta duração da vida e do reinado de Juliano, que promoveu uma restauração pagã entre 361-363. O apoio à Igreja no reinado de Constantino foi um capricho pessoal do imperador, que podia muito bem ser revertido pelo próximo monarca.
Quando, no fim do século IV, o cristianismo se tornou a única religião do império, continuou coexistindo com judeus e pagãos (um capítulo sobre judaísmo e cristianismo demonstra a impressionante continuidade até o massacre nazista). Religião tolerada, depois promovida pelo imperador, e finalmente oficial do Império, a transição para o cristianismo entre 312 e 394 não significou a extinção do paganismo. A nova religião assimilou, e manteve (ou apenas tolerou) costumes pagãos que tinham formado o jeito de viver do povo: gladiadores, feras, circo, devoção aos santos e às relíquias.
Constantino se tornou um paradigma do cristianismo nascente: converteu-se sozinho, sem pregação de teólogo ou bispo. Não se batizou, senão no leito de morte, e por isso não participava dos cultos e não tomava a comunhão. Pregava para sua corte, construía igrejas, beneficiava os bispos, organizava e presidia concílios, perseguia hereges, fomentava a ortodoxia. A fé nunca mais seria a mesma, tornando constante aquele mal-estar causado em leitores sinceros do Novo Testamento quando se deparavam com as diferenças entre a igreja institucional e a vida do Cristo e dos Apóstolos. Nos tempos de Constantino o cristianismo deixou de ser uma vanguarda radical e proselitista, tornando-se costume normal de uma vasta população.
::: Quando nosso mundo se tornou cristão (312-394) ::: Paul Veyne :::
::: Civilização Brasileira, 2010, 288 páginas
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Um adeus ao gigante
Hoje mais um amigo fiel foi embora. Após 10 anos e 2 meses de uma vida feliz, o Jordan, meu grande cão branco da raça húngara kuvasz, partiu.
Se existir o céu dos cachorros, lá ele foi recebido pelo seu irmão de outra raça, o River (um golden retriever) que já havia nos deixado um ano atrás.
Apesar de ilusória, é confortadora a fantasia de vê-los se reencontrando e brincando de novo num imenso gramado verdinho no frescor da manhã.
Dos três mosqueteiros que alegravam a casa, resta um samoieda, o Yerik, que com toda aquela energia, suprirá em boa parte a saudade de seus irmãos por pelo menos mais uns 5 anos.
Apesar do seu tamanho (distribuído em 50kg de pura força), o Jordan sempre foi um companheirão. Turrão com estranhos, se desmanchava todo em doses cavalares de amor e carinho para com a sua família.
Sempre despontava na janela (como na foto ao lado) querendo uma "conversa" ou um agrado.
Independente que era, sabia dosar os momentos de companhia com o de solidão, já que desde filhote (já gigante) assumiu a função de guardião da casa, e a desempenhava com aquela fidelidade e presteza típica dos melhores cães.
Não gostava muito de receber ordens, mas tinha a sensibilidade de entender, na entonação da voz do seu dono, quando tinha passado dos limites e logo tratava de obedecê-lo. Embora tivesse força bruta para resistir a qualquer comando, a doçura sempre imperava.
Pelo seu porte e sua beleza canina, era sempre o centro das atenções por onde passava, desfilando pela rua no seu ritmo lento e sossegado, de quem apenas queria mostrar ao mundo o quanto era amado.
Muita gente soube que existe a raça kuvasz por tê-lo visto e admirado. Agora resta não só a saudade, mas também a certeza de que além de ter vivido, proporcionou a todos os que com ele conviveram, uma vida muito feliz. Obrigado, Jordão!
Se existir o céu dos cachorros, lá ele foi recebido pelo seu irmão de outra raça, o River (um golden retriever) que já havia nos deixado um ano atrás.
Apesar de ilusória, é confortadora a fantasia de vê-los se reencontrando e brincando de novo num imenso gramado verdinho no frescor da manhã.
Dos três mosqueteiros que alegravam a casa, resta um samoieda, o Yerik, que com toda aquela energia, suprirá em boa parte a saudade de seus irmãos por pelo menos mais uns 5 anos.
Apesar do seu tamanho (distribuído em 50kg de pura força), o Jordan sempre foi um companheirão. Turrão com estranhos, se desmanchava todo em doses cavalares de amor e carinho para com a sua família.
Sempre despontava na janela (como na foto ao lado) querendo uma "conversa" ou um agrado.
Independente que era, sabia dosar os momentos de companhia com o de solidão, já que desde filhote (já gigante) assumiu a função de guardião da casa, e a desempenhava com aquela fidelidade e presteza típica dos melhores cães.
Não gostava muito de receber ordens, mas tinha a sensibilidade de entender, na entonação da voz do seu dono, quando tinha passado dos limites e logo tratava de obedecê-lo. Embora tivesse força bruta para resistir a qualquer comando, a doçura sempre imperava.
Pelo seu porte e sua beleza canina, era sempre o centro das atenções por onde passava, desfilando pela rua no seu ritmo lento e sossegado, de quem apenas queria mostrar ao mundo o quanto era amado.
Muita gente soube que existe a raça kuvasz por tê-lo visto e admirado. Agora resta não só a saudade, mas também a certeza de que além de ter vivido, proporcionou a todos os que com ele conviveram, uma vida muito feliz. Obrigado, Jordão!
Hoje qualquer miserável tem um carro
No post anterior, o Marcelo Adnet fazia piada com o tema, mas hoje é Luiz Carlos Prates, comentarista da RBS/TV, afiliada à Rede Globo em Santa Catarina, que - falando sério! - não consegue conter o preconceito contra a classe emergente. A realidade se revela muito mais dura que a ficção bem humorada de Adnet:
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Hélio Pariz
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11:29
Hoje qualquer miserável tem um carro
2010-11-16T11:29:00-02:00
Hélio Pariz
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010
A elite revoltada com o resultado das eleições
por Marcelo Adnet:
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Hélio Pariz
às
17:48
A elite revoltada com o resultado das eleições
2010-11-15T17:48:00-02:00
Hélio Pariz
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A síndrome do fanático sincero
Num artigo publicado recentemente no diário La República, da Costa Rica, Juan Manuel Villasuso escreve sobre a “síndrome do fanático sincero”, algo que eu desconhecia com este título, mas de certa forma já havia abordado en passant aqui no texto “O conto do bilhete premiado”. Agradeço ao Sérgio Cerqueira por ter me alertado sobre este excelente artigo do Villasuso, leitura altamente recomendada, ainda que em espanhol de fácil entendimento. O que ele comenta, numa rápida síntese, é sobre Lamar Keene, que se apresentou como o “príncipe dos médiuns” seguidas vezes nos Estados Unidos em 1976, em sessões espíritas em que ele supostamente conversava com os mortos e conduzia "experiências" inexplicáveis à razão. Algum tempo depois de ganhar muito dinheiro com isso, escreveu o livro “A Máfia Psíquica”, em que revelou os truques que havia utilizado para enganar os seus espectadores e seguidores (veja o vídeo abaixo).
Até aí, nada de novo no front, mas Keene analisou também a reação que muitas pessoas – que haviam acreditado na sua performance como, digamos, “sensitivo” – tiveram DEPOIS dele ter revelado a farsa. Elas se recusaram a aceitar que tudo não havia passado da mais grossa picaretagem embelezada com truques nem tão sofisticados. Estranhamente, elas continuaram convencidas de que haviam presenciado verdadeiramente um evento paranormal mesmo depois do desmentido. É este o fenômeno conhecido como “síndrome do fanático sincero”, que resume uma desordem cognitiva que leva o indivíduo comum a acreditar no inacreditável, mesmo que o simples emprego da razão e do bom senso o desmintam categoricamente. O fanático sincero, quanto mais se demonstra a fantasia, contradição lógica ou falsidade da sua crença, mais ele se agarra a esta “fé” derrubada por todas as evidências, de tal maneira que passa a crer que são os outros que estão errados ao não compreender e validar a sua estupidez e, muitas vezes, passa a tratá-los como inimigos e conspiradores. Aqui as conclusões de Keene batem com a do psicólogo social Eric Hoffer, que analisou o fenômeno que ele denomina de “verdadeiros crentes”, que são pessoas que se ajuntam em grupos e organizações de maneira sectária com o fim de reforçar suas crenças e nutrir a sua intolerância para com aqueles que são de fora.
O “fanático sincero” não é um imbecil, um sujeito de pouca instrução ou um desequilibrado mental. É alguém que convive normalmente na sociedade, ocupando muitas vezes um lugar de destaque, mas desenvolve uma espécie de patologia pela crença em algo absurdo que já foi cabalmente desmentido pela razão, o que lhe acarreta uma atitude intolerante, uma cegueira diante da realidade e um profundo desprezo por quem não compartilha da sua “fé”. Villasuso conclui que, felizmente, o número de “fanáticos sinceros” é reduzido e a ampla maioria das pessoas não padece desta desordem cognitiva e está disposta a escutar pontos de vistas divergentes e debatê-los de forma civilizada, pelo que finaliza: “sobre este diálogo se constrói a convivência e se consolida a democracia, ainda que o perigo esteja sempre latente”.
Retornando ao “conto do bilhete premiado”, reconheço que o tema é inesgotável e merece sempre novas revisões e ampliações, mas me parece que dentro do âmbito da religião, em que o senso crítico é naturalmente reduzido pela presença de um líder carismático que reforça reiteradamente a sua condição de “profeta ungido” (portanto, inquestionável) e não admite qualquer farsa ou erro, haja muito mais “fanáticos sinceros” do que o nosso olho nu possa discernir. Não raras vezes, eles se julgam os “iluminados” duelando contra todos aqueles que ainda não atingiram o seu nível de “iluminação” nem conseguem entender o motivo de sua obediência cega a um falso profeta. Contra toda a razão e a lógica, se orgulham de ser irracionais e ilógicos apelando para o que chamam - equivocadamente - de "sobrenatural" e "radical", fechando-se em guetos e movendo-se por discursos mitômanos e megalômanos que apenas reforçam a sua alienação. Triste assim.
Até aí, nada de novo no front, mas Keene analisou também a reação que muitas pessoas – que haviam acreditado na sua performance como, digamos, “sensitivo” – tiveram DEPOIS dele ter revelado a farsa. Elas se recusaram a aceitar que tudo não havia passado da mais grossa picaretagem embelezada com truques nem tão sofisticados. Estranhamente, elas continuaram convencidas de que haviam presenciado verdadeiramente um evento paranormal mesmo depois do desmentido. É este o fenômeno conhecido como “síndrome do fanático sincero”, que resume uma desordem cognitiva que leva o indivíduo comum a acreditar no inacreditável, mesmo que o simples emprego da razão e do bom senso o desmintam categoricamente. O fanático sincero, quanto mais se demonstra a fantasia, contradição lógica ou falsidade da sua crença, mais ele se agarra a esta “fé” derrubada por todas as evidências, de tal maneira que passa a crer que são os outros que estão errados ao não compreender e validar a sua estupidez e, muitas vezes, passa a tratá-los como inimigos e conspiradores. Aqui as conclusões de Keene batem com a do psicólogo social Eric Hoffer, que analisou o fenômeno que ele denomina de “verdadeiros crentes”, que são pessoas que se ajuntam em grupos e organizações de maneira sectária com o fim de reforçar suas crenças e nutrir a sua intolerância para com aqueles que são de fora.
O “fanático sincero” não é um imbecil, um sujeito de pouca instrução ou um desequilibrado mental. É alguém que convive normalmente na sociedade, ocupando muitas vezes um lugar de destaque, mas desenvolve uma espécie de patologia pela crença em algo absurdo que já foi cabalmente desmentido pela razão, o que lhe acarreta uma atitude intolerante, uma cegueira diante da realidade e um profundo desprezo por quem não compartilha da sua “fé”. Villasuso conclui que, felizmente, o número de “fanáticos sinceros” é reduzido e a ampla maioria das pessoas não padece desta desordem cognitiva e está disposta a escutar pontos de vistas divergentes e debatê-los de forma civilizada, pelo que finaliza: “sobre este diálogo se constrói a convivência e se consolida a democracia, ainda que o perigo esteja sempre latente”.
Retornando ao “conto do bilhete premiado”, reconheço que o tema é inesgotável e merece sempre novas revisões e ampliações, mas me parece que dentro do âmbito da religião, em que o senso crítico é naturalmente reduzido pela presença de um líder carismático que reforça reiteradamente a sua condição de “profeta ungido” (portanto, inquestionável) e não admite qualquer farsa ou erro, haja muito mais “fanáticos sinceros” do que o nosso olho nu possa discernir. Não raras vezes, eles se julgam os “iluminados” duelando contra todos aqueles que ainda não atingiram o seu nível de “iluminação” nem conseguem entender o motivo de sua obediência cega a um falso profeta. Contra toda a razão e a lógica, se orgulham de ser irracionais e ilógicos apelando para o que chamam - equivocadamente - de "sobrenatural" e "radical", fechando-se em guetos e movendo-se por discursos mitômanos e megalômanos que apenas reforçam a sua alienação. Triste assim.
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Hélio Pariz
às
09:27
A síndrome do fanático sincero
2010-11-15T09:27:00-02:00
Hélio Pariz
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sábado, 13 de novembro de 2010
A síndrome do turista paulista
Em qualquer lugar do mundo, o turista é – por definição – um bobo.
Longe das suas obrigações e do seu cotidiano tedioso, destranca o bolso e se dispõe a aceitar tudo com a mais feliz – e indisfarçável - resignação.
Pacotes desorganizados, roteiros esdrúxulos, extravios de bagagem, passeios caríssimos, restaurantes medonhos, agentes desonestos ou incompetentes, paisagens deterioradas, hotéis decadentes, praias poluídas, souvenires ridículos e recuerdos inúteis, enfim, tudo se absorve com um sorriso constrangido, dentro do seu propósito maior que é não ter que admitir jamais que suas férias foram frustradas por qualquer razão, mesmo que para isso precise de doses cavalares de autoengano.
Em São Paulo, entretanto, o turista é um bobo arrogante e satisfeito só pelo fato de ser paulista, o que - na sua limitada visão - lhe faz crer que é uma criatura especial.
Alguns dias atrás, depois de três anos sem passar por lá, em razão da urgência, resolvi viajar pela rodovia Castello Branco em vez de pegar a Raposo Tavares, como costumeiramente tenho feito, economizando só em pedágios mais de R$ 70,00 em cada ida-e-volta, como já tive oportunidade de demonstrar em outro texto deste blog.
Três anos sem passar pela Castello Branco fazem com que a gente veja tudo com outros olhos.
De fato, a viagem é rápida e segura, mas o preço que se paga por isso é abusivo. Não só de pedágio, diga-se de passagem, mas também pelo combustível e pelos serviços que são fornecidos ao longo da via.
Nada justifica que se paguem valores tão exorbitantes por um litro de gasolina, uma coca-cola ou um misto quente, mas sempre haverá turistas paulistas dispostos a desembolsar o quanto for para tornar a sua viagem pretensamente mais agradável, ainda que muito mais cara.
Afinal, ele imagina que não tem outra opção, como as rodovias paralelas mais baratas, e a conveniência momentânea, ainda que cara, se torna irrecusável.
De certa forma, essa viagem espelha a situação política por que passa o Estado de São Paulo há dezesseis anos.
Com o próximo mandato garantido, o PSDB governará o Estado por vinte anos seguidos, sem que nenhum índice de desenvolvimento ou melhora dos serviços públicos justifique tamanha satisfação popular.
O eleitor paulista é uma espécie de passageiro em viagem turística pelo próprio Estado. Tudo está bom, tudo está maravilhoso, mesmo que esteja pagando muito caro por isso.
Independentemente da capacidade gerencial de um governo, a perpetuação de um partido no poder sinaliza que tudo está bem e nada precisa ser melhorado.
No monolítico sistema de partido único que evita a alternância administrativa no Estado, os eleitores paulistas são os turistas e o PSDB é o agente de viagem que distribui aqueles lindos folhetos turísticos com imagens paradisíacas, folhetos esses que são muito bem representados pelos órgãos da imprensa paulista, que vê (quando vê) o Estado pelas lentes cor-de-rosa dos discursos oficiais, omitindo as letras miúdas que ocultam o preço abusivo do custo de vida aqui.
Há um silêncio obsequioso e mórbido na imprensa de São Paulo, concentrada que está nos problemas nacionais e mundiais, talvez por (querer e fazer) acreditar que todos os problemas do Estado já foram resolvidos, o paraíso é aqui, e a inércia coletiva propulsiona a locomotiva paulista no imenso vácuo de ideias (e principalmente críticas e investigações) que envolve a todos.
Neste roteiro de convicções pré-fabricadas, cobranças inexistentes e dissensos calados, soa estranho alguém destoar dizendo que a viagem não vale a pena e a relação custo/benefício está viciada e merece - no mínimo - ser melhor analisada.
Os paulistas parecem padecer de uma estranha forma de síndrome de Estocolmo, aquela anomalia em que os reféns se ligam visceralmente a seus sequestradores.
É óbvio que o PSDB tem suas qualidades e não sequestrou ninguém, mas o eleitorado paulista, voluntariamente e a perder de vista, entregou seu coração, seu destino e um cheque em branco aos tucanos.
É sempre possível uma administração melhor e uma outra maneira de fazer política no Estado de São Paulo, mas sequer novas lideranças surgem, pois o passeio já foi estabelecido e os guias são os mesmos de décadas atrás.
O voto, para eles, é mera formalidade, um voucher perpétuo que se renova automaticamente a cada quatro anos.
Afinal, aproveitando a péssima rima, o eleitor paulista é mesmo um turista.
Longe das suas obrigações e do seu cotidiano tedioso, destranca o bolso e se dispõe a aceitar tudo com a mais feliz – e indisfarçável - resignação.
Pacotes desorganizados, roteiros esdrúxulos, extravios de bagagem, passeios caríssimos, restaurantes medonhos, agentes desonestos ou incompetentes, paisagens deterioradas, hotéis decadentes, praias poluídas, souvenires ridículos e recuerdos inúteis, enfim, tudo se absorve com um sorriso constrangido, dentro do seu propósito maior que é não ter que admitir jamais que suas férias foram frustradas por qualquer razão, mesmo que para isso precise de doses cavalares de autoengano.
Em São Paulo, entretanto, o turista é um bobo arrogante e satisfeito só pelo fato de ser paulista, o que - na sua limitada visão - lhe faz crer que é uma criatura especial.
Alguns dias atrás, depois de três anos sem passar por lá, em razão da urgência, resolvi viajar pela rodovia Castello Branco em vez de pegar a Raposo Tavares, como costumeiramente tenho feito, economizando só em pedágios mais de R$ 70,00 em cada ida-e-volta, como já tive oportunidade de demonstrar em outro texto deste blog.
Três anos sem passar pela Castello Branco fazem com que a gente veja tudo com outros olhos.
De fato, a viagem é rápida e segura, mas o preço que se paga por isso é abusivo. Não só de pedágio, diga-se de passagem, mas também pelo combustível e pelos serviços que são fornecidos ao longo da via.
Nada justifica que se paguem valores tão exorbitantes por um litro de gasolina, uma coca-cola ou um misto quente, mas sempre haverá turistas paulistas dispostos a desembolsar o quanto for para tornar a sua viagem pretensamente mais agradável, ainda que muito mais cara.
Afinal, ele imagina que não tem outra opção, como as rodovias paralelas mais baratas, e a conveniência momentânea, ainda que cara, se torna irrecusável.
De certa forma, essa viagem espelha a situação política por que passa o Estado de São Paulo há dezesseis anos.
Com o próximo mandato garantido, o PSDB governará o Estado por vinte anos seguidos, sem que nenhum índice de desenvolvimento ou melhora dos serviços públicos justifique tamanha satisfação popular.
O eleitor paulista é uma espécie de passageiro em viagem turística pelo próprio Estado. Tudo está bom, tudo está maravilhoso, mesmo que esteja pagando muito caro por isso.
Independentemente da capacidade gerencial de um governo, a perpetuação de um partido no poder sinaliza que tudo está bem e nada precisa ser melhorado.
No monolítico sistema de partido único que evita a alternância administrativa no Estado, os eleitores paulistas são os turistas e o PSDB é o agente de viagem que distribui aqueles lindos folhetos turísticos com imagens paradisíacas, folhetos esses que são muito bem representados pelos órgãos da imprensa paulista, que vê (quando vê) o Estado pelas lentes cor-de-rosa dos discursos oficiais, omitindo as letras miúdas que ocultam o preço abusivo do custo de vida aqui.
Há um silêncio obsequioso e mórbido na imprensa de São Paulo, concentrada que está nos problemas nacionais e mundiais, talvez por (querer e fazer) acreditar que todos os problemas do Estado já foram resolvidos, o paraíso é aqui, e a inércia coletiva propulsiona a locomotiva paulista no imenso vácuo de ideias (e principalmente críticas e investigações) que envolve a todos.
Neste roteiro de convicções pré-fabricadas, cobranças inexistentes e dissensos calados, soa estranho alguém destoar dizendo que a viagem não vale a pena e a relação custo/benefício está viciada e merece - no mínimo - ser melhor analisada.
Os paulistas parecem padecer de uma estranha forma de síndrome de Estocolmo, aquela anomalia em que os reféns se ligam visceralmente a seus sequestradores.
É óbvio que o PSDB tem suas qualidades e não sequestrou ninguém, mas o eleitorado paulista, voluntariamente e a perder de vista, entregou seu coração, seu destino e um cheque em branco aos tucanos.
É sempre possível uma administração melhor e uma outra maneira de fazer política no Estado de São Paulo, mas sequer novas lideranças surgem, pois o passeio já foi estabelecido e os guias são os mesmos de décadas atrás.
O voto, para eles, é mera formalidade, um voucher perpétuo que se renova automaticamente a cada quatro anos.
Afinal, aproveitando a péssima rima, o eleitor paulista é mesmo um turista.
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Hélio Pariz
às
17:09
A síndrome do turista paulista
2010-11-13T17:09:00-02:00
Hélio Pariz
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Quando o santo baixa no teu celular
Notícia da Folha.com:
Empresa oferece download de santos para celular; veja "top 5" dos mais baixados
INARA CHAYAMITI
DE SÃO PAULO
Ao ler uma notícia sobre o uso do celular para fazer pagamentos, o empresário Lupércio Conde Jr., de Santos (litoral de SP), percebeu que o avanço da tecnologia acabará forçando mais uma aposentadoria: a da carteira. À época, perguntou-se: "E onde as pessoas vão colocar seus santinhos?"
Algum tempo depois, criou uma empresa que disponibiliza imagens de santos para celulares. De lá para cá, já foram 120 mil downloads em pouco mais de um ano.
Na terceira semana de testes da companhia Santo Protetor, a imagem da Nossa Senhora já superava a da dançarina Mulher Melancia no ranking das operadoras em cerca de 1.600 downloads. Veja "top 5" dos santos mais baixados no vídeo abaixo.
Empresa oferece download de santos para celular; veja "top 5" dos mais baixados
INARA CHAYAMITI
DE SÃO PAULO
Ao ler uma notícia sobre o uso do celular para fazer pagamentos, o empresário Lupércio Conde Jr., de Santos (litoral de SP), percebeu que o avanço da tecnologia acabará forçando mais uma aposentadoria: a da carteira. À época, perguntou-se: "E onde as pessoas vão colocar seus santinhos?"
Algum tempo depois, criou uma empresa que disponibiliza imagens de santos para celulares. De lá para cá, já foram 120 mil downloads em pouco mais de um ano.
Na terceira semana de testes da companhia Santo Protetor, a imagem da Nossa Senhora já superava a da dançarina Mulher Melancia no ranking das operadoras em cerca de 1.600 downloads. Veja "top 5" dos santos mais baixados no vídeo abaixo.
Cada assinatura semanal custa entre R$ 4,50 e R$ 4,99 (dependendo da operadora). Além do santinho digital, o pacote inclui duas mensagens diárias com trechos da Bíblia.
Em um cruzamento de dados, Lupércio descobriu que, entre os 120 milhões de brasileiros católicos, 83 milhões têm celular com tecnologia compatível com o serviço.
E a matéria prima da companhia é vasta. Dos mais de 180 mil santos católicos, o empresário utilizou até agora 70. Não há necessidade de pagar direito de imagem pela utilização dos santos, já que as figuras são de domínio público. Também é possível encomendar o padroeiro favorito. O prazo de entrega é de três semanas.
O investimento inicial de R$ 250 mil ainda não foi totalmente recuperado, segundo o empresário. A companhia gasta também com divulgação e tenta diversificar seus produtos --em camisetas, adesivos e cadernos.
Além do contrato com operadoras, Lupércio ainda precisa do apoio de uma empresa parceira focada em soluções tecnológicas, que ajuda a distribuir seu conteúdo.
Questionado sobre uma provável desaprovação da Igreja Católica, o empresário diz contar com aval (teórico) do próprio Bento 16: "O papa pede que os padres coloquem a palavra de Deus em mídias que se aproximem do povo. A digitalização da fé da religião é uma coisa sem volta".
Em um cruzamento de dados, Lupércio descobriu que, entre os 120 milhões de brasileiros católicos, 83 milhões têm celular com tecnologia compatível com o serviço.
E a matéria prima da companhia é vasta. Dos mais de 180 mil santos católicos, o empresário utilizou até agora 70. Não há necessidade de pagar direito de imagem pela utilização dos santos, já que as figuras são de domínio público. Também é possível encomendar o padroeiro favorito. O prazo de entrega é de três semanas.
O investimento inicial de R$ 250 mil ainda não foi totalmente recuperado, segundo o empresário. A companhia gasta também com divulgação e tenta diversificar seus produtos --em camisetas, adesivos e cadernos.
Além do contrato com operadoras, Lupércio ainda precisa do apoio de uma empresa parceira focada em soluções tecnológicas, que ajuda a distribuir seu conteúdo.
Questionado sobre uma provável desaprovação da Igreja Católica, o empresário diz contar com aval (teórico) do próprio Bento 16: "O papa pede que os padres coloquem a palavra de Deus em mídias que se aproximem do povo. A digitalização da fé da religião é uma coisa sem volta".
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Hélio Pariz
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18:31
Quando o santo baixa no teu celular
2010-11-12T18:31:00-02:00
Hélio Pariz
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terça-feira, 9 de novembro de 2010
Pintos Shopping
O Brasil é mesmo o país da piada pronta. Depois da piada involuntária do Ford Pinto, agora o Reynaldo Gianecchini faz propaganda do Pintos Shopping de Teresina (PI), com o slogan "tudo o que você mais gosta no lugar que você sempre quis" !!! Mas será que o povo só pensa nisso, caramba?
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Hélio Pariz
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22:26
Pintos Shopping
2010-11-09T22:26:00-02:00
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Esperteza americana
E quem disse que no futebol americano também não tem malandragem?
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Hélio Pariz
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16:03
Esperteza americana
2010-11-09T16:03:00-02:00
Hélio Pariz
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A eleição e os evangélicos
Petista evangélico questiona avaliação de marqueteiro
Para Walter Pinheiro, "nunca houve ofensiva de marketing" para caso Erenice, e boatos de temas religiosos levaram eleição ao 2º turno
FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
Walter Pinheiro, deputado federal e senador eleito pelo PT da Bahia, contesta a interpretação do marqueteiro João Santana, que no domingo, na Folha, apontou que o caso Erenice Guerra foi responsável pela eleição ter ido ao segundo turno.
Para ele, evangélico da Igreja Batista da Pituba, em Salvador, a onda de boatos de cunho religioso teve muito mais impacto.
"Caso contrário, por que para o caso Erenice não foram feitas declarações públicas e ações de marketing, mas sim para conter a onda de boatos e mentiras na área religiosa contra Dilma?"
Segundo pesquisa Datafolha de 8 de outubro, porém, cerca de 75% das perdas de votos da petista no primeiro turno ocorreram por conta dos escândalos recentes no governo. O restante, por questões ligadas à religião.
Pinheiro, 51, eleito com 3,6 milhões de votos, é um dos expoentes da ala religiosa mais conservadora do PT. Ele tomou a iniciativa de ligar para o jornal e expressar as divergências com o marqueteiro de Dilma e do PT.
Folha - O sr. então discorda da avaliação da relevância do caso Erenice para levar a eleição para o segundo turno?
Walter Pinheiro - Se esse caso fosse determinante, teria merecido de nós algumas ofensivas. Teríamos de ter tido uma tática eleitoral e de marketing para solucionar o assunto. Isso não foi feito.
Se o caso Erenice foi tão bombástico e nos levou ao segundo turno, temos de admitir que esse episódio se dissipou ao vento, por si só.
Até porque nunca houve grande ofensiva de marketing a respeito.
Na sua avaliação, a onda religiosa foi mais determinante?
Claro. A rede de boatos e ataques apócrifos dizendo que o PT apoiava o projeto de lei sobre homofobia e que iria restringir a liberdade de culto religioso.
A divulgação de que Dilma teria dito que nem Jesus Cristo tiraria a vitória dela. Foram milhões de mensagens com esse teor.
E o que foi feito?
Exatamente este é o ponto. Nesse caso, houve grande mobilização do partido e dos aliados. Falamos com padres católicos, com líderes de várias religiões. Aliás, as duas campanhas se mobilizaram para incluir religiosos.
Quem atuou e como?
Vários de nós. Entre outros, os senadores Marcelo Crivella [PRB-RJ] e Magno Malta [PR-ES], o deputado bispo Rodovalho [PP-DF] e eu [do lado evangélico]. Além de Gilberto Carvalho [chefe de gabinete do presidente Lula, com trânsito entre católicos].
Fomos a quase todas as capitais. Distribuímos quase 40 milhões de cópias da mensagem de Dilma sobre religião.
Mas isso indica que necessariamente o tema religioso foi o determinante?
Mas então me diga que tipo de documento Dilma assinou sobre o caso Erenice? Por outro lado, veja o que se passou sobre esses temas religiosos. Mesmo o ato de Dilma com artistas foi dirigido por Leonardo Boff, teólogo.
Ou seja, na sua avaliação, João Santana cometeu uma interpretação equivocada?
Acho que ele não teve a sensibilidade de perceber o verdadeiro fator. Tenta fazer uma leitura dizendo que foi um caso político e não de foro íntimo/religioso.
Se realmente o debate religioso foi só "uma vírgula", como ele falou, por que o publicitário não fez vacina para o caso Erenice? Ele estava no marketing, eu estava na rua.
FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
Walter Pinheiro, deputado federal e senador eleito pelo PT da Bahia, contesta a interpretação do marqueteiro João Santana, que no domingo, na Folha, apontou que o caso Erenice Guerra foi responsável pela eleição ter ido ao segundo turno.
Para ele, evangélico da Igreja Batista da Pituba, em Salvador, a onda de boatos de cunho religioso teve muito mais impacto.
"Caso contrário, por que para o caso Erenice não foram feitas declarações públicas e ações de marketing, mas sim para conter a onda de boatos e mentiras na área religiosa contra Dilma?"
Segundo pesquisa Datafolha de 8 de outubro, porém, cerca de 75% das perdas de votos da petista no primeiro turno ocorreram por conta dos escândalos recentes no governo. O restante, por questões ligadas à religião.
Pinheiro, 51, eleito com 3,6 milhões de votos, é um dos expoentes da ala religiosa mais conservadora do PT. Ele tomou a iniciativa de ligar para o jornal e expressar as divergências com o marqueteiro de Dilma e do PT.
Folha - O sr. então discorda da avaliação da relevância do caso Erenice para levar a eleição para o segundo turno?
Walter Pinheiro - Se esse caso fosse determinante, teria merecido de nós algumas ofensivas. Teríamos de ter tido uma tática eleitoral e de marketing para solucionar o assunto. Isso não foi feito.
Se o caso Erenice foi tão bombástico e nos levou ao segundo turno, temos de admitir que esse episódio se dissipou ao vento, por si só.
Até porque nunca houve grande ofensiva de marketing a respeito.
Na sua avaliação, a onda religiosa foi mais determinante?
Claro. A rede de boatos e ataques apócrifos dizendo que o PT apoiava o projeto de lei sobre homofobia e que iria restringir a liberdade de culto religioso.
A divulgação de que Dilma teria dito que nem Jesus Cristo tiraria a vitória dela. Foram milhões de mensagens com esse teor.
E o que foi feito?
Exatamente este é o ponto. Nesse caso, houve grande mobilização do partido e dos aliados. Falamos com padres católicos, com líderes de várias religiões. Aliás, as duas campanhas se mobilizaram para incluir religiosos.
Quem atuou e como?
Vários de nós. Entre outros, os senadores Marcelo Crivella [PRB-RJ] e Magno Malta [PR-ES], o deputado bispo Rodovalho [PP-DF] e eu [do lado evangélico]. Além de Gilberto Carvalho [chefe de gabinete do presidente Lula, com trânsito entre católicos].
Fomos a quase todas as capitais. Distribuímos quase 40 milhões de cópias da mensagem de Dilma sobre religião.
Mas isso indica que necessariamente o tema religioso foi o determinante?
Mas então me diga que tipo de documento Dilma assinou sobre o caso Erenice? Por outro lado, veja o que se passou sobre esses temas religiosos. Mesmo o ato de Dilma com artistas foi dirigido por Leonardo Boff, teólogo.
Ou seja, na sua avaliação, João Santana cometeu uma interpretação equivocada?
Acho que ele não teve a sensibilidade de perceber o verdadeiro fator. Tenta fazer uma leitura dizendo que foi um caso político e não de foro íntimo/religioso.
Se realmente o debate religioso foi só "uma vírgula", como ele falou, por que o publicitário não fez vacina para o caso Erenice? Ele estava no marketing, eu estava na rua.
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Hélio Pariz
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08:23
A eleição e os evangélicos
2010-11-09T08:23:00-02:00
Hélio Pariz
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segunda-feira, 8 de novembro de 2010
O Brasil não é bicolor
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Hélio Pariz
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13:43
O Brasil não é bicolor
2010-11-08T13:43:00-02:00
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Não fique pra titia!
Já inventaram o autocasamento! Confira a nossa seção de notícias insólitas com a matéria do Yahoo Notícias:
Taiunesa dá festa para casar consigo mesma
Dom, 07 Nov, 12h48
TAIPÉ, Taiwan (AFP) - Uma taiuanesa informou neste domingo que se casou consigo mesma depois de oferecer um banquete de casamento.
Chen Wei-yi, 30 anos, virou sensação na internet depois que anunciou seus planos de "autocasamento" no mês passado. A cerimônia aconteceu no sábado, num hotel de Taipé, e contou com a presença de 30 parentes e amigos.
"Casar comigo mesma é uma forma de mostrar que sou confiante e que me aceito como eu sou", declarou Chen, que trabalha num escritório.
"Devemos nos amar antes de podermos amar os outros. Eu devo casar comigo antes de casar com alguém especial", acerscentou.
A iniciativa de Chen ganhou adeptos em sua página no Facebook.
As autoridades taiuanesas afirmaram que muitas mulheres agora preferem se casar mais tarde ou ficar solteira, o que faz com que os índices de nascimento da ilha sejam um dos menores do mundo.
Taiunesa dá festa para casar consigo mesma
Dom, 07 Nov, 12h48
TAIPÉ, Taiwan (AFP) - Uma taiuanesa informou neste domingo que se casou consigo mesma depois de oferecer um banquete de casamento.
Chen Wei-yi, 30 anos, virou sensação na internet depois que anunciou seus planos de "autocasamento" no mês passado. A cerimônia aconteceu no sábado, num hotel de Taipé, e contou com a presença de 30 parentes e amigos.
"Casar comigo mesma é uma forma de mostrar que sou confiante e que me aceito como eu sou", declarou Chen, que trabalha num escritório.
"Devemos nos amar antes de podermos amar os outros. Eu devo casar comigo antes de casar com alguém especial", acerscentou.
A iniciativa de Chen ganhou adeptos em sua página no Facebook.
As autoridades taiuanesas afirmaram que muitas mulheres agora preferem se casar mais tarde ou ficar solteira, o que faz com que os índices de nascimento da ilha sejam um dos menores do mundo.
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Hélio Pariz
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09:34
Não fique pra titia!
2010-11-08T09:34:00-02:00
Hélio Pariz
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sábado, 6 de novembro de 2010
Dilma e Serra in love
E tudo terminou em... amor! Uma ótima edição de vídeo com Dilma e Serra em clima de Jane e Herondy...
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Hélio Pariz
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21:53
Dilma e Serra in love
2010-11-06T21:53:00-02:00
Hélio Pariz
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sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Os católicos moderados do sertão
Artigo publicado no Terra Magazine:
A "igreja moderada"
e o sertão moderno
e o sertão moderno
Edmilson Lopes Júnior
De Natal (RN)
Não é raro, nas coberturas jornalísticas sobre a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), referências a uma ala "moderada" da Igreja. Esta se caracterizaria por um prudente distanciamento tanto do cada vez mais minoritário setor identificado com a esquerda e também com os setores mais abertamente identificados como conservadores. Esse esquema simplista, embora não traduza bem a pluralidade da CNBB, fornece ao menos um indicativo do que ocorre no mundo mais rico, complexo e contraditório da igreja hegemônica no país. E, em verdade, não há porque se esperar algo muito mais sofisticado em se tratando de coberturas destinadas ao grande público. O problema, aí sim, é quando essa enviesada radiografia da Igreja Católica alicerça análises políticas. E, muito particularmente, avaliações sobre os seus supostos impactos no processo eleitoral.
Gostem ou não os "bem pensantes", reprodutores de lugares-comuns a respeito do comportamento eleitoral dos brasileiros, os eleitores têm, ao contrário do que acreditam muitos, produzido escolhas racionais e reflexivas nas últimas eleições. Nessas escolhas, a contribuição da Igreja Católica, especialmente no vasto território do semi-árido nordestino, não tem sido devidamente avaliada. O seu distanciamento do proselitismo político cria a falsa impressão de que o trabalho desenvolvido pela Igreja Católica no interior do Nordeste não tenha tido um peso significativo no apoio ao Governo Lula e na grande votação obtida por Dilma Rousseff nos municípios sertanejos.
Nas dioceses do semi-árido, durante décadas, bispos, padres e freiras têm buscado afirmar o seu compromisso cristão através do "exemplo", não da retórica. Daí o distanciamento cuidadoso que têm tido em relação à produção discursiva da esquerda tradicional. Embora dialoguem com sindicalistas e militantes da esquerda, esses religiosos procuraram, ao longo dos anos, afirmar outros valores. Dentre estes, "alívios" concretos para "o sofrimento do povo de Deus". A ausência de proselitismo político, e a desautorização da militância pastoral esquerdista, alimentam, em analistas superficiais, a visão de uma prática religiosa "apolítica" e sem impactos eleitorais vistosos. Nada mais equivocado!
As idéias e valores expressos nas práticas desses religiosos foram incorporados reflexivamente pela vasta população católica do interior do Nordeste. Durante um longo tempo, nas emissoras de rádio da Igreja, ainda detentoras de grande audiências sertão afora, e nas missas e encontros religiosos, as pessoas foram estimuladas a prática do "ver, julgar e agir". A não se deixar encantar pelos belos discursos. A noção de que o "exemplo" vale mais do que mil palavras, por exemplo, orienta as avaliações desses eleitores. Em um universo social no qual a "fala bonita dos doutores" sempre mereceu desconfiança, essa pregação encontrou terreno fértil.
Para esses religiosos, grande parte deles catalogados como "moderados", a própria relação com o sagrado tem sido objeto de uma reflexão socializada com os fieis. Cultiva-se, nesse meio, uma condenação à utilização da fé para outros meios. O que, à primeira vista, pareceria alimentar o apoliticismo, serve, na verdade, como uma vacina contra a introdução de temas religiosos na disputa eleitoral.
Para falar na língua da sociologia, a atuação da "igreja moderada" no interior do Nordeste, tem contribuído, como conseqüência não-intencional, para a emergência de um eleitorado mais reflexivo, mais atento aos interesses em jogo e muito ciente de quais as apostas que valem a pena. Em uma obra seminal para a sociologia, publicada no início do século XX, Max Weber apontou como a "ética protestante", como um efeito não intencional, alimentou o racionalismo característico do "moderno capitalismo". No início do século XXI, a senda analítica aberta pelo cientista social alemão talvez possa iluminar como uma prática religiosa tida como "moderada" e tradicional está alimentando uma prática política marcadamente moderna em um vasto território comumente descrito nos discursos carregados de etnocentrismo de classe média, como "grotões".
Edmilson Lopes Júnior é professor de sociologia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Gostem ou não os "bem pensantes", reprodutores de lugares-comuns a respeito do comportamento eleitoral dos brasileiros, os eleitores têm, ao contrário do que acreditam muitos, produzido escolhas racionais e reflexivas nas últimas eleições. Nessas escolhas, a contribuição da Igreja Católica, especialmente no vasto território do semi-árido nordestino, não tem sido devidamente avaliada. O seu distanciamento do proselitismo político cria a falsa impressão de que o trabalho desenvolvido pela Igreja Católica no interior do Nordeste não tenha tido um peso significativo no apoio ao Governo Lula e na grande votação obtida por Dilma Rousseff nos municípios sertanejos.
Nas dioceses do semi-árido, durante décadas, bispos, padres e freiras têm buscado afirmar o seu compromisso cristão através do "exemplo", não da retórica. Daí o distanciamento cuidadoso que têm tido em relação à produção discursiva da esquerda tradicional. Embora dialoguem com sindicalistas e militantes da esquerda, esses religiosos procuraram, ao longo dos anos, afirmar outros valores. Dentre estes, "alívios" concretos para "o sofrimento do povo de Deus". A ausência de proselitismo político, e a desautorização da militância pastoral esquerdista, alimentam, em analistas superficiais, a visão de uma prática religiosa "apolítica" e sem impactos eleitorais vistosos. Nada mais equivocado!
As idéias e valores expressos nas práticas desses religiosos foram incorporados reflexivamente pela vasta população católica do interior do Nordeste. Durante um longo tempo, nas emissoras de rádio da Igreja, ainda detentoras de grande audiências sertão afora, e nas missas e encontros religiosos, as pessoas foram estimuladas a prática do "ver, julgar e agir". A não se deixar encantar pelos belos discursos. A noção de que o "exemplo" vale mais do que mil palavras, por exemplo, orienta as avaliações desses eleitores. Em um universo social no qual a "fala bonita dos doutores" sempre mereceu desconfiança, essa pregação encontrou terreno fértil.
Para esses religiosos, grande parte deles catalogados como "moderados", a própria relação com o sagrado tem sido objeto de uma reflexão socializada com os fieis. Cultiva-se, nesse meio, uma condenação à utilização da fé para outros meios. O que, à primeira vista, pareceria alimentar o apoliticismo, serve, na verdade, como uma vacina contra a introdução de temas religiosos na disputa eleitoral.
Para falar na língua da sociologia, a atuação da "igreja moderada" no interior do Nordeste, tem contribuído, como conseqüência não-intencional, para a emergência de um eleitorado mais reflexivo, mais atento aos interesses em jogo e muito ciente de quais as apostas que valem a pena. Em uma obra seminal para a sociologia, publicada no início do século XX, Max Weber apontou como a "ética protestante", como um efeito não intencional, alimentou o racionalismo característico do "moderno capitalismo". No início do século XXI, a senda analítica aberta pelo cientista social alemão talvez possa iluminar como uma prática religiosa tida como "moderada" e tradicional está alimentando uma prática política marcadamente moderna em um vasto território comumente descrito nos discursos carregados de etnocentrismo de classe média, como "grotões".
Edmilson Lopes Júnior é professor de sociologia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
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Hélio Pariz
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11:23
Os católicos moderados do sertão
2010-11-05T11:23:00-02:00
Hélio Pariz
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quinta-feira, 4 de novembro de 2010
A banalização do mal
Os recentes episódios envolvendo declarações xenófobas e racistas de jovens decepcionados com o resultado das últimas eleições presidenciais acende o sinal amarelo para que todas as pessoas de bem, independentemente de coloração partidária, façam a sua parte na pregação da tolerância e do respeito à convivência democrática entre os diferentes setores da sociedade brasileira. O preconceito é - lamentavelmente - uma característica inerente à condição humana, sublimada, civilizadamente reprimida ou controlada na imensa maioria dos casos, mas é uma besta-fera que sempre está à espreita esperando o momento certo de atacar. Por isso, é importante relembrar como a população alemã foi enredada na barbárie nazista. Pessoas comuns foram sendo transformadas em monstros, muitas vezes sem se darem conta da suprema maldade em que imergiam. O mal era visto como algo banal. A revista Aventuras na História traz uma entrevista de Ian Kershaw, considerado o maior biógrafo de Adolf Hitler, em que ele diz que Hitler teve seu trabalho facilitado pelo silêncio dos cidadãos comuns, que se preocuparam mais com seus próprios umbigos do que com o que estava acontecendo à sua volta. Nas palavras de Kershaw, eles "viraram as costas para o diabo". Confira um trecho da entrevista reproduzida no blog História Viva:
Qual a relação entre o antissemitismo da população em geral e o do Partido Nazista?
Havia na Alemanha um antissemitismo latente muito difundido. Muitas pessoas achavam que os judeus eram poderosos demais, controlavam a economia e a mídia de massa. Mas elas não eram propensas a se engajar em ações violentas contra os judeus. Hitler era o mais radical dos radicais em termos de antissemitismo. Com o tempo, mais e mais pessoas foram absorvidas pelo Partido Nazista, que era determinado por essa necessidade patológica de expulsar os judeus. Mais as pessoas aderiam ao partido, mais estavam expostas a isso. E assim o antissemitismo dos radicais do partido se estendeu à burocracia de Estado, sem ter penetrado da mesma maneira no povo em sua maioria.
Quais foram os limites da penetração ideológica nazista?
A propaganda foi bem-sucedida na criação do mito do Führer como um grande líder carismático. Também foi importante para explorar o sentimento nacionalista dos alemães e na intensificação do ódio aos judeus. Mas, em outras áreas do dia a dia, a propaganda nazista não foi tão bem-sucedida. As pessoas se preocupavam mais com os problemas do cotidiano.
Uma das frases do senhor é constantemente citada: "A estrada para Auschwitz foi construída com ódio, mas pavimentada pela indiferença". Qual seu significado?
Quis dizer que a dinâmica das forças dirigentes que conduziram a Auschwitz foi provida por esse ódio patológico imbuído em Hitler. Mas, para muitas das pessoas comuns, os problemas de todo dia predominavam. É uma atitude de fechar os olhos, virar as costas para o diabo. A dinâmica do ódio da minoria obteve sucesso porque a maioria não se importava.
O senhor já disse que, se vivesse na Alemanha nazista, poderia estar tão confuso como o povo na época.
Situações e circunstâncias mudam indivíduos. Pessoas que fizeram coisas horríveis na era nazista eram antes perfeitamente comuns. Claro, todos gostaríamos de pensar que seríamos antinazistas. Mas a verdade é que a maioria de nós iria transigir com o regime. Ao se ajustar, você é cada vez mais sugado, e talvez vá acabar no Exército ou em alguma organização, onde fará coisas que, no sentido moral, serão aberrantes.
Qual a relação entre o antissemitismo da população em geral e o do Partido Nazista?
Havia na Alemanha um antissemitismo latente muito difundido. Muitas pessoas achavam que os judeus eram poderosos demais, controlavam a economia e a mídia de massa. Mas elas não eram propensas a se engajar em ações violentas contra os judeus. Hitler era o mais radical dos radicais em termos de antissemitismo. Com o tempo, mais e mais pessoas foram absorvidas pelo Partido Nazista, que era determinado por essa necessidade patológica de expulsar os judeus. Mais as pessoas aderiam ao partido, mais estavam expostas a isso. E assim o antissemitismo dos radicais do partido se estendeu à burocracia de Estado, sem ter penetrado da mesma maneira no povo em sua maioria.
Quais foram os limites da penetração ideológica nazista?
A propaganda foi bem-sucedida na criação do mito do Führer como um grande líder carismático. Também foi importante para explorar o sentimento nacionalista dos alemães e na intensificação do ódio aos judeus. Mas, em outras áreas do dia a dia, a propaganda nazista não foi tão bem-sucedida. As pessoas se preocupavam mais com os problemas do cotidiano.
Uma das frases do senhor é constantemente citada: "A estrada para Auschwitz foi construída com ódio, mas pavimentada pela indiferença". Qual seu significado?
Quis dizer que a dinâmica das forças dirigentes que conduziram a Auschwitz foi provida por esse ódio patológico imbuído em Hitler. Mas, para muitas das pessoas comuns, os problemas de todo dia predominavam. É uma atitude de fechar os olhos, virar as costas para o diabo. A dinâmica do ódio da minoria obteve sucesso porque a maioria não se importava.
O senhor já disse que, se vivesse na Alemanha nazista, poderia estar tão confuso como o povo na época.
Situações e circunstâncias mudam indivíduos. Pessoas que fizeram coisas horríveis na era nazista eram antes perfeitamente comuns. Claro, todos gostaríamos de pensar que seríamos antinazistas. Mas a verdade é que a maioria de nós iria transigir com o regime. Ao se ajustar, você é cada vez mais sugado, e talvez vá acabar no Exército ou em alguma organização, onde fará coisas que, no sentido moral, serão aberrantes.
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Hélio Pariz
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17:43
A banalização do mal
2010-11-04T17:43:00-02:00
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terça-feira, 2 de novembro de 2010
Rescaldo do voto religioso em 2010
Agora que os ânimos estão mais serenados, está na hora de começar a fazer uma avaliação do comportamento do voto religioso no 2º turno das eleições presidenciais de 2010, em que o tema do aborto mobilizou muitas lideranças das mais diferentes denominações contra a candidatura Dilma Rousseff (PT) e a favor de José Serra (PSDB). Muitas conclusões serão tiradas ao longo das próximas semanas, mas é interessante começar pelos dados da última pesquisa do Datafolha, fechada em 30/10/10. Como, ao contrário do que aconteceu no 1º turno, as pesquisas do 2º anteciparam o que se confirmou nas urnas eletrônicas, as intenções de voto do Datafolha parecem ser confiáveis para se avaliar o comportamento final do voto religioso, que teria se manifestado da seguinte maneira entre as religiões:
1) Católicos - Dilma 53% x 40% Serra
2) Evangélicos Pentecostais - Dilma 47% x 44% Serra
3) Evangélicos Não-Pentecostais - Dilma 45% x 45% Serra
4) Espíritas kardecistas - Dilma 44% x 48% Serra
5) Sem religião - Dilma 53% x 37% Serra
Percebe-se, numa primeira análise, que houve uma distribuição equilibrada dos votos entre os diferentes grupos, o que leva a crer que toda a campanha religiosa teve um efeito pequeno no resultado final. Os católicos e os não-religiosos teriam sido mais dilmistas e os espíritas ligeiramente mais serristas, enquanto os evangélicos teriam se dividido ao meio, com pequena vantagem para Dilma entre os pentecostais.
É curioso verificar que a campanha enfática de muitos líderes, inclusive com o papa Bento XVI se manifestando a três dias da eleição, não foi suficiente para influenciar a decisão de seus seguidores. Em Cachoeira Paulista (SP), por exemplo, sede do movimento católico carismático Canção Nova, Dilma teve 50,25% dos votos contra 49,75% de Serra, um resultado bem diferente do Estado de São Paulo como um todo, em que o tucano teve 9 pontos percentuais a mais que a petista. Também em Guarulhos (SP), onde o bispo católico local, D. Luiz Gonzaga Bergonzini, fez uma intensa campanha contra Dilma, a candidata teve 49,05% dos votos.
Por seu lado, regiões de forte presença evangélica também não acompanharam o juízo político de seus líderes. Em Quinze de Novembro (RS), tida como a cidade proporcionalmente mais evangélica do país (cerca de 80% dos 3.600 habitantes), houve um quase empate (Serra 50,19% x 49,81% Dilma). Já Arabutã (SC), que tem a mesma proporção de evangélicos, deu a Dilma a vitória por 59,78% a 40,22%. Palmas (TO), que é a capital mais evangélica do Brasil (cerca de 1/4 da população) também preferiu Dilma (54,13%) a Serra (45,87%). A petista também teve enorme votação no Estado do Rio de Janeiro, de forte presença evangélica, onde ganhou por 60,48% a 39,52%. É bom lembrar que um dos maiores apoiadores de Serra no meio evangélico, Silas Malafaia, está sediado no Rio. Parece mesmo que o "profeta" não tem sucesso na sua própria terra, pois pior sorte teve o autointitulado "paipóstolo" Renê Terra Nova, que produziu exegeses bíblicas absurdas no afã de eleger Serra, e terminou vendo Dilma com cerca de 80% dos votos em Manaus e no Estado do Amazonas.
Obviamente, há uma série de fatores que terminam influenciando o voto, pelo que fica difícil particularizar qual deles é decisivo no momento da eleição. Circunstâncias regionais, pessoais, políticas, culturais, etc., se compõem (ou decompõem) conforme o cenário local. Espera-se que análises mais aprofundadas sejam promovidas a fim de entender este fenômeno, mas, ao que tudo indica, o fator religioso é apenas mais um ingrediente desse caldeirão de motivações que envolvem o eleitor, sem, entretanto, ter esta importância gigantesca que lhe foi atribuída na recente campanha política.
1) Católicos - Dilma 53% x 40% Serra
2) Evangélicos Pentecostais - Dilma 47% x 44% Serra
3) Evangélicos Não-Pentecostais - Dilma 45% x 45% Serra
4) Espíritas kardecistas - Dilma 44% x 48% Serra
5) Sem religião - Dilma 53% x 37% Serra
Percebe-se, numa primeira análise, que houve uma distribuição equilibrada dos votos entre os diferentes grupos, o que leva a crer que toda a campanha religiosa teve um efeito pequeno no resultado final. Os católicos e os não-religiosos teriam sido mais dilmistas e os espíritas ligeiramente mais serristas, enquanto os evangélicos teriam se dividido ao meio, com pequena vantagem para Dilma entre os pentecostais.
É curioso verificar que a campanha enfática de muitos líderes, inclusive com o papa Bento XVI se manifestando a três dias da eleição, não foi suficiente para influenciar a decisão de seus seguidores. Em Cachoeira Paulista (SP), por exemplo, sede do movimento católico carismático Canção Nova, Dilma teve 50,25% dos votos contra 49,75% de Serra, um resultado bem diferente do Estado de São Paulo como um todo, em que o tucano teve 9 pontos percentuais a mais que a petista. Também em Guarulhos (SP), onde o bispo católico local, D. Luiz Gonzaga Bergonzini, fez uma intensa campanha contra Dilma, a candidata teve 49,05% dos votos.
Por seu lado, regiões de forte presença evangélica também não acompanharam o juízo político de seus líderes. Em Quinze de Novembro (RS), tida como a cidade proporcionalmente mais evangélica do país (cerca de 80% dos 3.600 habitantes), houve um quase empate (Serra 50,19% x 49,81% Dilma). Já Arabutã (SC), que tem a mesma proporção de evangélicos, deu a Dilma a vitória por 59,78% a 40,22%. Palmas (TO), que é a capital mais evangélica do Brasil (cerca de 1/4 da população) também preferiu Dilma (54,13%) a Serra (45,87%). A petista também teve enorme votação no Estado do Rio de Janeiro, de forte presença evangélica, onde ganhou por 60,48% a 39,52%. É bom lembrar que um dos maiores apoiadores de Serra no meio evangélico, Silas Malafaia, está sediado no Rio. Parece mesmo que o "profeta" não tem sucesso na sua própria terra, pois pior sorte teve o autointitulado "paipóstolo" Renê Terra Nova, que produziu exegeses bíblicas absurdas no afã de eleger Serra, e terminou vendo Dilma com cerca de 80% dos votos em Manaus e no Estado do Amazonas.
Obviamente, há uma série de fatores que terminam influenciando o voto, pelo que fica difícil particularizar qual deles é decisivo no momento da eleição. Circunstâncias regionais, pessoais, políticas, culturais, etc., se compõem (ou decompõem) conforme o cenário local. Espera-se que análises mais aprofundadas sejam promovidas a fim de entender este fenômeno, mas, ao que tudo indica, o fator religioso é apenas mais um ingrediente desse caldeirão de motivações que envolvem o eleitor, sem, entretanto, ter esta importância gigantesca que lhe foi atribuída na recente campanha política.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Shaquille O'Neal dubla Beyoncè
Vamos relaxar um pouquinho da pancadaria política dos últimos meses com o Shaquille O'Neal dublando a Beyoncé:
Postado por
Hélio Pariz
às
13:19
Shaquille O'Neal dubla Beyoncè
2010-11-01T13:19:00-02:00
Hélio Pariz
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