Antonio Trejo era um advogado e pastor evangélico hondurenho. Era, porque caiu vítima de 5 tiros no último sábado, quando celebrava um casamento na Iglesia Torre Fuerte, na Colonia América de Comayagüela, cidade conurbada à capital Tegucigalpa, da qual se separa pelo rio Choluteca.
Nesses dias conturbados em que muitos pastores evangélicos são mais conhecidos por sua pregação da teologia da prosperidade e pela busca incessante das riquezas materiais, soa estranho que um pastor tenha sido morto por defender camponeses.
Até não muito tempo atrás, esse papel era costumeiramente desenvolvido por padres católicos ligados à teologia da libertação, dos quais também restam poucos que compartilhem das lutas dos mais pobres por acesso à terra e a oportunidades de crescimento.
Era este o caso do pastor Antonio Trejo, advogado que assumia as causas jurídicas das cooperativas camponesas de Honduras, combatendo árdua e pacificamente na Justiça do país para que se devolvessem as suas terras tomadas 18 anos atrás por alguns latifundiários, o que finalmente ocorreu no último dia 29 de junho.
Como costuma acontecer em outros países latinoamericanos, os latifundiários interpuseram um recurso extemporâneo para reverter a decisão, e os camponeses, liderados pelo pastor Trejo, foram se manifestar na frente da Corte Suprema de Justiça, onde foram violentamente reprimidos.
Como se percebe, nada muito diferente do que ocorre em outras paragens tropicais, onde o Poder Judiciário é extremamente dócil com quem tem poder e dinheiro, mas descarrega sua fúria contra os pobres que ousam questioná-lo.
No caso hondurenho, o próprio Ministério Público local também quis incriminar os manifestantes, mas não conseguiu provar seu envolvimento na audiência inicial nos dias 19 e 20 de setembro de 2012, e uma resposta do juiz é aguardada para o dia 5 de outubro.
Antonio Trejo acusou as autoridades repressoras de prevaricação e abuso de autoridade, mas o seu destino já estava tristemente selado.
No sábado, 22 de setembro de 2012, as primeiras versões dizem que, enquanto oficiava um casamento na igreja evangélica Torre Forte, foi chamado para fora por causa de um suposto telefonema, momento em que foi atingido por 5 tiros.
O pastor Antonio Trejo ti escolheu lutar (pacificamente, é sempre bom lembrar) no lado dos mais fracos contra os poderosos.
A exemplo do bispo Oscar Romero, mártir católico do país vizinho de El Salvador, pagou com a própria vida por ter tido essa ousadia.
Fonte: El Mercurio Digital