A Líbia está em polvorosa desde ontem, outro fatídico 11 de setembro para os norteamericanos, quando o embaixador dos Estados Unidos no país foi atacado e morto por uma multidão de muçulmanos radicais. Há informações não confirmadas de que ele teria sido linchado pelos algozes.
O embaixador Christopher Stevens estava no consulado de Bengasi (leste da Líbia), juntamente com outros três empregados da representação diplomática, quando estourou a revolta muçulmana contra o filme "A Inocência dos Muçulmanos", patrocinado pelo polêmico pastor americano Terry Jones, que alcançou fama mundial ao queimar um Alcorão em abril deste ano.
Indignado com a exibição pública do rosto do profeta (o que é proibido pelo Islã) e a maneira pejorativa como os muçulmanos são apresentados no filme, um grupo de milicianos líbios atacou o prédio do consulado, incendiando o prédio em protesto contra a difusão de um trecho do filme por uma TV americana, e o embaixador Stevens foi atingido pelos tiros disparados pelos manifestantes quando forças de segurança tentavam tirá-lo de carro do fogo cruzado.
O governo dos Estados Unidos protestou imediatamente contra o acontecido, ao mesmo tempo em que tenta acalmar os ânimos em outros países muçulmanos, como o Egito, onde houve também manifestações contra o filme. O governo líbio, por sua vez, pediu desculpas pelo ocorrido.
Por seu lado, o porta-voz do pastor Terry Jones culpou genericamente a segurança das embaixadas americanas ao redor do mundo pelo ataque ao diplomata na Líbia, enquanto divulgava um trecho de 13 minutos do filme na igreja de Gainesville (Florida).
O pastor Jones aproveitou também para soltar uma nota dizendo que a película "é uma produção norteamericana cujo objetivo não é atacar os muçulmanos, mas mostrar a ideologia destrutiva do Islã".
O produtor do filme é Sam Bacile, um corretor de imóveis de 54 anos que tem dupla cidadania, estadunidense e israelita. Segundo ele, "o filme é político, não religioso" e ajudará os judeus a mostrar ao mundo os perigos do Islã.
Bacile contou ao The Wall Street Journal, ainda, que o filme foi financiado em 5 milhões de dólares por doadores judeus que pediram que seus nomes não fossem revelados.
Independentemente do que se pense a respeito do filme, o fato ocorrido ontem na Líbia prenuncia uma carreira explosiva para a sua exibição. Fogo de cá chama fogo de lá e o incêndio ameaça nos queimar a todos.
A fonte das informações aqui reunidas são duas matérias do jornal espanhol El País: