sábado, 4 de março de 2017

Crivella e o carnaval: mutuamente excludentes


No fundo, cá entre nós, o evangelicalismo brasileiro vive de aparências e conveniências segundo o momento político.

É o que analisa Mario Magalhães em seu blog no UOL:

Por que Crivella esconde que religião motivou sua ausência no Carnaval?

O prefeito Marcelo Crivella não apareceu para entregar a chave da cidade ao Rei Momo.

Nem na Sapucaí, nas duas jornadas de desfile do Grupo Especial.

Uma das desculpas foi uma gripe de sua mulher. Boa notícia: Sylvia Jane se recuperou, porque durante o Carnaval os dois foram a um torneio de tênis.

No sábado, Crivella postou um vídeo em que vistoriava obra. Alegou: ''A gente não sabe sambar, mas sabe trabalhar''.

O prefeito visitou no hospital pessoas que se feriram num acidente com carro alegórico da Paraíso do Tuiuti, mas permaneceu longe do Sambódromo.

Do Rio e do Brasil, o Carnaval é sobretudo patrimônio cultural.

É também evento de enorme benefício econômico e social para a cidade.

A ausência do prefeito é inexplicável.

A não ser que a sua fé colida com as obrigações de governante.

Crivella é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

A Iurd diz que no Carnaval ''os espíritos malignos se fortalecem''.

Que os acidentes de trânsito nessa época são causados ''na maioria das vezes por espíritos malignos''.

A razão, prega um vídeo da igreja, seriam as oferendas da umbanda e do candomblé.

Marcelo Crivella disse há pouco: ''Nós estamos tratando de um assunto que já está superado. Eu acho que nós temos, cada um, que respeitar as pessoas. Cada um no Rio de Janeiro não deve ser obrigado a fazer nada. Eu acho que tem uma agenda do prefeito que deve ser cumprida e que, não necessariamente, é a agenda da imprensa. E é isso que nós temos que fazer''.

Por que o prefeito cala sobre religião?

Fé é questão pessoal.

Mas constitui tema público quando interfere na vida dos cidadãos.

Crivella deveria ser mais transparente.





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