quarta-feira, 5 de maio de 2010

"Evangélico": o que há num nome?

Artigo muito interessante, apesar de longo, do Cristianismo Hoje, sobre as muitas definições da palavra "evangélico":

Um nome, muitas definições

Determinar a identidade do evangélico brasileiro é difícil tanto para estudiosos quanto para líderes do segmento

Dizem que, para algumas perguntas, não existe resposta. Ou então, há várias, mas que nenhuma pode ser considerada totalmente correta. Parece ser o caso de uma questão com a qual os brasileiros passaram a lidar com maior frequência nos últimos anos, em grande medida por conta das implicações sociais: o que significa ser evangélico em nosso país? Não vale a pena apressar-se em responder, até porque se trata de um questionamento retórico, que leva a outras indagações. Como definir a pessoa que assim se classifica? E que traços a identificam e distinguem daquela que não se apresenta como tal? Há algumas décadas, uma resposta evidente seria: “Evangélicos são os bíblias, que andam de terno ou saia longa no domingo e vão à igreja de crentes.” Reducionista e pejorativa, tal definição, embora comum no passado, já era incapaz de abranger um conceito tão amplo. Mas servia, ao menos, como forma de distinguir os cristãos protestantes, que também eram notados pelo modo de vida frugal e conduta modelar. Sim, ser “bíblia” era sinônimo de integridade noutros tempos…

Hoje, porém, esse perfil não cabe mais. No que diz respeito a hábitos e estilos, tanto as roupas protocolares quanto a Bíblia de capa austera não constituem mais características dominantes entre os membros e frequentadores de igrejas evangélicas, principalmente no contexto urbano. O estereótipo de que crente é gente pobre caiu por terra há pelo menos uma geração: ao contrário de seus pais, os evangélicos de hoje – ou melhor, parte significativa deles – já não têm pudores em acumular bens materiais e almejar a prosperidade neste mundo. Além disso, escândalos recentes envolvendo líderes e denominações, principalmente nas últimas duas décadas, mancharam a imagem de probidade antes atribuída a todos os protestantes. Até em termos de pesquisa (e vem aí um novo Censo) fica difícil determinar se uma pessoa é ou não evangélica. Isso porque, nas pesquisas sobre pertencimento religioso realizadas pelo Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE), o termo é usado para englobar qualquer crença fora do catolicismo que se afirme cristã, o que coloca no mesmo caldo, por exemplo, as testemunhas de Jeová e os mórmons, apesar das profundas diferenças teológicas e doutrinárias desses grupos com o segmento evangélico. Junte-se ainda o fato de várias pessoas se apresentarem como “evangélicas” por motivos nada espirituais, como o artista que precisa virar notícia para sair do ostracismo ou o criminoso – de colarinho branco ou não – instruído a passar uma imagem de “gente de bem” que está sendo injustiçada.

Ser evangélico, hoje, já nem significa necessariamente ter ligação visceral com uma igreja, o que costumava ser uma característica fundamental dos crentes. “O evangélico não praticante já é uma realidade”, opina a pesquisadora Eunice Zillner, do Ministério de Apoio com Informação (MAI). “Em minhas pesquisas, tenho encontrado pessoas que se dizem evangélicas, mas não praticantes.” Ou seja, ser evangélico, no país, tornou-se um conceito extremamente vago. “Não existe uma Igreja Evangélica no Brasil; é simplismo pensar assim”, afirma o pastor Ricardo Gondim, dirigente da Igreja Betesda, em São Paulo. “Não é possível traçar um perfil, pois o termo ‘evangélico’ não possui características que o nomeiem.” Para exemplificar a fragilidade dessa ideia, Gondim cita o próprio movimento social do país: “Sempre se acreditou que, à medida que os evangélicos crescessem no Brasil, o país seria afetado. Isso é um pensamento ingênuo, pois conforme um movimento cresce, a tendência é ficar parecido com o meio que está inserido.”

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