terça-feira, 25 de maio de 2010

Os primeiros mártires do cristianismo

Nosso Senhor Jesus Cristo, antes de sofrer o martírio e falando aos seus discípulos sobre as coisas por vir, preveu que seus seguidores também seriam mártires, com as seguintes palavras:
(Lc 21:12) Mas antes de todas essas coisas vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome.

Até os dias de hoje, muitos cristãos sofrem martírio em países onde o cristianismo não é religião majoritária, ou em países cujo governo é totalitário ou ditatorial. Podemos perceber este fenômeno facilmente ao acessarmos sites de notícias dedicados a relatar casos de perseguição a cristãos em todo o mundo.

O martírio, embora seja um fenômeno que vem seguindo o cristianismo até mesmo com o martírio de Nosso Senhor, tem sido encarado de maneiras bastante distintas por seus membros. Atualmente muitos países são pacíficos em relação à religião em geral, o que poderia gerar um certo comodismo nos cristãos. Ser missionário em países com alta perseguição ao cristianismo poderia ser encarado como uma loucura por muitos. Pode-se também fazer uma reinterpretação da perseguição, como algo meramente verbal. Um ateu nos questionando sobre nossa fé poderia ser encarado como um martírio igualável aos piores martírios, sendo portanto suficientes para grande maioria dos cristãos.

Não estamos aqui defendendo que o martírio é algo obrigatório, necessário para a vida do cristão. Estamos na verdade destacando as diferenças entre a forma que os cristãos de hoje vêem o martírio, em relação aos primeiros cristãos. Sobre o ponto de vista antigo, Eusébio de Cesaréia dá um bom exemplo para nós, dedicando um livro inteiro para relatar sobre os mártires cristãos dos primeiros séculos de cristianismo.

É curioso observar como Eusébio coloca em alta estima o martírio. O martírio é encarado como uma grande recompensa, que pode ser observado quando ele diz “Havendo-se distinguido além de tudo isto por suas obras virtuosas na religião e por suas repetidas confissões do Cristo de Deus, suportou o combate pela religião no exercício de seu cargo de intendente geral e foi coroado com a diadema do martírio”.
Hoje em dia é fácil entender por que cristãos são perseguidos em países mulçumanos, ou em países comunistas. Mas provavelmente para nós é complicado entender como um império que possuía inúmeras religiões perseguia sistematicamente os cristãos. Os motivos para isto variam bastante dependendo da época que a perseguição foi realizada. Os motivos principais são promover determinado credo e acusações falsas feitas pelas mais variadas pessoas.

Em uma destas perseguições, é muito interessante observar uma carta escrita por Plínio, o Jovem, governador da Bitínia, para Trajano, imperador Romano3. Esta carta é interessante por que através dela se decide perseguir os cristãos simplesmente por serem cristãos. Até mesmo o mais incrédulo ateu teria dificuldades de negar o cumprimento exato das palavras de Cristo mencionadas acima, que pelo Seu nome, muitos seriam perseguidos. É sobre esta curiosa decisão que mais tarde Tertuliano diria em sua Apologia: “Ó miserável libertação - de acordo com o caso, uma extrema contradição! Proíbe-se que sejam procurados, na qualidade de inocentes, mas manda-se que sejam punidos como culpados. É ao mesmo tempo misericordioso e cruel. Deixa-os em paz, mas os pune. Por que entrais num jogo de evasão convosco mesmo, ó julgamento? Se vós os condenais, por que também não os inquiris? Se não quereis inquiri-los, por que não os absolveis?”.

Assim, temos uma visão geral dos mártires da igreja primitiva. Esperamos com isto contribuir para que o testemunho deles seja mais conhecido entre os cristãos de hoje.


Referências:

1-http://www.e-cristianismo.com.br/pt/historia/geral/167-eusebio-descreve-o-sofrimento-dos-martires


2-http://www.e-cristianismo.com.br/pt/atosforum/viewtopic.php?f=13&t=11


3-http://www.e-cristianismo.com.br/pt/historia/documentos/166-carta-de-plinio-a-trajano


4-http://www.e-cristianismo.com.br/pt/historia/apologistas/77-tertuliano-apologia

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