domingo, 4 de julho de 2010

O inferno africano de Jorginho

Notícia da Folha de S. Paulo de hoje:

Jorginho sai queimado da seleção brasileira

EDUARDO ARRUDA
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS A PORT ELIZABETH

Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

Esse foi o sentimento de alguns jogadores da seleção com relação ao auxiliar técnico Jorginho. Braço direito de Dunga na seleção brasileira, ele pregou durante o Mundial que a equipe deveria ficar isolada dentro de um hotel em um condomínio sofisticado de Johannesburgo.

Ele também decidiu pelo fim das folgas para os jogadores durante a Copa-2010. Com Dunga, forjou no grupo que os parentes dos atletas deveriam ficar no Brasil para evitar que o time "perdesse o foco" no torneio.

Alegavam que os jogadores poderiam se desconcentrar do Mundial com os familiares na principal metrópole da África do Sul, cidade com índices de violência superior aos piores vistos no Brasil.

Apesar do discurso de reclusão, Jorginho fez o contrário. Desde o primeiro dia da Copa sul-africana, sua mulher e seus filhos estavam em Johannesburgo. O fato só foi descoberto mais tarde pelos jogadores, que se sentiram traídos pelo auxiliar técnico.

A partir daí, Jorginho foi perdendo o poder no grupo.

O ex-lateral direito, campeão mundial em 1994, também desagradou aos dirigentes. Ele era um dos líderes da ala religiosa da seleção. Jorginho aparelhou a delegação brasileira de evangélicos.

Ele foi o responsável pela contratação de Marcelo Cabo para ser "espião" de Dunga no Mundial. Desconhecido no futebol, Cabo dividia com Taffarel, escolhido por Dunga, a função de observar os rivais do time nacional.

Amigo de Jorginho de igreja, ele só trabalhou em clubes pequenos do futebol, como o Bonsucesso, o Bangu e o desconhecido Atlético de Tubarão (SC). O ponto alto da carreira dele foi ter sido auxiliar técnico de Marcelo Paquetá na seleção da Arábia Saudita, em 2002. No Oriente Médio, treinou times locais.

Jorginho influiu até na escolha dos seguranças da seleção. Um deles foi colocado no posto por ser evangélico.

O auxiliar técnico de Dunga comandava também na seleção as sessões de oração. Um pastor frequentava a concentração para rezar com os jogadores. Lúcio, Josué, Felipe Melo e Luisão eram os atletas mais participativos.

Frequentador da Igreja Congregacional da Barra da Tijuca, Jorginho participa dos cultos quando está no Rio e habitualmente confunde futebol com religião.

No início da carreira como treinador, tentou trocar a mascote do América carioca em 2005. O símbolo do clube é um diabo. Segundo Jorginho, a mascote era uma das responsáveis pela má fase do time --o último título estadual do América foi em 1960.

Ele queria substituir o diabo por uma fênix. A proposta, no entanto, acabou recusada por dirigentes e torcedores do clube.


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Atualização de 05/07/10: o blog do Juca Kfouri traz a seguinte informação:

Acredite se quiser


O blog recebeu o comentário abaixo do observador de futebol JAIRO DOS SANTOS:

Fui observador técnico da seleção brasileira em oito Copas do Mundo, preparei quatro finais, em duas o Brasil foi campeão.

Mas, ao final das eliminatórias, Jorginho preferiu colocar alguém com muita experiência evangélica e membro de sua igreja.

Tivemos dois observadores técnicos que não tinham qualquer experiência dessa função em uma Copa do Mundo.

Diferente das anteriores em que pelo menos um deles era especialista nessa função.
O que iria acontecer no Mundial-2010?

Preferi passar essa análise em inglês para a revista Fourfourtwo, que a publicou no site.




Recomendo também a excelente análise do blog Pregação dos Loucos:

A seleção brasileira e o desserviço cristão

Um comentário:

  1. Brother, acabei de publicar minha análise a respeito, há poucos minutos. Por causa da copa, fique "off" e somente agora lendo suas mensagens. De repente eu republico alguma, ok?

    Comenta lá no meu blog:

    http://pregacaodosloucos.blogspot.com

    ResponderExcluir

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