sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Adventistas perdem 43 membros antigos a cada 100 novos fiéis

Já tivemos oportunidade de abordar aqui no blog a dificuldade em se confiar nos discursos apresentados pelas denominações neopentecostais especializadas em alardear o seu sucesso no crescimento, pela absoluta falta de números que confirmem as suas alegações.

Sempre suspeitamos de que a preocupação dessas denominações com os que nelas "entram" é inversamente proporcional ao cuidado com os que "saem".

Não têm  qualquer consideração em relação àqueles que poderíamos chamar de "crentes de alta rotatividade", desde que  inflem sua propaganda e seus  cofres.

Em agosto de 2009, falamos dos "Feridos pelo caminho". Em agosto de 2011, comentamos sobre "o inchaço da igreja evangélica brasileira" e em dezembro daquele ano, analisamos um artigo do Le Monde Diplomatique sobre "religiosidade de passagem - o crescimento da igreja evangélica no Brasil".

Parecia-nos, como continua nos parecendo, que existe uma espécie de "fluxo migratório" entre as igrejas, de gente que não entende bem o que é evangelho, ou se acha "convertida" a algo ou alguém que não exatamente o Jesus Cristo tal como apresentado na cruz do Calvário.

Ninguém fala, portanto, em "crescimento vegetativo", que - demográfica e resumidamente falando - é a diferença quantitativa entre nascimentos e óbitos observados numa determinada comunidade, que pode ser positivo (quando se nasce mais do que se morre), negativo (o contrário) ou nulo (quando os dois números empatam).

No caso de uma entidade religiosa, falaríamos, por assim dizer, em conversões e defecções.

Uma igreja que se defina como cristã não se preocupa morbidamente com números nessa proporção, mas tem profundo cuidado para com os seus membros de maneira que não só os alimente espiritualmente mas também evite, tanto quanto possível, que eles saiam.

Claro que  é inevitável que algumas pessoas se integrem numa determinada denominação e - algum tempo depois - a rejeitem. 

Afinal, desde os primórdios do cristianismo, a apostasia sempre existiu e não há qualquer esperança de que desapareça até o fim dos tempos.

Por isso é bastante curiosa essa notícia do Christianity Today.

É que a administração mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia teve a coragem de fazer algo a que outras igrejas resistem bravamente: estatísticas confiáveis sobre a membresia e o crescimento da denominação.

O estudo foi conduzido nos Estados Unidos, e sua abrangência incluiu os 18 milhões de seguidores do adventismo no mundo, apresentando alguns resultados surpreendentes.

Os adventistas estão crescendo em regiões com o Sudeste da Ásia, a América Latina e o Sul da África, mas vêm perdendo território na Europa e no restante da Ásia.

Com os números na mão, entretanto, o pesquisador adventista Monte Sahlin chegou à conclusão de que a cada 100 novos membros, a igreja perde 43 seguidores antigos.

Não existe na prática denominacional, portanto, o que Sahlin chama de "retenção". E isto não se deve, segundo ele alega, a diferenças doutrinárias que os desertores eventualmente tenham com os adventistas, mas a problemas de natureza pessoal, como conflito conjugal e desemprego.

Importante salientar  que não fica claro na matéria como ele chegou a essa conclusão que exclui as peculiares doutrinas adventistas de uma eventual, digamos, "culpa" na saída de membros.

O artigo do Christianity Today acrescenta, por exemplo, que - no que diz respeito à doutrina -, a divisão norteamericana dos adventistas está fortemente inclinada a aceitar o sacerdócio feminino.

O fato (e de certa forma, a rotina) é que qualquer pessoa pode alegar divergências doutrinárias com qualquer denominação e simplesmente abandoná-la. Tristemente simples e repetitivo assim.

Entretanto, outras denominações - em especial as televisivas - deveriam seguir o exemplo dos adventistas pelo menos nesse particular, e verificar se o seu discurso triunfalista sobre crescimento numérico não está, na verdade, mascarando um contingente enorme de pessoas que abandonam a igreja, ou simplesmente cobiçam a grama momentaneamente mais verde (e igualmente desprovida de qualidades nutritivas) do rebanho ao lado.

É bem provável que, em vários casos, estejam afastando muito mais gente do evangelho puro e simples de Cristo do que atraindo para Aquele que dizem anunciar.



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