quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Rainha Elizabeth perdoa Alan Turing, o fundador da computação moderna


Em 23 de junho de 2012, publicamos aqui no blog o artigo "Maçãs envenenadas", em que fizemos um resumo biográfico de Alan Turing, que - se vivo fosse - completaria 100 anos naquele dia.

Alan Turing, para quem não está familiarizado com o nome, é uma das pessoas, digamos, "anônimas" que mais contribuíram para o bem da humanidade no século XX.

Se você chegou até aqui navegando pela internet com toda a liberdade, isso se deve - em grande parte - a Alan Turing.

Primeiro, por ele ter ajudado a decifrar a criptografia nazista, o que foi decisivo na vitória aliada ao final da Segunda Guerra Mundial.

Segundo, por ter lançado as bases do que viria a ser a computação moderna.

Só que isto tudo foi feito debaixo do anonimato numa época em que o seu trabalho estava coberto pelo sigilo de Estado, e ele terminou se suicidando em 7 de junho de 1954, aos 41 anos de idade, após ter sido condenado por ser homossexual, que era crime na época e lhe rendeu uma castração química ordenada pela Justiça britânica.

Após uma grande campanha pela reabilitação do seu nome (penalmente falando), na véspera do último Natal a rainha Elizabeth finalmente emitiu o seu "perdão real" destinado a Alan Turing, o que, no Reino Unido, é algo raríssimo de acontecer.

O perdão majestático chegou tarde demais, mas os benefícios que ele trouxe para a humanidade, depois que foram finalmente conhecidos, já haviam se encarregado de reabilitar o seu nome perante todo o globo.

A matéria abaixo é do Terra:

Condenado por ser gay, homem que quebrou código nazista recebe perdão

Considerado o Pai da Computação, Alan Turing recebeu um perdão real póstumo

O britânico Alan Turing (1912-1954), que ajudou os aliados a vencer a 2ª Guerra Mundial ao quebrar o código secreto nazista, recebeu um perdão real póstumo.

Homossexual, Turing foi punido com a castração química por manter relações com pessoas do mesmo sexo.

Ao ser condenado, o especialista perdeu o acesso a informações sigilosas e teve de interromper o trabalho de quebra de códigos que se provou vital para os aliados durante a 2ª Guerra Mundial.

O perdão foi concedido sob a Real Prerrogativa do Perdão após uma solicitação do ministro da Justiça do Reino Unido, Chris Grayling.

Tratamento 'terrível'

"Alan Turing foi um homem excepcional com uma mente brilhante", afirmou Grayling. Ele disse que a pesquisa de Turing conduzida durante a guerra em Bletchley Park "encurtou o conflito" e "salvou milhares de vidas".

O trabalho de Turing ajudou os Aliados a ler as mensagens navais alemães cifradas com a máquina Enigma. Ele também contribuiu com um trabalho fundamental na quebra de códigos que só foi divulgado ao público em abril de 2012. "A sua vida foi ofuscada por sua condenação pela homossexualidade, algo que consideramos injusto e discriminatório e que agora foi finalmente revogada", afirmou Grayling.

"Turing merece ser lembrado e reconhecido por sua fantástica contribuição ao esforço de guerra e por seu legado à ciência. Um perdão da Rainha é uma homenagem justa a um homem excepcional."

O perdão passa a ter efeito nesta terça-feira, 24 de dezembro.

Morte

Turing morreu em junho 1954 por envenenamento por cianeto. Um inquérito aberto pela polícia concluiu que ele havia se suicidado. No entanto, biógrafos, amigos e outros alunos de sua vida contestam o laudo e sugerem que sua morte foi um acidente. Há anos, muitas pessoas vêm batalhando pela concessão de perdão a Turing. Em dezembro de 2011, um petição online foi criada no site do governo britânico reivindicando o perdão a Turing.

A campanha reuniu mais de 34 mil assinaturas, mas o pedido acabou negado por Tom McNally, então ministro de Estado no Ministério da Justiça britânico, para quem Turing havia sido "devidamente condenado" pelo que era considerado um crime na época. Antes disso, em agosto de 2009, uma petição havia sido criada para pedir o perdão a Turing. Na ocasião, o matemático ganhou um pedido de desculpas oficial do então primeiro-ministro Gordon Brown.

Brown definiu como "terrível" a maneira como Turing foi perseguido por sua homossexualidade.



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