terça-feira, 12 de agosto de 2014

Carpe diem, Robin Williams!

Robin Williams
(1951-2014)
Há certos atores tão extraordinários que eles se transformam em pessoas conhecidas, como um parente ou amigo muito querido que mora distante. Robin Williams era um deles.

Todas as suas aparições na telona eram pontuadas por interpretações geniais, que iam do histriônico ao dramático com uma facilidade inigualável no seu meio.

Difícil dizer qual foi o personagem que ele representou melhor, ou qual foi seu filme mais marcante.

"Sociedade dos Poetas Mortos" (1989) parece levar uma pequena vantagem, num empate técnico com "Bom Dia, Vietnã!" (1987), "Tempo de Despertar" (1990), "O Pescador de Ilusões" (1991),  "Patch Adams" (1998) e "O Homem Bicentenário" (1999), pelo menos na minha opinião. Seis filmes extraordinários protagonizados por um ator espetacular. 

E ainda há muitos outros bons filmes no seu currículo. Seu nome no cartaz era a garantia de que o dinheiro da entrada no cinema não seria desperdiçado. E ninguém se importaria se - no final - tivesse que passar na bilheteria para pagar de novo.

"Gênio Indomável", por exemplo, que lhe rendeu o Oscar de melhor ator coadjuvante em 1997 é um bom filme, com mais uma grande interpretação sua, mas a película não chegou a empolgar, apesar do Oscar de melhor roteiro conferido a Matt Damon e Ben Afleck. Cá entre nós, o filme não era lá essas coisas, mas Robin Williams compensava qualquer falha.

Suas excelentes comédias sempre tinham traços dramáticos, como em "Uma Babá Quase Perfeita" (1993), "Moscou em Nova York" (1984), "Uma Noite no Museu" (2006 e 2009) e o remake de "A Gaiola das Loucas" (1996). Sabia atuar, improvisar e fazer rir e chorar como ninguém.

Ao que tudo indica, Robin Williams sucumbiu à depressão, esse mal da modernidade que não respeita idade, talento, fama, posição social ou histórico de vida. Ataca a todos indistintamente e destrói sonhos, famílias e carreiras se instalando com o silêncio de uma brisa e devastando como a fúria de um furacão.

No caso dele, estava sempre presente a ameaça de voltar ao vício na cocaína e no álcool, o que agravava ainda mais sua situação.

Dizem que é sua a frase: "Eu costumava pensar que a pior coisa que podia acontecer na vida era terminá-la sozinho. Não é. A pior coisa da vida é terminá-la ao lado de pessoas que te fazem sentir completamente só".

Palavras fortes e tristes que talvez espelhem o que ele realmente sentiu quando foi atropelado pelo rolo compressor da depressão.

Amigos até o fim: Robin Williams beija Christopher Reeve
Nada disso o impediu, entretanto, de ser capaz de belos atos de amor e generosidade. Conheceu Christopher Reeve (o primeiro Superman do cinema) antes da fama de ambos, e com ele desenvolveu uma grande amizade.

Quando Reeve sofreu o acidente a cavalo que lhe deixou tetraplégico, Williams sempre estava por perto para animar o amigo e ajudá-lo a encontrar um novo sentido para a vida.

Reeve veio a falecer em 2004 (com 52 anos de idade) e sua esposa, Dana, não resistiu a um câncer de pulmão (embora nunca houvesse fumado na vida) e morreu em 2006, quando tinha apenas 44 anos de vida. Então, o sempre presente Robin Williams adotou o filho do casal amigo, William, que havia nascido em 1992.

O grande ator de Hollywood - que a todos encantou e nos fez rir e chorar - não está mais entre nós. Testemunharão sobre ele, por muitas gerações, o seu talento e a sua capacidade de fazer-nos acreditar na veracidade dos papéis que brilhantemente interpretou.

"Carpe diem" é a frase em latim, que significa algo como "Aproveite o seu dia", e que marcou o filme "Sociedade dos Poetas Mortos".

Robin Williams aproveitou os seus dias enquanto pôde. Generoso como era, dividiu com milhões de pessoas ao redor do mundo as alegrias e as agruras da vida cotidiana.

Talvez não tenha tido forças de resistir a uma depressão profunda, que o tirou do nosso convívio quando tinha apenas 63 anos de idade.

Muito cedo para partir alguém que nos presenteou com momentos tão felizes. Queira Deus que ele possa realmente descansar em paz.


"Oh Captain, my Captain!"
A cena final de "Sociedade dos Poetas Mortos",
filme em que um suicídio transforma a vida de todos
os personagens e obriga adolescentes a tomarem uma posição adulta
contra aqueles que só exigem deles conformidade.

E, é claro, encerramos nossa pequena homenagem com as cenas antológicas de "Sociedade dos Poetas Mortos" com a poesia "Oh Capitão, meu Capitão!" de Walt Whitman no final do segundo vídeo abaixo:









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