segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Vereadores católicos e evangélicos de SP conseguem anistia para igrejas


A informação é do Estadão:

Haddad deve manter vaga extra em prédio

Prefeito elogiou mudança na Lei do Zoneamento aprovada nesta quinta; relator diz que conversou com Executivo antes de fazer alteração

SÃO PAULO - No dia seguinte à aprovação do novo zoneamento de São Paulo pela Câmara Municipal, o prefeito Fernando Haddad (PT) elogiou as mudanças no projeto que permitem mais de uma vaga de garagem e apartamentos maiores em avenidas com transporte público, indicando que não deve vetar o artigo que altera o atual Plano Diretor.

O plano determina que os novos empreendimentos só podem ter uma vaga por unidade e metragem média de 80 m². Agora, com a Lei de Zoneamento, estima-se que os apartamentos terão 120 m² e duas vagas. O texto segue para sanção ou veto de Haddad, que promete divulgar a decisão até o mês que vem.

“A justificativa que foi apresentada para a Câmara, que eu acompanhei, é que a crise econômica é grande, o mercado está parado, e que seria interessante urbanisticamente compor um mix maior nos eixos, até por torná-los mais atraentes para todas as classes sociais”, afirmou o prefeito. Haddad, porém, não confirmou se sancionará o artigo.

Já o relator do projeto na Câmara, o vereador Paulo Frange (PTB), disse que a alteração começou a ser discutida em agosto e foi feita em acordo com o Executivo. “Não vai vetar. Nós conversamos e ele (Haddad) entendeu o processo.”

Questionado se é simpático à ideia, Haddad explicou que vai analisar o impacto da mudança e atribuiu a responsabilidade sobre a decisão à área técnica. “Vamos entender o seguinte: em três anos, vai acontecer muita pouca coisa do ponto de vista dos grandes eixos de estruturação urbana que foram desenvolvidos na cidade. Então, está mais para regra de transição do que propriamente para mudança de conceito”, afirmou.

Incluído na última versão do projeto, o artigo 174 permite ao mercado vender - nos três primeiros anos a partir da implementação da lei - apartamentos com uma, duas ou mais vagas de estacionamento nos chamados “eixos”, em vias com metrô e corredores de ônibus.

A regra passa a ser o tamanho da unidade, já que a lei abre a possibilidade de uma vaga a cada 60 m². Hoje a legislação prevê só uma garagem - acima disso, é preciso pagar taxa extra.

A alteração na metragem dos imóveis amplia em 50% a cota parte máxima do terreno por unidade residencial, que passa de 20 para 30. Um terreno com 1 mil m², por exemplo, agora será dividido por 30 para determinar o número de apartamentos. O construtor perde em quantidade, mas ganha em tamanho: pode optar por 33 imóveis maiores, em vez de 50 pequenos.

Transitório. “É uma regra de transição para diversificar o uso por três anos, permitindo uma maior segmentação do aproveitamento do terreno. Mas só por três anos”, afirmou.

Segundo o prefeito, após a aprovação do Plano Diretor, em 2014, os empreendedores disseram que o texto tinha poucas regras de transição. “Você não muda uma cidade com uma lei. Tem de ter regras de transição. Propuseram algumas regras de transição e essa (dos eixos) foi uma.” De acordo com Haddad, empreendedores acreditam que a permissão de apartamentos maiores e com vaga de garagem extra “vai qualificar os eixos”. “O eixo vai ser mais plural. A ideia deles era não segmentar o eixo e pensaram numa regra de transição que pudesse permitir maior diversidade de uso.”

‘Jogo de cena’. Sobre as críticas dos vereadores da oposição, que se queixam da falta de transparência no processo de votação na Casa e que pretendem ir à Justiça para anular a aprovação da lei, o prefeito diz que reclamações são “jogo de cena um pouco infeliz porque desrespeitam o trabalho de todos os vereadores que se sentiram contemplados”.

O vereador Gilberto Natalini (PV), que vai acionar a Justiça, rebateu as críticas de Haddad. “Somos oposição, mas trabalhamos com seriedade. Jamais vamos apoiar as barbaridades que ele quer fazer na cidade”, disse o parlamentar.

Bancada religiosa consegue aprovar pacote de anistia

Os vereadores que representam as igrejas católica e evangélica conseguiram aprovar um pacote de emendas ao zoneamento que anistia usos atualmente vetados.

Elas regularizam, por exemplo, torres construídas acima do limite de altura permitido, igrejas que funcionam em vias com menos de 12 metros de largura e reformas realizadas com até 20% de incremento de área, além de ampliar o horário admitido para início de culto - agora, serão permitidas missas com início às 6 horas e não às 7 horas.

As emendas são de Ricardo Nunes (PMDB), Patrícia Bezerra (PSDB), Antonio Donato (PT), Souza Santos (PSD), Nelo Rodolfo (PMDB), Eduardo Tuma (PSDB), David Soares (PSD), Pastor Edemilson Chaves (PP), Edir Sales (PSD), Atílio Francisco (PRB), Rubens Calvo (PMDB) e Noemi Nonato (PROS)./ COLABOROU ADRIANA FERRAZ



domingo, 28 de fevereiro de 2016

A melhor sequência inicial da história do cinema


Como o dia é de entrega do Oscar, o mais famoso prêmio da indústria do cinema, decidi escrever sobre aquela que eu considero, na minha modesta opinião e com uma certa (muita, talvez) ingenuidade, a abertura mais espetacular da história das telonas.

Os cinéfilos mais autorais talvez sugiram "O Sacrifício" de Andrei Tarkovski (1986), os mais práticos talvez prefiram "O Resgate do Soldado Ryan" (1998), os mais clássicos devem recorrer a "Crepúsculo dos Deuses" (1950), entre tantos outros que merecem igual crédito.

Trata-se de um desenho animado produzido pela Disney em 1994, "O Rei Leão" ("The Lion King"), que reviveu o gênero até então esquecido e menosprezado em Hollywood e o elevou a um novo patamar com múltiplas produções que fizeram com que - a partir de 2002 - a Academia criasse um prêmio específico para a categoria, na qual o filme brasileiro "O Menino e o Mundo", do diretor paulistano Alê Abreu, concorre esta noite.

Em "O Rei Leão", tudo é feito à perfeição. Do roteiro hamletiano bem amarrado à trilha sonora espetacular (orquestrada) de Hans Zimmer, com músicas de Elton John e letras de Tim Rice. 

Além do Oscar para Hans Zimmer, três canções do filme concorreram ao Oscar de melhor música: "Circle of Life", "Hakuna Matata" e "Can You Feel The Love Tonight", com o prêmio indo para a última.

Tudo é tão bem ajustado em "O Rei Leão" que as vozes originais em inglês foram dubladas por atores consagrados como James Earl Jones (a voz original do Darth Vader em "Star Wars", que aqui dá vida a Mufasa), Rowan Atkinson (o Mr. Bean interpretando Zazu), Matthew Broderick como o jovem Simba, Nathan Lane como Timão, Whoopi Goldberg como a hiena Shenzi, sem contar Jeremy Irons como o antagonista Scar, a quem cabe também interpretar lindas canções como "Be Prepared!".

A abertura ficou tão sensacional que, caso único na história do cinema, ela própria se tornou o trailer promocional. Antes da estreia do filme, as pessoas viam esta exata abertura anunciando a data em que poderiam vê-lo na íntegra, o que gerou uma comoção como nunca se havia visto em relação a um desenho animado nos cinemas.

Na sequência inicial, embalada pela canção "Circle of Life", tudo se encaixa perfeitamente. O sol nasce na África e sua exuberante fauna é chamada para festejar o nascimento de Simba, o herdeiro do rei-leão então no Trono, Mufasa).

Das cataratas de Vitória ao monte Kilimanjaro, passando pelas savanas do Serengeti, todos os animais africanos, dos menores aos maiores, terrestres e alados, se reúnem numa caravana em direção à Pedra do Reino, para conhecer o rebento.

Zebras, gnus, guepardos, flamingos, girafas, participam em perfeita harmonia de uma procissão em que os gentis elefantes dão carona aos pássaros cansados nos seus marfins.

Há uma espécie de trégua apocalíptica para que todos os animais, sem exceção, possam se reunir para celebrar a promessa de continuidade do reino que os une.

As referências religiosas são óbvias, e de clara inspiração cristã. Búfalos e antílopes abrem passagem para o sacerdote mandril (a quem Simba depois chama ironicamente de "babuíno"), Rafiki, que sobe à Pedra do Reino e, após cumprimentar os pais, "batiza" o príncipe herdeiro.

Em seguida, Rafiki leva o jovem leãozinho à frente para exibi-lo aos fiéis súditos que o aguardam. Diante de Simba, então, os animais selvagens irrompem em êxtase diante do futuro rei e ordenadamente se ajoelham mostrando sua submissão nesse estranho mundo perfeito em que um raio de luz solar vem chancelar a cena com o selo divino.

Eis a sequência:


O filme segue nessa linha de eterno retorno e redenção, celebrando os símbolos do "ciclo da vida" em que novas gerações e estações vão se sobrepondo às antigas, mas o mundo insiste em manter uma harmonia sem fim.

Tudo se vive, tudo se sofre, tudo se alegra, tudo se renova em "O Rei Leão", mais ou menos como é a vida de cada um de nós.

Isto fica claro na sequência final de "O Rei Leão", quando Simba termina por assumir de fato o trono que era de seu pai, abençoado por Rafiki que lhe diz "It is time!" ("Chegou a hora!") e Mufasa que - redivivo - dos céus lhe dirige a voz com a mensagem "Remember!" ("Lembre-se").

Lavado pela chuva que leva embora a amargura, a dor, o remorso, o sofrimento e as cinzas do passado, a fauna africana vê Simba e sua companheira Nala apresentarem o novo herdeiro a um mundo que clama continuamente por renovo, fé e esperança.

Delicie-se também, portanto, com mais esta belíssima cena de "O Rei Leão":




sábado, 27 de fevereiro de 2016

Deputado evangélico quer aumentar pena para aborto por microcefalia

Num momento de grave crise na saúde pública, tem gente mais preocupada em jogar a punição para a plateia do que em ajudar a enfrentar e resolver o problema.

A informação é do Estadão:

Deputado propõe até 15 anos de prisão para aborto por microcefalia

DANIEL CARVALHO

'Hoje é a microcefalia, amanhã, outro mal', justifica Anderson Ferreira (PR-PE), integrante da chamada 'bancada evangélica'

BRASÍLIA - Em meio à discussão da possibilidade de aborto legal em casos de microcefalia, o deputado Anderson Ferreira (PR-PE), integrante da chamada "bancada evangélica", apresentou à Câmara nesta semana um projeto de lei que inclui no Código Penal Brasileiro punição ainda mais severa para a prática quando realizada em casos da má-formação. A pena para quem realizar aborto sem consentimento da gestante em razão de microcefalia ou anomalia do feto pode chegar a 15 anos de prisão. A grávida que realizar o aborto pode ser condenada a quatro anos e meio de prisão.

Hoje, o Código Penal considera crimes contra a vida o aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (de um a três anos de prisão), o provocado por terceiro, sem consentimento da gestante (de três a dez anos) e aquele feito com o consentimento da gestante (de um a quatro anos).

As exceções se dão em caso de estupro, de feto anencéfalo e em casos em que a vida da mãe está em risco. Há juristas que entendem que a microcefalia não se encaixa porque a má-formação não é incompatível com a vida.

Pela proposta do deputado, as penas aumentam em um terço se a gestante sofrer lesão corporal grave e dobram se ela morrer. Para o aborto cometido em razão de microcefalia ou qualquer outra anomalia do feto, a pena é aumentada em um terço até a metade.

"O aborto é a aplicação da pena máxima e irreparável ao nascituro, qual seja, a imposição de morte ao novo ser que vem ao mundo", afirma Ferreira na justificativa do projeto. "O que temos testemunhado, recentemente, com a comoção pública em torno dos milhares de caso de microcefalia, é que, a cada nova enfermidade ou doença que acomete a vida fetal, um novo movimento se estrutura em prol de novas hipóteses que autorizam o aborto", diz o parlamentar. "Hoje é a microcefalia, amanhã, outro mal (que apenas atesta a nossa incapacidade de enfrentar problemas graves de saúde pública) autorizará o extermínio da vida como uma espécie de álibi estatal."



sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Papa se encontrará com novo presidente argentino amanhã

O papa recebe Mauricio Macri em setembro de 2013, quando este último era prefeito de Buenos Aires

A informação é da Gaudium Press:

Presidente argentino se encontrará com o Papa no próximo sábado

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, se encontrará com o Papa Francisco no próximo sábado, 27, em audiência que disse esperar com "alegria".

Mauricio Macri expressou que espera do Pontífice "conselhos valiosos para a tarefa que começou na Argentina".

Destacou Mauricio Macri, em declarações a meios franceses, as "boas relações" que sustentou como chefe de governo da Cidade de Buenos Aires com o Arcebispo Bergoglio, e manifestou que o atual Pontífice é uma das pessoas que mais o conhece "em termos de agenda concreta" de trabalho. Ele mantêm agora, segundo declarou, uma relação de "respeito recíproco" com o Papa.

Sobre um recente gesto do Papa Francisco, de enviar um rosário a uma líder presa, o presidente Macri afirmou que "o Papa sempre busca que ainda o maior pecador tenha a oportunidade de rezar e reconhecer seus erros. O Papa Francisco, além de seu amor pela Argentina, hoje tem uma tarefa superadora em termos de manter uma liderança religiosa no mundo inteiro".



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Prefeito goiano decreta jejum contra a dengue

A informação é do G1 Goiás:

Prefeito decreta jejum para 'clamar a Deus' contra a dengue, em Goiandira

Documento pede 'livramento e misericórdia' em virtude dos casos da doença.
Líderes religiosos da cidade foram convocados a sugerir prática aos fiéis.

O prefeito Erick Marcus dos Reis e Cruz (PTB), do município de Goiandira, no sudeste de Goiás, decretou a segunda-feira (22) como o "Dia de Jejum Municipal" com o intuito de "clamar a Deus" contra a infestação de dengue na cidade. Segundo o documento, a população não pode comer entr 6h e 12h.

Segundo o administrador, líderes religiosos da cidade foram convocados a sugerir aos seus fiéis que participassem do jejum.

“Em muitas situações de guerra descritas na Bíblia, as pessoas conseguiram vencer os conflitos jejuando. Essa prática ajuda a pedir auxílio, buscar fortalecimento espiritual e criar uma ligação direta com Deus para refletir sobre esse problema. Nós estamos enfrentando uma batalha contra a dengue e todas armas são válidas. Ação, oração, fé, tudo é valido”, afirmou o prefeito ao G1.

O pastor evangélico Isaias Vieira de Sousa contou que aderiu ao pedido do prefeito e sugeriu que os fiéis fizessem o mesmo. “No domingo [21], depois do culto, falei sobre o decreto da prefeitura e pedi que as pessoas participassem, orassem pedindo a Deus pelo fim da dengue e refletissem sobre essa situação que a nossa cidade, e até o país inteiro, enfrenta”, afirma.

Ainda conforme a administração do município, já foram registrados cerca de 600 casos de dengue na cidade, o que preocupa a prefeitura e a população. Além do decreto de jejum, nesta terça-feira (23), os agentes de saúde realizaram um mutirão de limpeza de terrenos baldios, ruas e casas da cidade, procurando retirar todos os focos do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti.





quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Na contramão da Europa, Portugal quer receber mais refugiados sírios


A matéria é do jornal português Público, com ortografia lusitana:

Portugal disponível para receber dez mil refugiados

ANA GOMES FERREIRA

António Costa, através de acordos bilaterais, mais do que duplicou a quota atribuída ao país pela União Europeia. Em Bruxelas, o tema refugiados agravou ainda mais o clima de animosidade mas foi marcada, para Março, uma cimeira com a Turquia.

Portugal está disponível para receber cerca de dez mil refugiados – 4486 no âmbito do acordo europeu de recolocações, firmado no ano passado, e os restantes através de acordos bilaterais que o primeiro-ministro, António Costa, propôs à Alemanha e aos países mais afectados pelo fluxo migratório.

Costa, que participa em Bruxelas na cimeira da União Europeia (UE), enviou cartas os chefes dos governos grego, sueco, italiano e austríaco a disponibilizar-se para receber em Portugal milhares de refugiados que estão nestes países.

Em Setembro de 2015, o Governo português (estava então no poder a coligação de direita) aceitou a cota de 4486 refugiados atribuídos no plano de redistribuição de 160 mil pessoas — destas, apenas uma ínfima parte chegou aos seus destinos. No início de Fevereiro, o chefe do novo Executivo (socialista) visitou a Alemanha e disponibilizou-se, junto da chanceler Angela Merkel, para receber mais um grupo alargado de refugiados (duas mil pessoas), que seriam integrados em empregos no sector da agricultura e no ensino superior.

Agora, em Bruxelas, Costa alargou novamente o número através destas ofertas bilaterais.

É com a soma de todos estes números — cota europeia, proposta à Alemanha e novos acordos bilaterais — que se chega aos dez mil refugiados, ou próximo disso.

Em declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro português voltou a dizer que estes refugiados que Portugal está disposto a receber poderão ser encaminhados para sectores como a agricultura e florestas, mas que a oferta se alarga também a estudantes universitários.

“É essencial que todos nos mobilizemos para responder de uma forma positiva [ao fluxo de refugiados que chega à Europa]”, disse António Costa. “Isto de forma a que a Europa cumpra os seus deveres de assegurar a protecção internacional a todos aqueles que são perseguidos, a todos aqueles que são vítimas da guerra e que procuram na Europa o seu refúgio”.

Ameaças e decisões unilaterais

Em Bruxelas, porém, a forma de cumprir este dever de protecção que António Costa mencionou não é consensual. No segundo dia da cimeira em que um dos temas na agenda era a travagem do fluxo migratório em direcção à UE e o registo e reincaminhamento dos refugiados e dos chamados imigrantes económicos que já estão no território comunitário (mais de 2,5 milhões, nas contas que já pecam por defeito das Nações Unidas), os países voltaram a ameaçar-se mutuamente ou a tomar decisões unilaterais — ao ponto de a Grécia ameaçar inviabilizar a declaração final, que tem implicações sobre a coesão da UE (o Brexit).

“Precisamos de ajudar o Reino Unido, mas o Reino Unido vai ter um referendo em Junho e esta crise [dos refugiados] está a atingir-nos agora”, disse o primeiro-ministro grego. Alexis Tsipras considerou que, em Bruxelas, se fala da necessidade de “uma maior união”, mas “as fronteiras estão em risco e a União Europeia está a desintegrar-se”.

A decisão da Áustria de aplicar, desde esta sexta-feira, cotas de passagem no seu território (3200 pessoas por dia) — muitos percorrem o seu território para chegar à Alemanha — e um limite para os pedidos de asilo que vai aceitar (80 por dia), além do anúncio de que esses números serão em breve reduzidos, irritou muitos parceiros. Uma notícia que agravou ainda mais o clima de animosidade em Bruxelas — e minou o plano alemão para chegar a um entendimento sobre uma parceria UE/Turquia para estancar o fluxo de gente que atravessa o Mediterrâneo Oriental e chega às ilhas gregas.

A parceria com Ancara é a grande aposta do governo alemão, e apesar de não haver consenso sobre ela, foi decidido que se realizará uma cimeira UE/Turquia no início de Março, antes da cimeira europeia de dia 6 desse mês.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, ficou “exasperado” com a decisão austríaca, diz a Reuters. O chefe da pasta europeia das migrações, Dimitris Avramopoulos, disse que a Áustria está a violar a legislação europeia e internacional sobre asilo. Mas os austríacos mostraram-se inamovíveis. “Estou muito contente com a nossa decisão e vamos mantê-la”, disse a ministra do Interior, Johanna Mikl-Leitner, lembrando que o sue país recebeu onze mil pedidos de asilo desde 1 de Janeiro e que só aceitará 37.500 até ao fim do ano. “Por isso, teremos que introduzir novos limites”, afirmou a ministra dizendo não perceber o “espanto” da Alemanha uma vez que foi este país que “inventou este sistema”.

As decisões unilaterais de controlo de fronteiras prosseguem. Alguns países optaram pelo encerramento de fronteiras, o que na prática significa a criação de uma linha de fronteira interna na UE e que põe em causa a aplicação do acordo de Schengen, que determina a livre circulação de pessoas e bens no espaço comunitário e a que aderiram alguns países não membros. Hungria, República Checa, Eslováquia e Polónia defenderam — e estão a aplicar — um plano de encerramento das suas fronteiras e da dos países que rodeiam a Grécia.

De quinta para sexta-feira, Macedónia, Croácia e Eslovénia decidiram introduzir um sistema conjunto de registo dos que chegam da Grécia e de transporte directo destes para a Áustria. O plano pretende identificar os que são originários de países considerados, como a Síria, o Iraque e o Afeganistão, deixando-os seguir em viagens organizadas (e não os outros), mas não lhes garantindo automaticamente direito a pedido de asilo — pretendem que essa triagem seja feita na Áustria. O chefe da polícia croata, Vlado Dominic, disse que a Bulgária e a Albânia vão ser convidados a juntar-se a esta estratégia uma vez que, perante esta nova realidade, podem tornar-se rapidamente novos países na rota que os refugiados e imigrantes usam para chegar à UE.



terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Padre Fernando Cardenal, punido por João Paulo II e reabilitado por Francisco, morre na Nicarágua

Fernando Cardenal ouve a prédica de seu irmão Ernesto, hoje com 91 anos de idade

A matéria é do IHU:

Fernando Cardenal deixa legado de amor

O padre, o jesuíta, o ministro, o professor, mas acima de tudo o amigo. Todas as faces do Padre Fernando Cardenal foram lembrados por aqueles que chegaram na capela da Universidade Centro-americana, onde velou-se o padre, que morreu aos 82 anos na madrugada de 20 de fevereiro.

A reportagem é de Lucía Navas, publicada por La Prensa, 21-02-2016. A tradução é de Evlyn Louise Zilch.

O padre jesuíta Fernando Cardenal deixa um legado de "amor para que o conhecimento chegasse a todo sem exceção", juntamente com o seu compromisso para que o sistema de ensino fosse de melhor qualidade.

Nisto coincidiram poetas, ministros, políticos, antigos colegas de política e de escola, pessoal administrativo, professores e estudantes da Fe y Alegría Nicarágua que vieram para dizer seu último adeus na capela do UCA, onde ao meio-dia uma missa de responso foi realizada e às 6h da tarde uma Eucaristia.

O escritor Sergio Ramírez e a poeta Gioconda Belli exaltaram o papel importante do padre Cardenal à frente da Cruzada Nacional de Alfabetização em 1980. "Era um homem que tinha uma visão clara, limpa e que foi o general da batalha mais importante que lutou neste país, a batalha contra a ignorância, que abriu seus olhos e ensinou-lhe a decifrar a tantas pessoas", disse a poeta Belli.

Para ela o legado à história da parte de Cardenal foi influenciar "em que tantas pessoas tivessem acesso a seu conhecimento, à magia da ficção da literatura".

O escritor Sergio Ramírez disse que "Fernando Cardenal foi um exemplo de comportamento ético, sempre insistiu em que as ações dos seres humanos não devem distanciar-se do que dizem, do que pregam, deve haver essa congruência entre palavra e a ação, e isso define uma posição ética para os nicaragüenses de distintas gerações que siguem seu exemplo".

Enfermidade

O padre Cardinal morreu depois de ficar por mais de duas semanas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em Manágua, após ter sido operado em 2 de fevereiro por uma hérnia abdominal.

Após a primeira cirurgia inseriram no padre jesuíta uma malha abdominal, mas seu corpo a rejeitou causando febre. Médicos operaram-no uma segunda vez e encontraram "uma infecção bastante grande em seu abdômem", relatou na época o superior da Companhia de Jesus na Nicarágua, Iñaki Zubizarreta.

"Já ganhou a batalha, já está na presença do Senhor, aproveitando o abraço do Pai Eterno", disse ontem Zubizarreta, que conduziu a missa de responso.

Seu irmão, o poeta

Ernesto Cardenal sendo repreendido
publicamente por João Paulo II na
visita do papa à Nicarágua em 1983
O irmão de Fernando, também sacerdote e poeta Ernesto Cardenal, esteve na capela da UCA. Apoiando-se em uma bengala para dar os passos lentos de seus 90 anos e sempre acompanhado por familiares, o poeta Ernesto ficou em silêncio nos muitos momentos em que observava o caixão, onde descansava o corpo de seu irmão.

Os olhos do poeta Ernesto avermelharam-se várias vezes. Ele ouviu em silêncio a missa de responso oferecida ao meio-dia por Zubizarreta. Mas o padre poeta evitou falar com a mídia, só o fez com algumas pessoas, a maioria velhos amigos dele e seu irmão Fernando, que aproximaram-se dele para oferecer condolências.

Fernando Cardenal foi ministro da Educação da Nicarágua entre 1984 e 1990, com o primeiro governo da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). Por sua vinculação aos sandinistas e à Teologia da Libertação o Papa João Paulo II suspendeu-o do sacerdócio e também teve que deixar a Companhia de Jesus.

O Papa Francisco revogou esta suspensão ao Padre Fernando Cardenal que assim pode retornar à Companhia de Jesus.

"O que deixa Fernando? Deixa-nos um homem absolutamente teimoso para trabalhar por uma educação de qualidade neste país, e não apenas para aqueles que podem pagar, mas acima de tudo a educação de qualidade para os pobres. Em toda sua vida ele foi um educador ", observou Zubizarreta.

Cardenal foi diretor nacional da organização Fe y Alegría, que tem mais de 22 escolas em nove departamentos. São mais de 10.500 estudantes, a maioria com recursos escassos.





segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Patriarca ortodoxo russo encerra visita ao Brasil no RJ e em SP

O patriarca ortodoxo russo Kirill reza no Cristo Redentor

O patriarca de Moscou e de toda a Rússia, Kirill, concluiu ontem em São Paulo o seu périplo pela América Latina que começou no último dia 12 de fevereiro, quando teve o encontro histórico com o papa Francisco em Havana, capital de Cuba.

Antes de chegar a Brasília na sexta-feira, dia 19, onde se reuniu com a presidente Dilma Rousseff, o chefe da Igreja Ortodoxa Russa passou rapidamente pelo Paraguai e pelo Chile.

No sábado, dia 20 de fevereiro, o patriarca Kirill realizou o seu tão desejado sonho, de conhecer o Cristo Redentor, no Corcovado, onde oficiou uma cerimônia na qual estava presente D. Orani João Tempesta, cardeal católico do Rio de Janeiro, conforme se pode ver no vídeo abaixo, da teleSUR:


Na sua homilia no Corcovado, o líder russo enfatizou a necessidade de se renovar a fé cristã e combater a perseguição que os cristãos sofrem em todo o mundo, em especial no Oriente Médio e na África, bem como aproveitou para criticar o aborto, os divórcios e a alteração do conceito de casamento como a união entre homem e mulher, conclamando os católicos a enfrentar conjuntamente estes desafios.

Já no domingo, 21 de fevereiro, Kirill visitou São Paulo, onde está concentrado o maior número de fiéis ortodoxos russos no Brasil (cerca de 3.000 seguidores).

A celebração aconteceu no belo templo da Catedral Metropolitana Ortodoxa de São Paulo, localizada no bairro do Paraíso e pertencente ao Patriarcado de Antioquia, mas que foi fraternalmente cedida ao patriarca russo para que ele oficiasse a missa que contou com a presença do cardeal católico D. Odilo Pedro Scherer, e do prefeito da capital, Fernando Haddad, cujo avô paterno, Cury Habib Haddad, se tornou padre ortodoxo antioquino após ficar viúvo.

Na cerimônia paulista, o patriarca Kirill repetiu os temas de sua pregação no Rio de Janeiro, e concluiu sua visita ao Brasil com uma visita no começo da tarde de domingo à Igreja Ortodoxa Russa de Nossa Senhora da Anunciação, no bairro paulistano do Ipiranga, de onde se dirigiu ao aeroporto de Guarulhos para retornar a Moscou.

Termina assim a primeira peregrinação de um patriarca ortodoxo russo por terras latino-americanas.

Patriarca Kirill celebra missa em São Paulo, com presença do cardeal D. Odilo Scherer e do prefeito Fernando Haddad



domingo, 21 de fevereiro de 2016

"Opção preferencial pelos ricos" põe anglicanos em risco de extinção

É o que diz análise da própria cúpula da Igreja Anglicana, segundo noticia o IHU.

Melhor os ideólogos da prosperidade repensarem o seu foco, não é mesmo? 

Eis a matéria:

Sínodo anglicano ouve que a vida católica em comunidades carentes está desaparecendo rapidamente

O sínodo geral da Igreja da Inglaterra ouviu, nesta quarta-feira, que ela vem estando demasiadamente focada na classe média e na meia idade e que precisa levar “a batalha pela alma cristã desta nação” a comunidades periféricas, aos jovens e minorias étnicas. Muitos vigários têm pregado somente aos convertidos em vez de ativamente buscarem novos recrutas ao “partilhar a nova do bom pastor”.

A reportagem é de Harriet Sherwood, publicada por The Guardian, 16-02-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, que preside a força-tarefa da Igreja e fez do trabalho missionário um objetivo central da instituição religiosa sob o seu comando, disse que o evangelismo não é “uma técnica de sobrevivência como decorrência de uma inquietação com os mais recentes números mostrando a frequência à igreja”, e sim um “compromisso com a sua renovação”.

Philip North, bispo de Burnley, disse que a igreja tem centrado demais os seus recursos na classe média e falou que ela deveria aumentar a sua presença entre as comunidades mais carentes. “A batalha pela alma cristã desta nação não será vencida ou perdida em Kensington, Cobham ou Harrogate, mas nos locais onde a vida é difícil e onde a vida da igreja está desaparecendo rapidamente”, declarou, acrescentando que a igreja esteja, pelo menos, presente nas “comunidades mais pobres, nos bairros periféricos das nossas cidades”.

Segundo uma análise apresentada num encontro sinodal em Londres:

• per capita, a igreja gasta significativamente menos em comunidades carentes na relação com a média nacional (£ 5,09 por ano numa média de £ 7.90);

• a frequência à igreja entre os que vivem em comunidades carentes está menos da metade abaixo do que os dados nacionais: – 0,8% em comparação com 1,7%;

• a velocidade do declínio na frequência à igreja é quase quatro vezes mais rápida aqui do que na comparação nacional.

O clero se sente isolado, sozinho e esquecido, segundo North. “A igreja em nossas comunidades carentes está morrendo, e está morrendo muito rapidamente. A conclusão é óbvia: somos líderes de uma igreja que assumiu uma opção preferencial pelos ricos”. Uma igreja que “abandona os pobres abandonou a Deus”, disse ele.

A força-tarefa da Igreja da Inglaterra realizará um congresso no próximo mês no Palácio de Bishopthorpe, a casa do arcebispo de York, para debater o potencial de expansão de sua presença entre os pobres nas comunidades carentes.

O sínodo foi também advertido que a igreja está enfrentando um desafio urgente no engajamento com os jovens. Mais da metade das paróquias tinham menos de cinco pessoas com idade inferior a 16 anos em suas congregações, afirmou Mark Russell, membro da força-tarefa. Ele citou um estudo que descobriu que apenas 1% dos cristãos começam a vir à igreja com a idade de 45 anos, e disse: “É fundamental compreender a seriedade da situação que enfrentamos; a situação continua crítica”.

As dioceses e paróquias deveriam investir em cargos pagos no trabalho junto às crianças e jovens, é o que recomenda a força-tarefa em seu relatório, que foi aprovado pelo sínodo. A igreja pensa em nomear um coordenador nacional para o evangelismo junto aos jovens.

O relatório também diz que negros e pessoas de minorias étnicas tinham uma baixa representação na instituição. Muitos falaram que “se sentiam diferentes na igreja, com perguntas de onde eram e em que lugar vivem. O foco está em enfatizar as diferenças culturais”.

As igrejas deveriam “criar uma cultura que acolha a diversidade cultural dentro de si e que aborde ativamente o preconceito inconsciente”, lê-se no texto.

A força-tarefa destacou questões significativas sobre a disposição de alguns clérigos em se engajar no evangelismo. “Para muitos deles, o entendimento vocacional que possuem está firmemente focado no ministério pastoral que encontra a sua mais completa expressão no exercício dos deveres litúrgicos, na oração, na pregação e no ministério pastoral (...) o trabalho social intencional era de uma importância relativamente menor”.

O clero existente e o clero futuro precisam se equipar como “líderes de missão e testemunho”; o evangelismo é central às vocações ordenadas e “não uma opção extra para alguns”. Os pedidos de ordenação deveriam ser selecionados com base na disposição das pessoas em se envolver com os não cristãos, diz o relatório.



sábado, 20 de fevereiro de 2016

Dilma Rousseff recebeu o patriarca ortodoxo russo em Brasília


A informação é do Terra, com vídeo do encontro mais abaixo:

Patriarca russo Kirill inicia visita ao Brasil em reunião com Dilma

O patriarca ortodoxo russo Kirill se reuniu nesta sexta-feira com a presidente Dilma Rousseff no início de sua visita de três dias ao Brasil, o último dos países de sua viagem pela América Latina.

O encontro, inicialmente previsto para o Palacio do Planalto, foi antecipado e realizado no Palácio da Alvorada. Após uma recepção no gabinete de Dilma, que foi aberto para o registro de imagens por parte da imprensa, a governante e o patriarca se reuniram em privado na biblioteca do palácio.

Depois do encontro com a presidente, o patriarca viajou para o Rio de Janeiro, onde neste sábado celebrará uma missa no alto do Corcovado e depois se reunirá com o arcebispo da cidade, o cardeal Dom Orani Tempesta. O patriarca russo termina no domingo, em São Paulo, sua visita de três dias ao Brasil.

Na capital paulista, o líder religioso celebrará uma liturgia magna na Igreja Ortodoxa Antioquina, próxima à Avenida Paulista, e visitará a Igreja Ortodoxa Russa de Nossa Senhora da Anunciação, no tradicional bairro do Ipiranga.

Segundo um comunicado do governo, a igreja ortodoxa russa conta com 150 milhões de fiéis no mundo todo e no Brasil os praticantes estão calculados entre 3 mil e 4 mil, a maioria no estado de São Paulo.




sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Pastor ora por corruptos envolvidos no escândalo das merendas de SP


A julgar pelo estrago que a nova geração de "evangélicos" anda fazendo com este nome que um dia teve respeito no Brasil, Jesus deve estar voltando mesmo. Maranata!

É tanta inversão de valores, tanto materialismo, tanta desfaçatez, que nem vergonha eles sentem mais.

Depois da "oração da propina" do mensalão do DEM de Brasília, passando pela nobre estirpe dos "traficantes evangélicos", agora tem corrupto envolvido no escândalo do desvio de verbas da merenda das escolas de São Paulo que pede oração para um tal "pastor" a fim de que dê tudo certo com suas tramoias.

Sim, é isto mesmo o que você leu, por incrível que pareça tem "pastor" estuprando o idioma (com o futuro no gerúndio, "vou estar orando") e abençoando ladrões que roubam a comida de crianças pobres nas escolas públicas do Estado de São Paulo, segundo noticia a Carta Capital:

Pastor “abençoou” propina do merendão do PSDB

Interceptação telefônica autorizada pela Justiça mostra que investigado estava preocupado com entrega

Interceptações telefônicas realizadas durante as investigações da máfia da merenda em São Paulo mostram que um vendedor da cooperativa Coaf pediu a benção de um pastor para transportar 80 mil reais em propinas. O vendedor Carlos Luciano estava preocupado porque um mês antes um outro integrante da quadrilha havia sido preso com 95,5 mil reais quando se aproximava da cidade de Taiúva, interior do estado.

Na chamada realizada no dia 18 de novembro às 17h16, Carlos Luciano conversa com um pastor sobre a entrega. Carlos diz que está “angustiado” em função da remessa. O pastor responde “não é só você não, amanhã vamos ficar nóis (sic) tudo ansioso esperando a resposta”. Carlos diz que está levando uma “comissão” de 80 mil reais a uma “pessoa de confiança” e seria “onça sobre onça”, possivelmente se referindo a notas de 50 reais. Carlinhos diz esperar a “benção de Deus”.

O vendedor diz que “vai estar orando” e o pastor diz que “Deus vai cuidar”. Lopes acabou sendo preso no início desse ano junto de outros seis investigados. Todos já foram soltos.

Tirando da boca de crianças pobres, a fraude possibilitou só no ano passado ganhos de pelo menos 25 milhões de reais. Tudo ia muito bem, até que a gula dos merendeiros foi ficando cada vez maior, e brigas internas sobre quem levaria a maior parte desse bolo fez um integrante da cooperativa realizar a denúncia em uma delegacia de polícia.

A denúncia deu origem à operação Alba Branca, que apura o envolvimento direto de Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa paulista, dos deputados federais Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB) e do deputado estadual Luiz Carlos Gondim (SD).

Nesta semana foram autorizadas a quebra de sigilo de Capez e de seus assessores. Todos já negaram as acusações.

Até o momento já foram citados em depoimentos e interceptações telefônicas os nomes dos secretários da Casa Civil do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Edson Aparecido; da Agricultura, Arnaldo Jardim; de Logística e Transportes, Duarte Nogueira e do ex-secretário de Educação Herman Voorwald do governo Alckmin.



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Cardeal do RJ receberá patriarca ortodoxo russo no Cristo Redentor

A matéria é do Sputnik News:

Exclusivo – D. Orani Tempesta: ‘Acolhemos o Patriarca Kirill como um verdadeiro irmão’

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro afirma que “essa visita do Patriarca Kirill à América Latina é sinal de boa vontade e de aproximação, já que a América Latina é o grande continente católico do mundo, e a presença do Patriarca Kirill aqui vem trazer laços de amizade e de fraternidade”.

O líder da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill, Patriarca de Moscou e de Toda a Rússia, chega ao Brasil na sexta-feira, 19, para uma visita de três dias ao país. A primeira etapa da viagem será em Brasília. No sábado, 20, o Patriarca estará no Rio de Janeiro, e, no domingo, 21, em São Paulo.

No Rio de Janeiro, Kirill cumprirá extensa programação, desde a celebração de atos religiosos junto ao Monumento do Cristo Redentor, no Corcovado, até uma visita à Paróquia de Santa Zenaide, em Santa Teresa, na qual se congregam os fiéis da Igreja Ortodoxa Russa.

Sobre a presença do Patriarca Kirill no Brasil e, particularmente, no Rio de Janeiro, Sputnik conversou com o Cardeal Arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, que estará presente às celebrações de Kirill no Cristo Redentor.

Além de desejar uma feliz estada ao Patriarca Kirill, Dom Orani ressaltou a importância dessa visita, afirmando que ela aproxima ainda mais os fiéis das Igrejas Católica Apostólica Romana e Ortodoxa Russa e, de uma forma mais ampla, os povos do Brasil e da Rússia.

A seguir, a entrevista com o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro.

Dom Orani Tempesta: Devemos agradecer a Deus por esta oportunidade de poder falar e também transmitir a nossa alegria em receber aqui no Rio de Janeiro o Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Patriarca Kirill, e assim também poder acolhê-lo como cristão católico, na fraternidade, como irmãos que se unem, para causas comuns, para preocupação do bem comum do nosso planeta.

S: É a primeira visita do Patriarca Kirill ao Rio de Janeiro. Entretanto, como Metropolita, ele já esteve outras vezes no Rio de Janeiro. Que importância o senhor atribui a esta visita?

OT: Eu creio que é uma visita muito importante. Afinal de contas, o Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa é uma pessoa importante dentro da ortodoxia, e após o encontro que ele teve com o Papa Francisco em Havana, Cuba, esta visita se tornou ainda mais importante, porque é uma continuação desse relacionamento fraterno entre os católicos e os ortodoxos russos, sabendo que cremos no mesmo Cristo, buscamos o mesmo Deus e, ao mesmo tempo, temos histórias em comum durante mais de mil anos. E esperamos que, passado tanto tempo, muita coisa, cada um permanecendo dentro da sua realidade, realizando a sua caminhada histórica, também possamos vislumbrar caminhos comuns para nós nos tempos atuais. A Arquidiocese do Rio de Janeiro recebe com muita alegria e com muita dignidade o Patriarca Kirill.

S: O Patriarca Kirill estará no Rio de Janeiro no sábado, e o ponto alto dessa visita será a ida do Patriarca ao monumento ao Cristo Redentor, no Corcovado. O senhor estará presente às celebrações?

OT: Sim, eu creio que o principal momento da vinda do Patriarca Kirill ao Rio de Janeiro será sua oração aos pés do monumento ao Cristo Redentor. É um desejo do Patriarca poder visitar este local que é símbolo do Brasil, poder ver essa presença e essa oração. Eu creio que o Cristo de braços abertos bem representa o acolhimento ao Patriarca e, ao mesmo tempo no alto do Corcovado, a nossa oração para que haja paz em nossa sociedade, em nosso mundo. E eu estarei, se Deus quiser, presente, acolhendo o Patriarca no patamar do Redentor, mesmo porque ali é um santuário da Igreja Católica, santuário arquidiocesano, e queremos acolhê-lo como um irmão que chega para rezar e ali fazermos orações juntos.

S: Em nossa entrevista anterior nós perguntamos ao senhor quando poderia acontecer a reaproximação entre as Igrejas Católica Apostólica Romana e Ortodoxa Russa, e o senhor nos disse que ela aconteceria em menos tempo do que se imaginava. Então, está aí comprovado o que o senhor nos disse há menos de dois anos.

OT: Realmente, eu creio que os passos vão ficando maduros. E ao mesmo tempo que nós vamos vendo a necessidade de os cristãos se aproximarem, respeitando a identidade, a tradição e a história de cada um, é uma oportunidade também de ver que nós podemos estar juntos em tantos aspectos importantes para a sociedade. Eu creio que essa visita do Patriarca Kirill à América Latina é sinal de boa vontade, de aproximação, já que a América Latina é o grande continente católico do mundo, e a presença do Patriarca Kirill aqui vem trazer esses laços de amizade e de fraternidade.



LinkWithin

Related Posts with Thumbnails