“Talvez haja mais compreensão e beleza na vida quando os raios ofuscantes do sol foram suavizados pelos contornos da sombra." (Virginia M. Axline)

domingo, 21 de fevereiro de 2016

"Opção preferencial pelos ricos" põe anglicanos em risco de extinção

É o que diz análise da própria cúpula da Igreja Anglicana, segundo noticia o IHU.

Melhor os ideólogos da prosperidade repensarem o seu foco, não é mesmo? 

Eis a matéria:

Sínodo anglicano ouve que a vida católica em comunidades carentes está desaparecendo rapidamente

O sínodo geral da Igreja da Inglaterra ouviu, nesta quarta-feira, que ela vem estando demasiadamente focada na classe média e na meia idade e que precisa levar “a batalha pela alma cristã desta nação” a comunidades periféricas, aos jovens e minorias étnicas. Muitos vigários têm pregado somente aos convertidos em vez de ativamente buscarem novos recrutas ao “partilhar a nova do bom pastor”.

A reportagem é de Harriet Sherwood, publicada por The Guardian, 16-02-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, que preside a força-tarefa da Igreja e fez do trabalho missionário um objetivo central da instituição religiosa sob o seu comando, disse que o evangelismo não é “uma técnica de sobrevivência como decorrência de uma inquietação com os mais recentes números mostrando a frequência à igreja”, e sim um “compromisso com a sua renovação”.

Philip North, bispo de Burnley, disse que a igreja tem centrado demais os seus recursos na classe média e falou que ela deveria aumentar a sua presença entre as comunidades mais carentes. “A batalha pela alma cristã desta nação não será vencida ou perdida em Kensington, Cobham ou Harrogate, mas nos locais onde a vida é difícil e onde a vida da igreja está desaparecendo rapidamente”, declarou, acrescentando que a igreja esteja, pelo menos, presente nas “comunidades mais pobres, nos bairros periféricos das nossas cidades”.

Segundo uma análise apresentada num encontro sinodal em Londres:

• per capita, a igreja gasta significativamente menos em comunidades carentes na relação com a média nacional (£ 5,09 por ano numa média de £ 7.90);

• a frequência à igreja entre os que vivem em comunidades carentes está menos da metade abaixo do que os dados nacionais: – 0,8% em comparação com 1,7%;

• a velocidade do declínio na frequência à igreja é quase quatro vezes mais rápida aqui do que na comparação nacional.

O clero se sente isolado, sozinho e esquecido, segundo North. “A igreja em nossas comunidades carentes está morrendo, e está morrendo muito rapidamente. A conclusão é óbvia: somos líderes de uma igreja que assumiu uma opção preferencial pelos ricos”. Uma igreja que “abandona os pobres abandonou a Deus”, disse ele.

A força-tarefa da Igreja da Inglaterra realizará um congresso no próximo mês no Palácio de Bishopthorpe, a casa do arcebispo de York, para debater o potencial de expansão de sua presença entre os pobres nas comunidades carentes.

O sínodo foi também advertido que a igreja está enfrentando um desafio urgente no engajamento com os jovens. Mais da metade das paróquias tinham menos de cinco pessoas com idade inferior a 16 anos em suas congregações, afirmou Mark Russell, membro da força-tarefa. Ele citou um estudo que descobriu que apenas 1% dos cristãos começam a vir à igreja com a idade de 45 anos, e disse: “É fundamental compreender a seriedade da situação que enfrentamos; a situação continua crítica”.

As dioceses e paróquias deveriam investir em cargos pagos no trabalho junto às crianças e jovens, é o que recomenda a força-tarefa em seu relatório, que foi aprovado pelo sínodo. A igreja pensa em nomear um coordenador nacional para o evangelismo junto aos jovens.

O relatório também diz que negros e pessoas de minorias étnicas tinham uma baixa representação na instituição. Muitos falaram que “se sentiam diferentes na igreja, com perguntas de onde eram e em que lugar vivem. O foco está em enfatizar as diferenças culturais”.

As igrejas deveriam “criar uma cultura que acolha a diversidade cultural dentro de si e que aborde ativamente o preconceito inconsciente”, lê-se no texto.

A força-tarefa destacou questões significativas sobre a disposição de alguns clérigos em se engajar no evangelismo. “Para muitos deles, o entendimento vocacional que possuem está firmemente focado no ministério pastoral que encontra a sua mais completa expressão no exercício dos deveres litúrgicos, na oração, na pregação e no ministério pastoral (...) o trabalho social intencional era de uma importância relativamente menor”.

O clero existente e o clero futuro precisam se equipar como “líderes de missão e testemunho”; o evangelismo é central às vocações ordenadas e “não uma opção extra para alguns”. Os pedidos de ordenação deveriam ser selecionados com base na disposição das pessoas em se envolver com os não cristãos, diz o relatório.



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