segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Conclusões olímpicas


Sim, meus queridos amigos, é triste ter que admitir isso mas a Olimpíada brasileira, mais especificamente carioca, acabou...

A grande notícia é que ela transcorreu sem maiores problemas, sobretudo quanto a violência e terrorismo, embora ainda tenhamos que passar pelas Paralimpíadas para podermos comemorar dois eventos pacíficos em seguida.

Quanto aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, foram duas semanas bastante divertidas, em que o brasileiro mostrou ao mundo o seu jeito estabanado de ser, meio confuso, espalhafatoso e contraditório, mas espontâneo e bem-humorado tanto quanto possível.

As cerimônias de abertura e de encerramento agradaram por sua simplicidade e baixo custo, mostrando ao mundo a cultura e a criatividade brasileiras em seu estado de pura arte, sem querer concorrer com festas e sedes antigas, até porque, cá entre nós, ainda que os mais jovens não entendam o que isso significa, nada vai superar o painel humano do ursinho Misha derramando uma lágrima na despedida de Moscou 1980.

Só quem viu esta cena pela televisão 36 anos atrás pode tentar descrever a emoção que sentiu naquele contexto histórico em que a tecnologia ainda perdia de 10 x 0 para a ideologia.

Depois disso, tudo virou mais do mesmo, inclusive a grandiosidade de Pequim 2008, que mostrou ao globo o despropósito de uma China faraônica, logo uma cultura milenar que tem tantas coisas lindas e simples para compartilhar.

Portanto, o Rio de Janeiro acertou em cheio ao fazer cerimônias relativamente simples, muito mais ligadas à emoção do que à ostentação, mostrando o que o Brasil tem de melhor, sua música, sua gente, sua malemolência, seu bom humor.

Claro que este rumo foi ditado, em larga parte, pelas limitações orçamentárias, mas que bom que foi assim, pois serviu de antítese ao negócio bilionário que são os jogos patrocinados pelo Comitê Olímpico Internacional.

Sim, no fim tudo se limita a isso, um negócio. Vivemos num mundo onde a economia impera, e o espírito olímpico é só uma desculpa para que grandes contratos sejam assinados à sombra dos seus arcos.

Tenebrosa é a coincidência a que permitiu que o Brasil encerrasse sua Olimpíada na mesma semana em que vai decidir o impeachment de sua primeira mulher que chegou à Presidência.

De novo, engana-se quem acha que é a lei ou os políticos que vão decidir o destino de Dilma Rousseff. Não, caros amigos, quem parece que já decidiu pela sua defenestração é a economia, mediante aqueles famosos tentáculos invisíveis do mercado, que são afinal quem decide o destino de cidades olímpicas e presidentes.

Era este o cenário em 2009, quando o Rio de Janeiro foi escolhido como sede olímpica para 2016, e o Brasil era muito mais interessante do ponto de vista econômico do que político ou esportivo.

Cabalísticos sete anos depois, tudo mudou.

Parece que o Brasil se despediu não só dos seus Jogos mas também de uma era, e - seja no esporte ou na política - não há boas perspectivas no horizonte.

Tentemos, então, perpetuar (enquanto pudermos) este sentimento gostoso e anestésico de duas semanas em que o mundo nos visitou e interagimos com o diferente.

Foi bom enquanto durou...



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