sexta-feira, 4 de julho de 2008

El apagón de la Telefónica

A empresa Telefónica de España, grande beneficiária do monopólio de telefonia fixa no Estado de São Paulo, resultado prático das privatizações do governo FHC (também conhecidas por "privatarias"), deixou os seus clientes sem acesso à Internet nos dois últimos dias. Quem sabe agora eles trocam o nome do Speedy por Stoppy (ou Snoopy, pra mostrar como eles vêem seus clientes). Useira e vezeira no desrespeito ao consumidor, a Telefónica apenas resolveu exponenciá-lo, talvez porque saiba que a impunidade brasileira lhe protege. Assim, milhões de paulistas foram prejudicados. Empresas não puderam operar normalmente, assinantes residenciais ficaram a ver navios virtuais, crimes não puderam ser registrados nas delegacias, e o cidadão comum não pôde obter uma simples certidão numa repartição pública. Hoje, a situação continua complicada, apesar da empresa alegar que "os serviços voltaram à normalidade". Se já é estranho que um monopólio estatal - reconhecidamente incompetente - se transforme num monopólio privado de quinta categoria, já que a suposta concorrência que existiria nunca se concretizou, muito mais estranho é que esta empresa - que trata seus clientes dessa forma vergonhosa há vários anos -, continue sendo autorizada a operar no Brasil, obtendo lucros de R$ 490 milhões só no 1º trimestre de 2008, conforme noticia a Folha Online (e R$ 2,36 bi em 2007, segundo a mesma fonte). Considerando-se, ainda, que boa parte do seu lucro é destinada aos acionistas espanhóis, que dedicam aos brasileiros um tratamento vergonhoso nos seus aeroportos, seria o caso de se pensar numa câmara de compensação de prejuízos entre Brasil e Espanha. Assim, antes que os lucros fossem remetidos ao finérrimo país europeu, podiam ser abatidos os prejuízos que os brasileiros tiveram com os maus serviços e os desserviços da Telefónica de España, bem como uma singela indenização pelos maus tratos aos brazukas no aeroporto de Barajas, em Madrid.

Ah... antes que me entendam mal, não quero a volta da estatal Telesp, de triste memória. Aliás, se ainda fosse a Telesp, a Míriam Leitão estaria soltando fogo pelas ventas no Bom Dia Brasil toda manhã, pedindo a privatização. E o Bonner e a Fátima estariam abrindo o Jornal Nacional ameaçando o povão com a inflação e com as estatais. A Veja esgotaria o estoque de ilustrações de dinossauros nas suas capas dominicais. Como é a Telefônica, eles ficam quietinhos. Em suma: além de uma imprensa ética e honesta, eu quero apenas mais uma coisa: capitalismo, e o que ele tem de melhor: a concorrência. Ô Anatel! Ô Ministério das Comunicações! Leiam os meus sinais de fumaça! Eu quero poder escolher!

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