ALERTA: Perdoem-me o tom macabro, mas a história abaixo (infelizmente verídica) NÃO deve ser lida por quem se impressiona facilmente ou não tem estômago para os fatos tristes e escabrosos que acontecem no dia-a-dia de algumas pessoas. Se você se enquadra neste grupo, não se sinta envergonhado por isso (eu também sou um deles), mas NÃO leia o que vem a seguir.
Tenho acompanhado a minha irmã a algumas sessões de câmara hiperbárica, um procedimento clínico para pessoas que têm dificuldades de cicatrização (como diabéticos) ou passaram por grandes traumas físicos que requerem tratamento especializado.
A câmara hiperbárica é uma espécie de submarino (com escotilha inclusive) em que os pacientes usam máscaras de oxigênio e são submetidos artificialmente a uma pressão atmosférica muito alta.
O caso dela é relativamente simples face a alguns pacientes que a acompanham na sessão, como travestis que tiveram implantes de silicone rejeitados e o local não cicatriza mais, e pessoas atacadas (e desfiguradas) por pitbulls.
Só por aí dá pra perceber que o caso que eu vou contar a seguir é altamente indigesto, por conseguir ser ainda pior. Só vou contar porque, mesmo que a mim não me agrade nem um pouco ouvir histórias desse naipe, a minha indignação é tão grande que eu não consigo me calar e tenho que compartilhar pelo menos com este blog.
Vamos aos finalmente, então. O caso é de um garoto pobre, de 15 anos, que foi contratado por um fazendeiro da região de Bauru, sem registro em carteira, por 100 reais mensais (isto mesmo, 100 reais mensais) para operar uma máquina agrícola, deste tipo de ceifadeira.
Sem instrução alguma, o garoto foi abandonado à própria sorte na operação da máquina, e como você já deve estar imaginando, aconteceu o pior.
O acidente foi inevitável e o rapaz perdeu uma perna, mas não só a perna (e aqui vem o ainda pior), mas toda a região pélvica, com pênis e ânus decepados. Horrível, não?! Sei que o que passa na cabeça da gente ao ouvir isso é algo do tipo "seria melhor ter morrido", mas o garoto (milagrosamente) sobreviveu, e está se recuperando.
Não é difícil imaginar o tipo de vida que está levando e o que o espera no futuro.
Medidas judiciais já foram tomadas para tentar ressarcir o mínimo possível de dignidade (e danos morais) a este garoto, quando todos nós sabemos que o prejuízo de vida que ele sofreu é irreparável.
Conto essas coisas porque muitas vezes a gente é mal entendida quando defende políticas sociais que diminuam a desigualdade social no país, nelas incluída a questão das quotas raciais.
Este caso mostra, com as tintas mais fortes, como o espírito diabólico da escravidão ainda assombra o Brasil.
Muita gente se julga autorizada a tratar os mais pobres como escravos, pela módica quantia de 100 reais ao mês e ainda acha que está fazendo um favor à humanidade.
O garoto, no caso, é afrodescendente, e o tratamento desumano que lhe foi dispensado pelo "empregador" é típico de uma certa classe privilegiada, isto no Estado mais rico e (supostamente) mais desenvolvido do país.
Imagine o que ocorre nos grotões mais distantes. Eu sei (por experiência própria) que a miséria humana é das coisas mais nefastas e surpreendentes que existem na face da Terra, além de a constatarmos nos lugares e nas pessoas mais improváveis.
Entretanto, acredito que este fantasma do preconceito social-racial continua impregnado na alma da nação.
Infelizmente, ainda há muitos senhores de engenho por aqui, moendo vidas e esperanças, enquanto muita gente se acomoda e prefere deixar tudo como está. Infelizmente.
Tenho acompanhado a minha irmã a algumas sessões de câmara hiperbárica, um procedimento clínico para pessoas que têm dificuldades de cicatrização (como diabéticos) ou passaram por grandes traumas físicos que requerem tratamento especializado.
A câmara hiperbárica é uma espécie de submarino (com escotilha inclusive) em que os pacientes usam máscaras de oxigênio e são submetidos artificialmente a uma pressão atmosférica muito alta.
O caso dela é relativamente simples face a alguns pacientes que a acompanham na sessão, como travestis que tiveram implantes de silicone rejeitados e o local não cicatriza mais, e pessoas atacadas (e desfiguradas) por pitbulls.
Só por aí dá pra perceber que o caso que eu vou contar a seguir é altamente indigesto, por conseguir ser ainda pior. Só vou contar porque, mesmo que a mim não me agrade nem um pouco ouvir histórias desse naipe, a minha indignação é tão grande que eu não consigo me calar e tenho que compartilhar pelo menos com este blog.
Vamos aos finalmente, então. O caso é de um garoto pobre, de 15 anos, que foi contratado por um fazendeiro da região de Bauru, sem registro em carteira, por 100 reais mensais (isto mesmo, 100 reais mensais) para operar uma máquina agrícola, deste tipo de ceifadeira.
Sem instrução alguma, o garoto foi abandonado à própria sorte na operação da máquina, e como você já deve estar imaginando, aconteceu o pior.
O acidente foi inevitável e o rapaz perdeu uma perna, mas não só a perna (e aqui vem o ainda pior), mas toda a região pélvica, com pênis e ânus decepados. Horrível, não?! Sei que o que passa na cabeça da gente ao ouvir isso é algo do tipo "seria melhor ter morrido", mas o garoto (milagrosamente) sobreviveu, e está se recuperando.
Não é difícil imaginar o tipo de vida que está levando e o que o espera no futuro.
Medidas judiciais já foram tomadas para tentar ressarcir o mínimo possível de dignidade (e danos morais) a este garoto, quando todos nós sabemos que o prejuízo de vida que ele sofreu é irreparável.
Conto essas coisas porque muitas vezes a gente é mal entendida quando defende políticas sociais que diminuam a desigualdade social no país, nelas incluída a questão das quotas raciais.
Este caso mostra, com as tintas mais fortes, como o espírito diabólico da escravidão ainda assombra o Brasil.
Muita gente se julga autorizada a tratar os mais pobres como escravos, pela módica quantia de 100 reais ao mês e ainda acha que está fazendo um favor à humanidade.
O garoto, no caso, é afrodescendente, e o tratamento desumano que lhe foi dispensado pelo "empregador" é típico de uma certa classe privilegiada, isto no Estado mais rico e (supostamente) mais desenvolvido do país.
Imagine o que ocorre nos grotões mais distantes. Eu sei (por experiência própria) que a miséria humana é das coisas mais nefastas e surpreendentes que existem na face da Terra, além de a constatarmos nos lugares e nas pessoas mais improváveis.
Entretanto, acredito que este fantasma do preconceito social-racial continua impregnado na alma da nação.
Infelizmente, ainda há muitos senhores de engenho por aqui, moendo vidas e esperanças, enquanto muita gente se acomoda e prefere deixar tudo como está. Infelizmente.
Neste mundo existem pessoas super preconceituosas elas usam as pessoas para mostrar seu poder.
ResponderExcluirTenho uma amiga que aos 14 anos precisou trabalhar e como ninguém dava trabalho resolveu ser arrumadeira em uma casa de familia, isso aconteceu nos anos 70, aos 19 anos casou voltou a estudar, foi para faculdade, fez pós graduação, mestrado e doutorado, uns 30 anos se passaram e um dia na porta da Universidade onde trabalhava um senhor, o filho dos padrões onde ela foi arrumadeira apareceu e quando ela se apresentou ele a reconheceu e falou a queima roupa se rodeios. Voce é aquela garota que trabalhou para os meus país? Ela respondeu ....Sim sou eu mesma. Ele.... Nossa que prazer encontrar vc depois de mais de trinta anos....Voce sabia! Que desde aquela epoca meu maior sonho sempre foi que voce fosso minha puta. Minha amiga: Passou 6 anos na faculdade, fez pós, mestrado e doutorado e vem um idiota dono de engenho e pensa que as meninas pobres só servem para ser putas deles. Amei seu blog parabens abraços Heudes
Agradeço seu comentário, Heudes.
ResponderExcluirO caso que você citou de sua amiga exemplifica muito bem que o acesso à educação (de qualidade) é a melhor maneira de se resolver o problema da desigualdade no Brasil. Infelizmente, casos como o dela atualmente representam a exceção que apenas confirma a regra. Esperamos que isto mude num horizonte de curto prazo.
Abraços!