quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Garoto de 10 anos mata pai neonazista: quem é o culpado?

Uma sociedade enferma é capaz de produzir as maiores aberrações. E elas geralmente começam com pequenos incidentes, restritos a uma família desajustada ou um pequeno grupo social.

Por isso o mundo tem sua atenção chamada a um patricídio ocorrido em circunstâncias bastante improváveis num canto isolado de um país supostamente avançado.

Ali, um menino de 10 anos mata o pai neonazista, que o havia doutrinado dentro dos princípios de fascismo, violência e racismo que caracterizam o seu discurso.

Ao contrário do Brasil, nos Estados Unidos a legislação é até certo ponto omissa sobre maioridade penal. O juiz decidirá em cada caso se a criança ou adolescente tinha mínimas condições mentais e emocionais de avaliar a gravidade do seu ato infrator.

Como ficamos, então, diante de um garoto de 10 anos, exposto a uma ideologia deletéria desde a mais tenra idade, que mata o pai nazista? Como julgar a sua culpabilidade?

Bondade, maldade, vida, morte, como é que essa pequena cabeça foi formada? É desse dilema que trata a matéria abaixo, publicada no Terra:

Inicia nos EUA julgamento de menino que matou pai neonazista

Um menino de 12 anos de idade que matou seu pai, um líder de um grupo neonazista nos Estados Unidos, está sendo julgado a partir desta terça-feira no Estado da Califórnia. O incidente aconteceu em maio do ano passado, quando a criança ainda tinha 10 anos de idade.

Na madrugada do dia 1º, o menino foi à sala de estar, onde seu pai dormia, e o matou a tiros. Desde então, a criança está em um centro de detenção para menores aguardando o julgamento. O caso está provocando polêmica nos Estados Unidos, pois os juízes terão de decidir se, ao ser criado por um homem que pregava o nazismo, o jovem conseguia discernir entre o bem e o mal.

"Os fatos levantam diversas questões mais filosóficas que, dependendo de como forem levadas em consideração pelo juiz, poderão determinar o resultado do julgamento", afirma o jornal americano The New York Times. "Entre elas: se racismo virulento pode ser considerado uma espécie de abuso; se uma criança exposta a tanto ódio pode entender a diferença entre o certo e o errado, e se alguém que cresce em circunstâncias tão tóxicas pode ser culpada por querer uma saída".

Discussão e morte

O homem morto tinha 32 anos e era encanador, mas estava desempregado. Ele liderava na costa oeste o grupo neonazista Movimento Nacional Socialista, a maior organização do tipo nos Estados Unidos, com 400 integrantes em 32 Estados.

No dia anterior à sua morte, ele organizou um encontro em sua casa para discutir um plano para formar esquadrões armados na fronteira dos Estados Unidos com o México. Um repórter do New York Times, que escrevia um artigo sobre grupos neonazistas, esteve presente no encontro e testemunhou uma discussão do pai com o filho.

O promotor Michael Soccio diz que o filho foi espancado pelo pai após o encontro, e que a criança teria dito a um familiar que mataria seu pai. Soccio disse ao jornal americano que as ações do menino não têm nenhuma relação com nazismo, e que o caso é apenas um assassinato. "Se isso tivesse acontecido com qualquer pessoa, não haveria dúvida de que se trata de um assassinato. Foi planejado. Foi premeditado. Foi levado a cabo a sangue frio. É um assassinato", diz o promotor.

Já os advogados de defesa defendem que o menino tem problemas psicológicos agravados por sua exposição à ideologia nazista e às surras que recebia de tempos em tempos. "Este menino está condicionado à violência. É preciso se perguntar: este menino realmente sabia que esse ato era equivocado, baseado em todas essas coisas? Ele achou que estava fazendo o correto", disse o advogado Matthew Hardy.



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