terça-feira, 22 de janeiro de 2013

As "fortunas" de Malafaia, Lula e Calvino

A coluna de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo de hoje, 22/01/13, traz a informação de que a jornalista consultou Silas Malafaia a respeito do seu patrimônio de supostos 150 milhões de dólares, conforme noticiado pela última edição da revista Forbes.

Não sem antes recorrer às suas rotineiras, nauseantes e já esperadas bravatas de que vai processar a revista para "ferrar esses caras", Malafaia frisou que seu patrimônio real está avaliado em 6 milhões de reais, míseros 2% do total estimado pela Forbes.

O telepastor amigo de Mike Murdoch declarou possuir nove imóveis, sendo um em Boca Raton, na Flórida (EUA), a Meca dos televangelistas e cantores gospel brasileiros, lugar onde provavelmente existe a maior necessidade missionária de todos os tempos na história do cristianismo mundial. Há mais caciques e pajés do que índios por lá...

O vizinho de Ary Fontoura e Fernanda Lima em um condomínio de luxo no Rio de Janeiro (segundo também informa Mônica Bergamo) e metido a sabe-tudo deveria se informar melhor sobre as leis e o sistema judicial norteamericano.

Primeiro, a liberdade de expressão, aquela mesma que o Malafaia diz lutar tanto no Brasil (veja aqui ele defendendo o que agora quer condenar), é muito mais que sagrada em terras yankees e raramente a opinião de um órgão da imprensa é punida.

Além disso, é preciso muita grana só para contratar um bom escritório de advocacia nos Estados Unidos (as famosas "law firms"), ainda mais um que queira se aventurar a processar a revista Forbes. Teria Malafaia bala para tanto na agulha?

A não ser que ele recorra aos advogados de Boca Raton especialistas em atender alguns caciques e pajés que são presos com dólares dentro da Bíblia, como já aconteceu por lá...

O novo imbroglio malafaiano surge num momento em que outro veículo estrangeiro, no caso o jornal inglês Financial Times, divulgou recentemente os dados do patrimônio declarado do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que foram vazados por um hacker, e se revelaram bem menores do que se aquilo que se anunciava há anos.

Malafaia, que sempre faz campanhas desinteressadas para José Serra, arqui-inimigo de Lula, não deve ter gostado de saber que o patrimônio do ex-presidente é menor do que o dele, apesar - cá entre nós - da íntima empáfia que deve tê-lo acometido ao saber que conseguiu amealhar bens mais valiosos do que o de seu desafeto político.

Outro desafeto do telepastor, agora no campo teológico, é o reformador João Calvino, a quem, vez ou outra em suas preleções, acusa de ter pregado a "demoníaca" doutrina da predestinação.

Curioso é perceber o que tem de calvinista que segue Silas Malafaia de olhos fechados, mesmo depois dele tê-los chamados de "demoníacos". Se não a teologia, a ideologia deve explicar...

Ocorre que Calvino, esse "mala" (para Malafaia, obviamente) era um pastor de verdade que ousou ser pobre, apesar de ter sido uma das pessoas que mudaram a história do mundo tal como o conhecemos hoje.

Segundo informa o e-cristianismo, Calvino, este "fracassado demoníaco" (para Malafaia, é claro) vivia com um módico salário pago pelo Conselho de Genebra, que - envergonhado com a situação - insistia em aumentar o soldo do reformador tal era a ninharia que lhes pagavam, mas este se recusava terminantemente a abusar da boa fé, da boa vontade e dos cofres de seu povo.

Enquanto Malafaia, na entrevista acima dada à Folha de S. Paulo, afirma que doou à igreja um Mercedes blindado que havia recebido de presente de um empresário rico amigo seu (embora não revele o destino dela), Calvino recusou até o auxílio-doença mínimo que sua igreja queria lhe pagar.

Muito provavelmente, ninguém jamais pensou em dar a Calvino um cavalo blindado e uma armadura inexpugnável. Afinal, ele era verdadeiramente crente e sabia muito bem Quem o sustentava e o defendeu até o final. 

A fortuna dele era outra, muito diferente...



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