sexta-feira, 22 de novembro de 2013

50 anos sem C. S. Lewis, Aldous Huxley e John F. Kennedy


O dia 22 de novembro de 1963 ficou marcado na História da humanidade como a data em que o então presidente americano John Fitzgerald Kennedy foi assassinado em Dallas, Texas.

Entretanto, JFK foi apenas o personagem histórico mais famoso que faleceu naquele fatídico dia, que também levou os britânicos Aldous Huxley e C. S. Lewis.

Huxley foi um escritor prolífico e visionário, que deixou obras como "Admirável Mundo Novo", um retrato do autoritarismo do Estado sobre as liberdades individuais, inspirado na experiência que ele próprio teve ao viver na Itália fascista dos anos 1920.

No premonitório "Admirável Mundo Novo" de Huxley, publicado em 1932, tudo é pré-condicionado pelo Estado para fazer as pessoas viverem em harmonia na nova sociedade, sem necessidade de valores familiares, religiosos ou morais.

Se alguém se desviasse desse padrão pré-fabricado de comportamento, seria reconduzido a ele mediante uma droga social chamada "soma".

É de Aldous Huxley a conhecida frase que diz:
"A ditadura perfeita terá as aparências da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão."
Qualquer semelhança com a sociedade em que vivemos hoje em dia, como você percebe, não é mera coincidência.

Já C. S. Lewis é a abreviatura pela qual ficou conhecido Clives Staples Lewis, que ficou mais conhecido pelas suas monumentais "Crônicas de Nárnia", contos fantásticos através dos quais ele mostrou ao mundo a sua crença cristã.

Outro livro extraordinário de C. S. Lewis é "Cristianismo Puro e Simples", resultado da compilação de uma série de palestras radiofônicas que ele fez pela BBC de Londres entre 1942 e 1944, com o fim de dar esperança aos britânicos enquanto bombas enviadas por Hitler caíam sobre as suas cabeças.

Publicado na forma definitiva em 1952, "Cristianismo Puro e Simples" (ou "Mero Cristianismo" em outra versão) faz a defesa dos dogmas centrais da religião cristã, numa maneira que teve enorme acolhida de católicos, ortodoxos e protestantes.

Clicando na tag C. S. Lewis deste blog, você terá oportunidade de conhecer as principais ideias da sua obra, embora seja impossível - para o nosso propósito - dar a dimensão exata da vastidão do que esse grande homem pensou e escreveu. 

Entretanto, destacamos seu comentário sobre bondade e maldade, que pode ser lido clicando aqui, e um trecho de sua autobiografia, "Surpreendido pela Alegria", em que Lewis conta o seu percurso do ateísmo até a fé cristã, concluindo assim:
“Quando estamos perdidos na mata, a visão de um marco tem grande importância. Quem o vê primeiro, grita: “Olhem lá!” Todo o grupo se reúne e tenta enxergar. Mas depois de encontrar a estrada, passando pelos marcos a cada poucos quilômetros, não mais paramos para olhar. Eles nos encorajam e devemos mostrar-nos gratos pela autoridade que os erigiu. Mas não paramos para olhar, ou pelo menos não lhes damos importância excessiva; não nesta estrada, embora os marcos sejam de prata e as inscrições, de ouro: “Nós seguimos para Jerusalém”.
Não é, claro, que eu não me surpreenda muitas vezes parando à margem da estrada para olhar objetos de importância ainda menor.”

(C. S. Lewis, “Surpreendido pela Alegria”, Mundo Cristão, 1998, p. 243)
Por fim, John Fitzgerald Kennedy foi o primeiro presidente católico dos Estados Unidos, o jovem milionário e boa pinta que, ao lado da esposa Jacqueline, deu à Casa Branca um ar de corte inglesa medieval, que veio a ser conhecida popularmente como "Camelot".

A família Kennedy, por si só, gerou uma saga americana com as tragédias que a envolveram, como a morte do irmão de JFK, Robert F. Kennedy, em 1968 e o acidente aéreo que vitimou John Fitzgerald Kennedy Jr. em 1999, apenas para citar dois exemplos.

JFK governou numa época conturbada da Guerra Fria, em que o envolvimento americano no caos do Vietnã, o início do programa espacial da NASA e a crise dos mísseis em Cuba marcaram as disputas com a então União Soviética, deixando o mundo a um mísero fio da Terceira Guerra Mundial.

No campo interno, deu todo o apoio possível na época ao movimento dos direitos civis liderado por Martin Luther King, Jr., que vivia a sua efervescência na luta contra a discriminação racial.

Para ficar apenas no campo das frases, entre as muitas que ele proferiu e ficaram famosas, uma delas é a que diz: "Não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer por seu país!"

Por essas e outras razões, o seu assassinato por Lee Harvey Oswald naquele fatídico 22/11/63 nunca foi aceito - pelo imaginário popular - como a obra de um homem só.

Cinquenta anos de teorias da conspiração depois, entretanto, não foram suficientes para incriminar mais ninguém do que o próprio Oswald.

Talvez o grande susto que a humanidade tomou naquele dia foi saber que até o homem mais poderoso do mundo era vulnerável a um ato tresloucado qualquer.

Definitivamente, somos todos mortais!

O que poderia nos diferenciar, então, seria o que vem após a morte, ou seja, o nosso destino eterno.

De certa maneira, os três homens que morreram exatos 50 anos atrás nos mostraram, cada um à sua maneira, as mais diversas facetas da humanidade, da humildade passando pela manipulação ideológica até o supremo poder que se pode atingir neste mundo.

Por sinal, o filósofo cristão Peter Kreeft lançou em 1982 o livro "Between Heaven and Hell" ("Entre Céu e Inferno"), em que imagina um diálogo entre os três personagens se encontrando logo após a morte naquele dia, em que eles debatem as suas visões de mundo antes de saberem o que a eternidade lhes reservava.

O livro foi lançado no Brasil pela Editora Mundo Cristão com o título "O Diálogo - Um debate além da morte entre John F. Kennedy, C. S. Lewis e Aldous Huxley", já esgotado, infelizmente.

Huxley nasceu em 1894; Lewis, em 1898; Kennedy em 1917. Três vidas que, por essas estranhas coincidências do destino, se apagaram neste mesmo dia em 1963.

Três jornadas que marcaram o século XX e explicam, mesmo com suas deficiências e contradições, o mundo atual em que vivemos.



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