sábado, 9 de janeiro de 2016

Estilistas ocidentais investem na moda islâmica


Mulheres muçulmanas gastam mais de R$ 1 trilhão em roupas todo ano, segundo a informação do El País:

Dolce e Gabbana lança sua primeira coleção para mulheres muçulmanas

Empresa dá ao lançamento o nome de 'Abaya', em referência às túnicas que cobrem o corpo

A companhia italiana de luxo Dolce e; Gabbana lançou a sua primeira coleção dedicada às mulheres muçulmanas. Os estilistas lhe deram o nome de Abaya, que faz referência às túnicas escuras usadas por algumas mulheres muçulmanas e que cobrem o corpo inteiro, com exceção da cabeça, pés e mãos.

Trata-se de uma coleção de túnicas (abaya) e véus (hijab) para ocasiões especiais em que predominam o preto e os tons neutros, embora sempre com os matizes sicilianos típicos da ilha onde nasceu Domenico Dolce. São conjuntos de túnica e véu adornados com pedras, encaixes, rendados e bordados, embora também haja peças mais ousadas, como túnicas com transparências e saias mais curtas que o habitual, sempre acompanhadas de saltos altos e acessórios elegantes, como carteiras, bolsas, óculos escuros e joias.

Além de ser o seu primeiro lançamento exclusivo para mulheres muçulmanas, Dolce e Gabbana conseguiu fazer algo especial, que é desenhar a coleção em sintonia com sua aposta para a primavera europeia deste ano. As duas coleções compartilham detalhes como as margaridas, limões e as exuberantes rosas vermelhas que adornam as peças e os acessórios.

A Abaya foi apresentada na edição digital da Vogue Arábia Saudita, em que se anuncia que a série, repleta de superposições, adaptará ao mundo árabe o estilo da dolce vita italiana. A coleção também foi apresentada, em seu perfil do Instagram, pelo estilista Stefano Gabbana, e a polêmica não se fez esperar. Dezenas de comentários surgiram criticando os estilistas italianos por desenharem peças que simbolizam a opressão das mulheres, enquanto outros afirmavam que a ostentação vai de encontro aos ideais do Islã. Muitos comemoraram o fato de que uma das empresas de luxo mais famosas do mundo faça uma aposta dirigida para as mulheres muçulmanas.

Dolce e Gabbana foi a última empresa de moda a se voltar para o mercado muçulmano, um negócio de grandes proporções que se encontra em plena redefinição. Segundo a revista Fortune, as mulheres muçulmanas gastaram 266 bilhões de euros (cerca 1,1 trilhão de reais) em moda em 2013 (mais do que o Japão e a Itália reunidos). A expectativa é que esse valor seja duplicado até 2019.

As marcas de luxo, que captaram nesse mercado uma grande oportunidade, já começaram, há anos, a adaptar suas coleções às necessidades do público islâmico. Algumas, como Armani, Calvin Klein e Prada, produzem linhas de lenços especialmente concebidos para cobrir a cabeça. A Valentino também procurou conquistar uma parte do mercado muçulmano e dispõe de um serviço especializado que permite criar novas túnicas.

O boom do mercado islâmico também foi detectado pela DKNY (Donna Karan New York), que lançou em julho de 2014 a sua coleção Ramadan, com peças que cumprem as normas islâmicas de discrição das roupas femininas. Antes da Dolce e Gabbana, a última empresa a voltar os olhos para as muçulmanas foi a firma têxtil sueca H e M, que contratou Mariah Idrissi, primeira modelo com véu islâmico a estrelar uma campanha de moda ocidental.



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