segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Há 495 anos Lutero era excomungado pelo Vaticano

Martinho Lutero queima em praça pública a bula Exsurge Domine em dezembro de 1520.

Ontem, 3 de janeiro de 2016, fez 495 anos que Lutero foi excomungado pelo papa Leão X.

A matéria é da versão portuguesa da Deutsche Welle:

1521: Excomunhão de Martinho Lutero

Em 3 de janeiro de 1521, o papa Leão 10 excomungava o teólogo alemão Martinho Lutero. Era o clímax do conflito entre duas visões da religião cristã que acabaria numa das mais importantes cisões do Cristianismo.

Em 1514, o padre Martinho Lutero assume, aos 31 anos, a igreja de Wittenberg. Durante seu trabalho, ele constata que muitos dos cidadãos preferem comprar cartas de indulgência a confessar-se com ele. Essas indulgências são vendidas nas feiras livres, e, negociando com o pecado, a Igreja arrecada o capital de que precisa urgentemente. Conta-se que o monge dominicano Johann Tetzel anunciava: "Quando o dinheiro cair na caixinha, o Céu estará recebendo a sua alminha".

O jovem Lutero fica enojado com esse comércio. Ele crê na confissão, e que todos devem poder confiar na graça divina. Em outubro de 1517, envia 95 teses a seus superiores eclesiásticos. Conta a lenda que Lutero pregou as teses com estrondosos golpes de martelo na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. O documento é logo impresso e distribuído entre a gente de Leipzig, Nurembergue e da Basileia.

O rompimento com Roma

Em 1518, Roma abre um processo por heresia contra Lutero. Dois anos mais tarde, o papa Leão 10 ameaça puni-lo caso não revogue suas teses; em dezembro de 1520, o rebelde queima a bula papal em protesto, além de um livro de leis católicas e várias obras de seus opositores.

Agora Martinho Lutero rompera definitiva e irreversivelmente com Roma. Quando Leão 10 fica sabendo do escandaloso espetáculo de incineração, não hesita: em 3 de janeiro de 1521 lança sobre o reformador a maldição da excomunhão. O pregador das indulgências, Tetzel, pede a fogueira para Lutero.

Entretanto, alguns príncipes colocam-se do lado do líder protestante. Eles crêem que através dele será possível limitar o poder de Roma. E convencem o imperador a convidá-lo para ir à corte em Worms.

Em abril de 1521, Lutero põe-se a caminho e, ao contrário do que desejaria a Igreja Católica, é recebido com entusiasmo durante todo o trajeto. Ele prega em Erfurt, Gotha e Eisenach, antes de ser celebrado pelos habitantes de Worms.

Na corte, o imperador insiste em que o teólogo retire as suas críticas, porém este responde: "Através das passagens das Escrituras estou preso às palavras de Deus. Portanto, não voltarei atrás, pois agir contra a consciência não é seguro nem saudável. Que Deus me ajude. Amém".

A guarida em Wartburg

Após deixar Worms, Martinho Lutero está protegido por um salvo-conduto que o resguarda de ser imediatamente preso. Porém, o imperador declara-o fora da lei e, portanto, exposto ao cárcere e à destruição de seus escritos.

Durante a viagem de volta, contudo, a firmeza de caráter do reformador é recompensada: o príncipe-eleitor da Saxônia, Frederico, o Sábio, manda seqüestrá-lo, conferindo-lhe guarida no isolado castelo de Wartburg.

Lá o ex-padre católico começa a traduzir a Bíblia para o alemão. A obra de Lutero não pode mais ser detida. Embora nenhum dos príncipes em Worms saiba disso, começa a Reforma, a Idade Média chega ao fim, desponta a Idade Moderna. E, do protesto do reformador, nasce a Igreja Protestante.



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