terça-feira, 5 de outubro de 2010

Automumificação em vida

Tire as crianças da sala! Vai saber o que se passava na cabeça de monges budistas que se automumificaram 200 anos atrás... se o desejo era preservar o corpo, pela mórbida foto ao lado você vai perceber que o método não deu certo [#megafail]. Depois de ler esse texto, você vai pensar duas vezes antes de chamar alguém de "múmia" (por mais que a pessoa mereça o apelido):


A Mumificação Viva de Monges Budistas


Giordano Cimadon

Cientes da exata data da própria morte, cerca de 24 monges budistas da região de Yamagata, no Japão, e que viveram no início do século XIX, prepararam lentamente seus corpos para que, ao final de um período de nove anos, ficassem completamente mumificados. O processo de sacrifício converteu estes monges em exemplos únicos de santidade.

Esta prática estranha à mentalidade ocidental teve sua origem com o sábio Kukai, fundador da escola Shingon. Após uma viagem para a China, Kukai retornou trazendo diversos ensinamentos tântricos secretos, que ao longo dos anos acabaram sendo perdidos na própria China. Uma parte destes ensinamentos consistia no processo de mumificação em vida, chamado Sokunshinbutsu.

A primeira parte desta mumificação durava três anos, quando os monges se submeteram a uma dieta especial, que consistia em uma alimentação composta exclusivamente de sementes e castanhas, além de uma rigorosa disciplina física, com o objetivo de eliminar por completo a gordura de seus corpos.

Em seguida, por outro período de três anos, os monges se alimentaram apenas da casca e da raíz de árvores. Isso fazia com que os fluidos corporais fossem rapidamente eliminados. Ao mesmo tempo, consumiam em pequenas doses diárias um chá venenoso feito a partir da seiva da árvore Urushi, usada normalmente como verniz em vasilhames de cerâmica.

Assim, seus corpos se tornavam venenosos demais para serem devorados por larvas e vermes. Desta maneira, o processo de decomposição de seus corpos era evitado. Por fim, os monges se trancavam em uma tumba feita de pedra, conectada ao mundo exterior apenas por uma estreita passagem de ar.

Dentro de sua tumba, o monge assumia definitivamente a postura de lotus, entrando em estágios muito profundos de meditação e permanecendo imóvel até a sua morte. Em suas mãos segurava unicamente um sino, o qual soava diariamente, fazendo saber às pessoas que acompanhavam sua mumificação se ainda estava vivo ou se já se encontrava morto.

Quando um dia a campainha parava de soar, o tubo de ar era retirado e a tumba era selada. A partir deste momento os demais monges do templo aguardavam por mais um longo período de três anos, para então abrir a tumba e verificar se o processo de mumificação tinha sido realizado com sucesso.

Os monges que conseguiam ser mumificados eram considerados verdadeiros Budas, e seus corpos eram posicionados em lugares especiais no interior do templo, de modo que pudessem ser contemplados pelos devotos. Já aqueles que não tinham sucesso na mumificação não eram considerados Budas, mas eram respeitados e venerados por seu esforço e sacrifício.

Fonte: Sociedade Gnóstica Internacional

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