segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Justiça social no Velho Testamento - 11

Parte 11 - O cuidado com a criação

por Richard Foster

Essa qualidade de compaixão e preocupação se estendiam até os animais e à terra. Em geral nos esquecemos de que o princípio de descansar no sábado incluía as necessidades dos animais de carga: “Seis dias farás a tua obra, mas ao sétimo dia descansarás: para que descanse o teu boi e o teu jumento” (Êxodo 23:12). A própria terra precisava de um “ano de descanso solene” (Levítico 25:5). A cada sete anos não haveria nenhum plantio nem colheita, pois “a terra guardará um sábado ao Senhor” (Lv 25:2). Mesmo o solo das vinhas não devia ser sobrecarregado plantando-se outras lavouras entre as fileiras (Dt 22:9). Os bois que faziam a debulha não deviam ter as bocas atadas a fim de poderem comer enquanto trabalhavam (Dt 25:4). Filhotes de passarinhos podiam ser tomados, mas a mãe precisava ser deixada para cuidar dos outros ovos e produzir futuros filhotes (Dt 22:6-7).

O que toda essa instrução está querendo mostrar é que nosso domínio sobre a terra e as pequenas criaturas que rastejam sobre ela deve ser um domínio compassivo. Não devemos saquear a terra mas cuidar dela – bondosa, amorosa e ternamente.

Essas leis, regulamentos e julgamentos morais antigos temperam e suavizam a nossa agressividade. Como o maná misterioso do céu, há sempre o suficiente para as necessidades de cada um, mas nunca nenhuma sobra para ser guardada. Há um limite para o que é bom, e sempre que esse limite é transgredido, o que é bom se torna mau. Nossa tarefa é a de fazer as coisas entrarem na perspectiva que Deus ordenou para elas, e essas leis do Antigo Testamento nos dão pistas fascinantes de qual essa perspectiva deveria ser.

(FOSTER, Richard. Celebração da Simplicidade. Campinas: United Press, 1999, pp. 44-45)

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