sábado, 26 de novembro de 2016

Adeus, Russell Shedd

Hoje foi um dia triste para os protestantes brasileiros, em especial os batistas, que tinham em Russell Shedd uma referência ímpar em termos de conhecimento e dignidade.

Tive o prazer de conhecê-lo no carnaval de 1986, quando participei de um retiro interdenominacional no Recanto Sal em Americana (SP), então de propriedade da Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo (CEPC), organização missionária de grande relevância no século XX, fundada por Bill Bright (1921-2003).

Foram dias de profunda comunhão e intenso aprendizado, e jamais me esquecerei das preleções de Russell Shedd sobre o evangelho de João, quando ele explicava os textos com aquela fala mansa, folheando lentamente as páginas da Bíblia que ele próprio editou pela Vida Nova.

Vai-se o servo e fica o legado, portanto.

Curioso que ele tenha falecido no mesmo dia em que Fidel Castro teve sua morte anunciada. Shedd aos 87 anos, Castro aos 90 anos de idade.

Duas vidas que, cada um à sua maneira, influenciaram o século XX e ajudaram a moldar o mundo em que vivemos, para o bem ou para o mal, segundo a ótica de quem se sentia abençoado ou ameaçado por cada um deles.

Tive o prazer de visitar Cuba em 2000. A ilha ainda guardava os sinais de uma época em que a Guerra Fria entre americanos e soviéticos dividia o mundo entre "bons" e "maus" ao gosto do freguês.

Senti-me bem, entretanto. Havia um nítido desejo de mudar, mas não se sabia como. O embargo econômico que o governo americano lhes havia imposto desde os tempos da Revolução Cubana parecia ser o mais importante fator limitador para uma mudança de regime.

Lendo a mensagem do presidente dos EUA, Barack Obama, ao povo de Cuba, dizendo que a História julgará Fidel e que o povo cubano está no limiar de novos (e melhores) tempos, fica a esperança de que aquele povo digno e batalhador encontre o lugar de honra que merece na comunidade das nações.

Por seu lado, Russell Shedd conquistou o seu lugar no coração de cristãos brasileiros e de outras nações com a sua humildade e seu enorme amor pela Palavra de Deus, da qual foi um dos maiores e melhores pregadores nas muitas décadas em que esteve entre nós.



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