A recente profusão de escândalos envolvendo “pastores”, “apóstolos” e líderes evangélicos é um fenômeno que merece ser analisado com muito cuidado, sem abandonar a dureza necessária para avaliar os erros de quem quer que seja.
Afinal, Pedro já aconselhava em sua 1ª carta (capítulo 4, NTLH):
14 Vocês serão felizes se forem insultados por serem seguidores de Cristo, porque isso quer dizer que o glorioso Espírito de Deus veio sobre vocês.15 Se algum de vocês tiver de sofrer, que não seja por ser assassino, ladrão, criminoso ou por se meter na vida dos outros.16 Mas, se alguém sofrer por ser cristão, não fique envergonhado, mas agradeça a Deus o fato de ser chamado por esse nome.17 Pois o tempo de começar o julgamento já chegou, e os que pertencem ao povo de Deus serão os primeiros a serem julgados. Se esse julgamento vai começar conosco, qual será o fim daqueles que não creem no evangelho de Deus?
Em apoio ao ensino do v. 14 acima, podemos lembrar Paulo dizendo que “o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido” (1ª Coríntios 2:15) e “o Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Romanos 8:16).
Alertando contra os falsos profetas, João afirma em sua 1ª carta (4:6) que “nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro”.
“Ouvir-nos” pressupõe que falemos, que exortemos e apontemos com amor e seriedade não só a mensagem da cruz, mas também o erro que esta ou aquela pessoa que se apresenta como “irmã(o) em Cristo” está cometendo.
Entretanto, reina no meio evangélico um profundo e constrangedor silêncio sobre os erros e abusos que supostos “irmãos em Cristo” estão perpetrando.
Sob o argumento de que “não devemos julgar”, aceita-se como “evangélico” qualquer pilantra que abuse e profane o nome de Deus.
Àqueles que ainda se escudam nesse argumento para se renderem (convenientemente) ao silêncio e se omitirem do seu sagrado dever de julgar segundo a sã doutrina e o reto juízo, recomendamos a leitura do artigo “Chamados para julgar”.
Quando você se cala sobre os erros e as aberrações que se cometem em nome de Deus, você está – no fundo – contribuindo para que mais pessoas sejam enganadas e, em muitos casos, abusadas pelos lobos travestidos de ovelhas.
Não que cada um de nós, isoladamente, tenha o condão de evitar que esses abusos aconteçam, mas podemos minimizá-los com a atitude cristã e corajosa de denunciá-los.
Entretanto, o seu silêncio, a sua ideia de que “estamos todos no mesmo barco tirando gente do inferno, logo, vou ficar quieto sobre o erro de fulano”, está, na verdade, mandando muito mais gente para o inferno (aqui, agora e além) do que você imagina.
A asneira reproduzida na imagem abaixo, misturando gente séria com outros de reputação questionável na mesma bacia, está circulando nas redes sociais, como se fosse uma verdade absoluta.
Claro que há algumas pessoas que conseguem escapar das garras dos líderes vorazes por dinheiro, sexo e poder, e se convertem genuinamente ao único Deus verdadeiro mediante o sangue e a cruz de Jesus Cristo.
Só que, curiosamente, não existe ninguém que se proponha a fazer a estatística de quantas pessoas esta confusão de verdadeiros e falsos profetas e o inchaço evangélico no país estão mandando para o inferno.
As recentes denúncias gravíssimas contra o “pastor” Marcos Pereira, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, chamado de “depravado, degenerado e pervertido sexual” pela peça acusatória do Ministério Público, mostram como o silêncio dos bons favorece a promiscuidade doutrinária e licenciosa dos exploradores da fé.
É muito provável que, se mais pessoas denunciassem os erros desses aproveitadores, nem todas as suas vítimas seriam “salvas” tanto no sentido material como espiritual, mas boa parte delas certamente escaparia das suas garras.
E, infelizmente, é muito provável que o seu silêncio, em nome de um ecumenismo barato de ocasião, também seja cúmplice de tantos abusos que se cometem diariamente no Brasil em nome de Jesus.
Enquanto você dorme no leito letárgico do silêncio corporativo evangélico, mais e mais pessoas são devoradas pelos lobos atrozes.
Você tem dormido com a consciência tranquila?