Haddad compara gays a cristãos e negros em evento da Parada Gay de SP
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, comparou neste domingo (2) os gays aos cristãos. "Assim como os homossexuais, os judeus, os cristãos, os negros e as mulheres já tiveram que defender seus direitos ao longo da História", afirmou Haddad em evento de abertura da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, conhecida como Parada Gay, que acontece hoje na região da avenida Paulista.
Segundo ele, a Parada é mais uma jornada "desta luta por aceitação e contra a intolerância". De acordo com Haddad, "aquele que é homofóbico hoje em dia já precisou lutar por sua própria liberdade em algum momento. Não podemos admitir que alguém que foi vítima de discriminação hoje persiga alguém".
O prefeito afirmou ainda que a luta LGBT em busca de convivência pacífica é de todos. "Quem não compreende isso terá que se render aos fatos. O ser humano nasceu para ser livre e será livre".
Kit gay
Indagado sobre a possibilidade de um kit gay nas escolas da rede municipal, Haddad disse que já existem programas de combate à intolerância na rede de ensino que focam não apenas a diversidade sexual, mas preconceitos de cor.
O tema da parada este ano será "Para o armário nunca mais! União e Conscientização na luta contra a homofobia". O objetivo dos organizadores é lutar contra possíveis retrocessos nos direitos já conquistados pela comunidade LGBT. A manifestação contra figuras públicas que de alguma forma se posicionaram contra os homossexuais será feita no último dos 17 trios elétricos a desfilar pela avenida Paulista.
"Lugar de religião é na igreja e não no Legislativo"
O presidente da APOGLBT, Fernando Quaresma, criticou neste domingo (2) a omissão do Poder Legislativo com relação à ampliação dos direitos LGBT. "Enquanto o Judiciário faz justiça, o Congresso se omite e o fundamentalismo religioso tem prevalecido na Casa. O Estado é laico e lugar de religião é na igreja".
Quaresma também criticou empresas que se dizem amigas dos gays, mas tem receio de ligar suas marcas à Parada. "Muitas companhias só querem o dinheiro dos gays, mas não a responsabilidade social que o apoio a esta causa traz".
Apesar do clima de festa do evento, Quaresma afirmou que a Parada "não é Carnaval fora de época" e sim mais uma possibilidade de dar visibilidade para um setor da sociedade que é oprimido.
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL - RJ) também defendeu a aprovação da PL 122 e falou da necessidade de transformar a liminar do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) , que aprovou o casamento gay, em lei. "Também precisamos de leis que garantam mais direitos às pessoas trans. A transexualidade ainda é vista como uma patologia. E muitas vezes para conseguir a operação para readequação sexual, a pessoa trans precisa se identificar como um doente".
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, classificou a eleição do pastor Marco Feliciano, deputado federal pelo PSC, para a presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados como uma "tragédia grega". "Eu sou psicológa e ser gay não é considerado uma doença há muito tempo. Colocar alguém que quer discutir a cura gay à frente da comissão é um enorme desrespeito à comunidade LGBT".