quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Cai a venda de livros religiosos no Brasil

Análise publicada na Folha de S. Paulo de 30/07/13:

Vendas de livros didáticos e religiosos encolhem no Brasil

RAQUEL COZER

Os segmentos de livros didáticos e religiosos foram os que mais encolheram no mercado num ano em que, considerada a inflação de 5,84% segundo o índice IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o crescimento do setor editorial como um todo caiu 2,64%.

Na comparação com a produção de obras gerais (ficção, não ficção) e de CTP (científicos, técnicos e profissionais), editoras de didáticos e religiosos tiveram produção menor, venderam menos e publicaram livros mais caros.

O dado faz parte da Pesquisa de Produção e Vendas do Mercado Editorial relativa a 2012, realizada pela Fipe e divulgada nesta terça (30), no Rio, pelas entidades Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) e CBL (Câmara Brasileira do Livro).

No geral, a pesquisa apontou uma tendência de aumento no preço dos livros (de 6,25% acima da inflação, passando de R$ 12,15 para R$ 13,66 na venda das editoras para os intermediários) e queda nas vendas (de 470 milhões de exemplares vendidos em 2011 para 435 milhões em 2012).

O número de títulos, entre novos e reeditados, produzidos no Brasil em 2012 foi de 57.473, ligeiramente menor que em 2011, quando foram publicadas 58.193 obras.

QUEDA

A queda na produção foi maior nas editoras que publicam didáticos e religiosos. As primeiros sofreram redução de 17,20% (passaram de 14.182 títulos para 11.743), enquanto as segundos tiveram produção 9,98% menor (de 8.153 para 7.342).

Os livros científicos, técnicos e profissionais, por sua vez, passaram de 11.796 para 13.886, aumento de 15,95%, enquanto as obras gerais subiram 5,39%, chegando a 24.503 títulos.

Sobre a queda nas vendas por editoras de livros didáticos, o coordenador da pesquisa, Leonardo Muller, da Fipe, esclarece que isso decorre de um ciclo normal de compras anuais pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), que historicamente variam conforme as séries escolares contempladas com as compras. Ao comprar 15,18% menos exemplares que em 2011, o PNLD levou o faturamento dessas editoras a cair 7,65%.

MAIS CAROS

Os didáticos e religiosos também foram os que ficaram mais caros, num ano em que o setor interrompeu uma tendência, desde 2004, de queda ou crescimento abaixo da inflação no preço dos livros.

Os didáticos, que custavam em média R$ 19,62 na venda das editoras para as livrarias, passaram a R$ 24,10, um aumento de 22,83%, ou 16,05% acima da inflação. Já os religiosos, tradicionalmente mais baratos, passaram de R$ 5,29 para R$ 6,26, um crescimento 11,81% acima da inflação.

A queda no número de exemplares vendidos foi de 11,09% no caso dos livros didáticos e de 19,18% nos livros religiosos.

CANAIS DE VENDA

No que diz respeito a canais de vendas, as livrarias continuam em primeiro lugar, ampliando sua participação de 44,9% para 47,4% nas vendas totais de livros para o mercado. A venda porta a porta sofreu sua segunda queda consecutiva, passando de representar 9,10% da comercialização para o mercado a 8,03% --em 2010, correspondia a 21%.

Leonardo Muller esclarece que as editoras é que classificam o setor à qual pertencem, o que pode causar distorções. Assim, uma editora como a Saraiva, que tem uma grande linha de livros jurídicos, entra na contagem apenas como editora de livros didáticos.

Sobre e-books e aplicativos de livros, em 2012 foram editados 7.664 títulos, considerando as 197 editoras que responderam ao questionário. Esses livros tiveram uma venda de 235 mil exemplares, gerando um faturamento de R$ 3,9 milhões, menos de 0,01% do faturamento total das editoras.



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