Se vivo fosse, Amácio Mazzaropi completaria hoje, 9 de abril de 2012, 100 anos de idade. Infelizmente, morreu aos 69, em 13 de junho de 1981, deixando uma obra cinematográfica das mais importantes no Brasil. Símbolo maior do humor ingênuo do caipirão do interior, encarnou como ninguém o Jeca Tatu, personagem criado por Monteiro Lobato para homenagear e perpetuar na memória nacional o típico sujeito simplório do interior do Brasil, mais especificamente do Estado de São Paulo.
É uma pena que as gerações mais jovens não tenham tido a oportunidade de conhecer Mazzaropi. Muito provavelmente ele não faria atualmente - com essa geração conectada 24 horas - o sucesso que fez no século passado, mas é difícil imaginar alguém que pudesse hoje reunir multidões tão gigantescas como ele reuniu em shows de circo ou num cinema qualquer das cidades pequenas e médias do país.
Os mais antigos diziam que o seu sucesso inicial se deveu ao controle rígido que ele exercia sobre as suas produções, despachando as antigas latas com os rolos de filme pelas ferrovias do interior, e indo atrás para conferir pessoalmente os rendimentos das bilheterias. E o povo lotava os cinemas, e as crianças não perdiam as sessões de domingo à tarde, que se chamavam "matinês". Entre elas estava eu, no início dos anos 1970. Assim Mazzaropi construiu seu pequeno império, retratando um país que não existe mais.
Fica para sempre, entretanto, a sua lição de simplicidade e humor ingênuo, valores que podem e devem ser resgatados para se ter uma vida melhor, mais leve e menos estressante. Abaixo um trecho do filme "O Grande Xerife", de 1972, em que Mazzaropi interpreta o sacristão que - debochadamente - passa a sacolinha para recolher fundos para a construção da igreja. Nada muito diferente do que se vê hoje em rede nacional de TV: