quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Serra diz que não repercutirá "bobagens" de Malafaia

Apesar do apoio emocionado de Silas Malafaia, formalizado há alguns dias em uma reunião com José Serra, parece que o candidato tucano à Prefeitura paulistana está querendo manter uma distância segura das bravatas (rotineiramente) proferidas pelo pastor carioca.

É o que se depreende das matérias veiculadas pela Folha de S. Paulo e pela Carta Capital, sendo que apenas na última aparece a frase inteira proferida por Serra: “Não vou ficar repercutindo bobagens. Eu não assumi nenhum tipo de compromisso com o pastor Malafaia”.

O surpreendente (e, digamos, "estratégico") distanciamento se deu após Malafaia ter declarado que irá "arrebentar" Fernando Haddad, o candidato do PT, por causa do tal "kit gay" que ele - supostamente - iria distribuir enquanto desempenhava as funções de ministro da Educação do governo Dilma Rousseff.

Não é a primeira vez que Malafaia usa esse vocabulário tão estranho ao cristianismo, como na oportunidade em que disse que iria "arrebentar" e "funicar" o ativista gay Toni Reis, além de ter chamado um vereador maranhense de "bandido" e "vagabundo".

A incontinência verbal de Malafaia, lamentavelmente, já é conhecida em verso e prosa, pois parece que não consta de sua Bíblia (aquela de 900 paus), o versículo em que Jesus diz que "de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo" (Mateus 12:36).

Tampouco consta que o pastor carioca dê valor ao conselho de Paulo, "não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem" (Efésios 4:29).

Vai ver Malafaia tem uma autoimagem assim tão soberana que se julga imune aos conselhos bíblicos. Se dependesse dele, Jesus teria "arrebentado" Pilatos, né não?

Partindo essas declarações de quem chama o seu próprio programa - supostamente evangelístico - de "essa brincadeira toda", não é de se duvidar. Infelizmente.

Graças ao bom Deus, o reino dos céus não é feito de verborragia, embora muitos, como Malafaia, achem que "pelo seu muito falar serão ouvidos" (Mateus 6:7).

(No caso do pastor carioca, ele ainda acha que apontar o dedo indicador para a câmera com um olhar de hidrofobia resolve. Alguém precisa avisá-lo de que isso não convence mais ninguém)

Outra coisa chama a atenção no discurso do ódio, seja ele de qual procedência for. É que geralmente ele degenera tanto que começa a flertar com a pornografia.

E não estamos falando exatamente da pornografia explícita, mas da linguagem sã e piedosa que vai gradual e inexoravelmente se degradando a ponto de invadir as raias da libertinagem pornográfica. Se não exatamente "gráfica", se torna refém da pior vertente de sua expressão verbal.

Um caso clássico que nos ensina a História é a revista antijudaica, anticatólica e anticapitalista "Der Stürmer", de Julius Streicher, que chegou a ter uma tiragem de 800 mil exemplares em plena era nazista alemã.

Não só o discurso de Streicher, como pouco a pouco os demais elementos gráficos, como as charges antissemitas, passaram a ter forte conotação pornográfica, ainda que subliminar.



Só que este é um tema interessante que merece ser melhor analisado em outra oportunidade. Fica, entretanto, a dica para quem quiser investigar melhor o assunto.

Por ora, portanto, nos limitemos a analisar um evento localizado em que fica claro, mais uma vez, para vergonha de todos os evangélicos, como é que as igrejas e seus respectivos rebanhos são tratados como currais eleitorais.

Resta saber o que pensará Silas Malafaia da declaração de José Serra desprezando o seu apoio e as suas bravatas, chamando-as de "bobagens".

Animal político que é, o tucano já deve ter percebido que uma foto ao lado de Malafaia mais espalha do que ajunta, mais desagrega do que soma votos à sua campanha, sobretudo num partido que também tem seu movimento gay, o "Diversidade Tucana".

É de se suspeitar que o barco que eventualmente reúna todos eles - além das plumagens exóticas e incoerentes - esteja fadado a ser mais um Titanic.



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