Artigo de Mateus Prates Mori, a quem agradecemos por ter gentilmente autorizado sua reprodução aqui:
POR QUE TARDA O PLENO AVIVAMENTO?
Não sou nenhum pastor, teólogo ou filósofo, mas acredito no sacerdócio universal do crente em Cristo Jesus, por isso esse tema tem me incomodado e me chamado atenção. Pode ser que eu esteja errado. Se for, certamente estou falando para mim mesmo. Mas, creio que há algo de errado com TODO o cristianismo contemporâneo.
O título emprestado do livro de Leonard Ravenhill denuncia o mundanismo que adentrou a Igreja de Jesus Cristo. Pior que eu já li esse livro. Milhares de cristãos leram esse livro. E, obviamente, não muita coisa mudou.
O que eu questiono são os pesos que temos dado as práticas diárias da vida cristã. Lembro-me que na última aula da escola bíblica dominical foi levantado uma questão da prática devocional e do testemunho cristão. Um irmãozão meu questionou o ritualismo morto da leitura bíblica que o levava a chegar atrasado no trabalho. Todos foram unânimes em apontar para a necessidade de cumprir o seu dever com excelência, chegando pontualmente, fazendo o seu melhor no serviço, sendo luz naquele ambiente. Aqui, estou pondo minha cara a tapa, pois tenho a certeza que serei duramente criticado (até por reconhecer meu certo "desprezo" com o meu doutorado/trabalho). Porém, estou certo no Espírito Santo de que isso pode ter cara de piedade, mas no fundo é a mais pura vaidade.
Lembro-me de várias passagens a respeito do coração de um adorador. O que dizer da mulher que "desperdiçou" aquele perfume de nardo puro na cabeça de Jesus (Mc 14.3-9)? O que dizer de Maria, enquanto Marta estava atarefada em servir a Jesus, indo lá pra cá, inquieta e impaciente com a "lerdeza e a preguiça" de Maria (Lc 10.38-42)? O que está por trás de tudo isso? O antropocentrismo da obra contra a dependência cristocêntrica da adoração. Temos vivido no desespero confortável de cumprir a nossa agenda ou até mesmo a agenda da nossa igreja, ou temos vivido no descanso amedrontador de cumprir a agenda de Deus?
Quando lembro de sermões da Palavra que os meus pastores Arival e Hernandes tem pregado, não consigo não parar para pensar em como temos respondido. Será que não está na hora de deixarmos os nossos afazeres de segunda, terça, da semana toda e ficarmos em oração, súplica, intercessão, na casa de Deus - que o Senhor afirmou que será chamada casa de oração (Is 56.7; Mt 21.13) - até que Ele nos revista do Alto com o poder do Espírito Santo, para sermos suas testemunhas? Entenda, eu não estou falando de um segundo pentecostes. Estou falando da essência de tudo que é puro e de tudo que é digno diante do Senhor. "Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus" (Sl 51.17). Está na hora de nos humilharmos. Onde estão os Neemias do nosso tempo (Nm 1)? Onde estão os Elias (1 Rs 19.9-18)? E onde está a alegria de compartilharmos dos sofrimentos de Cristo, como na Igreja Primitiva (At 5.40-41)?
"Lembra-te, Senhor, do que tem acontecido conosco; olha e vê a nossa desgraça. (..) Dos nossos corações fugiu a alegria; nossas danças se transformaram em lamentos. A coroa caiu da nossa cabeça. Ai de nós, porque temos pecado! E por esse motivo o nosso coração desfalece, e os nossos olhos perdem o brilho. (...) Por que motivo então te esquecerias de nós? Por que haverias de desamparar-nos por tanto tempo? Restaura-nos para ti, Senhor, para que voltemos; renova os nossos dias como os de antigamente" (Lm 5.1, 15-17, 20 e 21).
Antes da obra, a cruz. Antes da ressurreição, a morte. Antes da glória, a humilhação.