Matéria publicada no Brasil Post:
5 coisas que os gregos podem nos ensinar sobre envelhecer bem
Yagana Shah
Sem dúvida, podemos aprender muito com a cultura grega. Alguns dos maiores (e mais sábios) pensadores que já existiram eram gregos… como Sócrates, Platão e Aristóteles, só para mencionar alguns. Devemos a eles a existência da democracia, as Olimpíadas e do Teorema de Pitágoras. Ah, e não vamos esquecer das delícias culinárias, como o moussaká.
E o país em si, com suas ilhas ensolaradas, rodeadas pelas límpidas águas azuis do Mediterrâneo, onde se fazem algumas das comidas mais deliciosas do mundo – nos levam a conclusão de que é bom ser grego. Mas os gregos não estão apenas vivendo bem, eles também estão vivendo mais.
Ikaria, uma pequena ilha grega, é considerada uma "zona azul" , um dos poucos lugares no mundo onde as pessoas vivem de forma saudável e continuam ativas além dos 100 anos de idade. A porcentagem de pessoas que vivem mais do que 90 anos em Ikaria é muito maior do que a média da Europa inteira.
Uma pesquisa revelou que as pessoas que vivem nessa ilha chegam aos 90 anos três vezes mais do que os americanos, e têm a probabilidade bem menor de desenvolver o mal de Alzheimer ou depressão. Para os pesquisadores, isso não é uma mera coincidência.
O estilo de vida com pouco estresse, o nível de atividade física da população e alguns outros hábitos peculiares à cultura da ilha podem ser o segredo da longevidade dessas pessoas.
Veja cinco coisas que os gregos podem nos ensinar sobre envelhecer com sucesso:
1. Eles sabem dar uma pausa no estresse da rotina diária
Como é o costume em muitos países com climas mais quentes, as pessoas na Grécia pausam no meio do dia para tirar um rápido cochilo para recarregar as energias. Em algumas regiões do país, até as lojas e estabelecimentos comerciais fecham nesse período para que os funcionários possam descansar. O pesquisador da universidade de Harvard, Dimitrios Trichopoulos, diz que apesar do cochilo aparentemente interromper o fluxo do seu dia, ele pode até duplicar a sua produtividade, provendo a energia e aquele pique renovado para a segunda metade do seu dia. É algo que poderia trazer um enorme benefício, especialmente para o ritmo de vida frenético que a maioria de nós enfrenta.
"A maneira em que a vida está organizada na nossa realidade, começamos o dia com o estresse de chegar até o trabalho e terminamos com o estresse de voltar para casa. Então, poder desfrutar de um momento no meio do seu dia em que você pode relaxar, só pode fazer bem – mal certamente não vai fazer”, disse o pesquisador em entrevista à radio NPR.
Em sua pesquisa, Trichopoulos descobriu que os homens gregos que cochilavam apenas meia hora por dia apresentavam um risco menor de ataque cardíaco, provavelmente devido à interrupção do estresse graças à “siesta” vespertina. Opa!
2. Eles brindam à saúde
Até o café dos gregos é melhor que o nosso. O café grego fervido não falta em Ikaria e ele não serve apenas para ajudar a acordar. Pesquisadores descobriram que o café grego contém grande quantidade de polifenóis e anti-oxidantes que combatem o envelhecimento e várias doenças crônicas. Descobriram também que as pessoas que bebem sempre esse ‘ouro líquido’ têm melhor função endotelial – que protege seu sistema circulatório – comparado com pessoas que bebem outros tipos de café.
E o que eles bebem no fim do dia? Um chá das montanhas, feito de ervas nativas incluindo sálvia, hortelã e alecrim.
3. Eles foram abençoados por Afrodite
Não se engane achando que sexo é coisa só de gente jovem. Uma boa transa pode continuar sendo divertida e trazer muitos benefícios em qualquer idade, algo que os nativos de Ikaria já sabem. Em uma pesquisa realizada com homens de Ikaria com 65 a 100 anos, quatro de cada cinco homens entrevistados afirmaram que ainda faziam sexo com frequência. E mais de 25% desses homens disseram que a qualidade de seu desempenho sexual era boa, e que relação tinha uma duração considerável. Com os benefícios que o sexo oferece, como o aumento da imunidade, alívio do estresse e combate do envelhecimento, não é de se admirar que eles vivam tanto tempo.
4. Eles têm uma dieta que faz bem ao coração
Quando se fala em culinária grega, talvez você só consiga pensar no famoso churrasco grego super gorduroso, ou para quem conhece melhor as iguarias das ilhas, spanakopita ou um pedaço super doce de baklava. Mas na verdade, os gregos comem de forma bem mais saudável. A dieta deles inclui azeite de oliva bem fresquinho, uma grande variedade de verduras, muitas lentilhas e feijão e pouca carne. No café da manhã, nada de lanches tipo fast food. Eles preferem algo com alto teor de proteína, como o iogurte grego com um pouco de mel. No almoço e no jantar, a refeição sempre inclui muitas verduras, frutas e legumes frescos.
A “dieta” deles é basicamente a famosa “Dieta Mediterrânea”. Essa dieta pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver doenças cardíacas e câncer e até mesmo o mal de Alzheimer.
5. A família é tudo
Se tudo que você conhece da cultura grega se resume ao filme "Casamento Grego"… você já tem uma boa ideia, pelo menos no que diz respeito à família. Um forte senso de vida em comunidade e fortes laços familiares são muito importantes para os gregos. É muito comum as famílias viverem juntas na Grécia, bem mais do que em outros países ocidentais.
A nossa própria Arianna Huffington lembra da sua criação em uma família muito próxima. “Eu tinha um vínculo muito forte com a minha família – a minha mãe morou comigo quando eu me casei e me ajudou a criar os meus filhos. Ela era como uma segunda mãe”, disse Huffington em uma entrevista para Into the Gloss.
Em Ikaria, a rotina comum às noites inclui visitar os vizinhos. É praticamente impossível ficar sozinho, o que é muito importante à medida que envelhecemos. “Os mais velhos ficam conosco. Existem lares para idosos, mas eles são apenas para pessoas que perderam a família. Para nós seria uma vergonha colocar uma pessoa idosa em um asilo. É por isso que vivemos tanto aqui”, disse Eleni Mazari, uma corretora de imóveis de Ikaria, ao jornal inglês The Guardian.
Estudos mostram que os idosos não só tendem a ter uma alimentação pior quando estão sozinhos, mas que a solidão na velhice pode resultar em uma saúde debilitada e uma morte antecipada.