Bom, não é exatamente isso o que você está pensando, mas aproveite para ler a matéria que foi publicada no Estadão:
A 'Bíblia' se diversifica para atrair mais leitores
JOSÉ MARIA MAYRINK
Edições requintadas convivem com outras despojadas
De edições despojadas de uso cotidiano a versões requintadas para pesquisa e estudo, as editoras evangélicas e católicas usam a criatividade no marketing, o aprimoramento das traduções e uma renovação gráfica aprimorada para atrair mais leitores da Bíblia, o livro mais vendido no mercado editorial.
A Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) distribuiu mais de 131 milhões de textos das Escrituras Sagradas, desde a inauguração de sua gráfica, em setembro de 1995, até 25 de outubro de 2014. Foram 114.926.286 da Bíblia completa e 16.742.102 do Novo Testamento.
Em 2013, foram distribuídas 7.910.360 exemplares do Antigo Testamento, com crescimento de 7% em comparação com o ano anterior. Essa tem sido a média anual, informa o pastor luterano Erni Seibert, secretário de Comunicação e de Ação Social da SBB.
O total de Escrituras - somando-se a Bíblia completa, Novo Testamento, livretos com trechos escolhidos e folhetos - alcança 265.151.267 de publicações. A SBB tem parceria com Edições Paulinas, católica, para publicação da Bíblia católica, com os oito livros canônicos não reconhecidos pela Reforma protestante.
“Um de nossos lançamentos mais recentes é a Bíblia GPS, projeto vindo da Alemanha e climatizado no Brasil, com um roteiro de referências e mapas que ajuda o leitor a situar-se no texto”, explica Seibert. A interligação entre diferentes passagens permite ao leitor ter acesso a informações, por exemplo, sobre que relação existe entre o Antigo e o Novo Testamento. O termo GPS, moderno instrumento de localização para se traçar um roteiro entre pontos geográficos, deve ser entendido, nessa apresentação das Escrituras, como uma analogia.
O texto inclui-se na série de edições destinadas a acadêmicos e estudiosos, mas, ao alcance dos leitores comuns, na grande maioria evangélicos de várias igrejas. A
mesma coisa ocorre com outras versões da Bíblia. A SBB adapta apresentação gráfica e explicações a segmentos bem definidos. A editora tem A Bíblia da Mulher, Bíblia Sagrada Entre Meninas e Deus, Bíblia Missionária de Estudo, Bíblia do Samaritano e outras variações, além de panfletos com histórias bíblicas para crianças. A tradução da maioria delas é a Almeida (Antônio Ferreira de Almeida) Revista e Atualizada, na linguagem de hoje.
No caso da Bíblia GPS, a editora parceira é a Esperança, ligada à Allianz Mission na Alemanha, com trabalhos em mais de 20 países, entre os quais China e Vietnã. Edições do Antigo Testamento em hebraico e do Novo Testamento em grego, nos dois casos com tradução interlinear, são dirigidas a professores, estudantes e biblistas evangélicos, católicos, ortodoxos e judeus.
Uma edição do Novo Testamento, Salmos e Provérbios em chinês, lançada em parceria com a Sociedade Bíblica de Hong Kong, destina-se à colônia chinesa no Brasil e aos cristãos na China. No Brasil, há traduções para línguas indígenas (guarani e kaingang) e para dialetos alemães falados por pequenos grupos no Sul e do Espírito Santo. O Livro de Rute foi publicado em Calon Chibi em parceria da SBB com a Missão Amigos dos Ciganos. A SBB tem também edição em Braile.
O best-seller da editora é a Bíblia de Lutero, editada em 2012. A tradução do alemão para o português (Almeida Revista e Atualizada) é baseada na versão protestante de Martinho Lutero que, na Reforma, lançou as Escrituras em língua vernácula, quando a Igreja Católica só oferecia o texto da Vulgata em latim. Essa edição contém mais de 900 reflexões de Lutero intercaladas no texto e anexos com partituras e hinos de autoria do reformador. Essa Bíblia despertou enorme interesse também entre os católicos, com a aproximação, incentivada pelos últimos papas, entre Roma e os luteranos. A diferença das bíblias evangélicas em relação às católicas é que elas não incluem oito livros que Lutero e outros reformadores não consideram canônicos, ou seja, de inspiração divina.
A publicação anual da SBB corresponde a cinco vezes a tiragem somada da Bíblia nas principais editoras católicas, que venderam ano passado cerca de 1,6 milhão de exemplares. A Ave Maria publicou 600 mil cópias. Seu produto mais conhecido é a Bíblia Sagrada Ave Maria, cuja primeira edição saiu em 1959. Foi uma novidade na época, porque a Igreja Católica não divulgava traduções em português. A editora lançou em 2009 Minha Primeira Bíblia com a Turma da Mônica, em forma de historinhas infantis.
Além da Editora Ave Maria, publicam a Bíblia, em diversos modelos e traduções, as editoras católicas Loyola, Paulinas, Paulus, Santuário e Vozes. Outras editoras, como a da Canção Nova, participam de coedições. A Paulus, dos padres paulinos, lançou, em 2013, a Nova Bíblia Pastoral, em linguagem acessível a tradução feita das línguas originais. Em 1990, Edições Paulinas (das irmãs paulinas) havia publicado a Bíblia Sagrada - Edição Pastoral. O texto só foi ligeiramente revisado. As diferenças mais notáveis estão nas notas de pé de páginas e nos entretítulos. A Bíblia Pastoral é muito utilizada nas comunidades eclesiais de base e nos movimentos populares da Igreja.
Há sete anos no mercado, a Edições CNBB lançou uma versão comemorativa pelos 500 anos de evangelização do Brasil e dos 50 anos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 2001. “No próximo ano, será lançada a Bíblia Sagrada, resultado de oito anos de estudos de doutores em Bíblia”, informa o diretor geral da Edições CNBB, padre Valdeir dos Santos Goulart.