domingo, 23 de novembro de 2014

Malhe o seu cérebro

Matéria publicada no Estadão em 15/11/14:

Ginástica para o cérebro desenvolve habilidades e mantém a mente jovem

RAQUEL BRANDÃO

A neuróbica propõe mudanças na rotina que melhoram a capacidade de atenção e concentração, além de retardar doenças como Alzheimer

Esquecer palavras ou encontrar dificuldades para resolver situações são alguns dos sinais de que o cérebro precisa entrar em forma. A ginástica para a mente é conhecida como neuróbica, conceito criado pelo neurocientista americano Larry Katz, autor do livro Mantenha seu Cérebro Vivo. “A neuróbica é uma ideia nova e, por isso, não há comprovação científica sobre sua eficácia, mas é de bom senso exercitar o cérebro”, explica o neurologista da Unifesp Ivan Hideyo Okamoto.

Os exercícios para o cérebro funcionam a partir da reserva cognitiva, ou seja, seu conhecimento acumulado para desenvolver mecanismos capazes de superar alguma dificuldade. “Uma pessoa, quando esquece uma palavra, busca outra forma de se expressar. Se tiver mais recurso cognitivo, vai arranjar uma metáfora ou um sinônimo. Depende do seu repertório”, diz Okamoto.

Estudos como os do neurocientista Katz têm comprovado que o cérebro humano é capaz de se reorganizar se for corretamente estimulado. “Antigamente existia a ideia de fatalidade genética: a pessoa nascia com um certo grau de habilidade e não se desenvolvia mais. Hoje, ter várias habilidades é uma questão de decisão pessoal”, conta Antonio Guarini Perpétuo, presidente fundador do método Supera.

Não existe idade para começar a exercitar o cérebro. De acordo com Okamoto, uma das únicas formas de medir a reserva cognitiva de uma pessoa é pelo estímulo educacional, que deve acontecer desde o começo da vida."Se a pessoa for menos escolarizada, terá menos reservas e, assim, não conseguirá desenvolver tantas estratégias.”

Segundo Perpétuo, seus alunos vão desde os cinco até os 101 anos de idade e têm diferentes necessidades. Os jovens buscam melhor desempenho acadêmico; os adultos, o profissional; e os idosos querem envelhecer e manter o cérebro saudável. “Além de desenvolver habilidades, a ginástica cerebral é importante para manter a mente jovem e evitar as doenças degenerativas.”

Retardar e até evitar tais doenças é uma preocupação cada vez mais comum. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Alzheimer, por exemplo, afeta atualmente entre 24 e 37 milhões de pessoas. “Uma pessoa que está chegando aos 70 anos e aumentou sua reserva cognitiva, provavelmente conseguirá adiar o surgimento de um quadro demencial”, esclarece Okamoto.

Alguns métodos especializados oferecem testes computadorizados, como jogos, para ganhar velocidade de processamento, tempo de resposta, capacidade de atenção e concentração. Porém, existem algumas formas simples de melhorar o desempenho do cérebro. “Tire seu cérebro da zona de conforto com coisas novas, variadas e desafiadoras”, sugere Perpétuo. Veja a seguir algumas dicas para fazer algumas mudanças na rotina:

  • Para evitar que seu cérebro entre no “piloto automático”, faça caminhos novos. Assim, você criará novas conexões neurais
  • Veja imagens ou fotografias de cabeça para baixo. Nós usamos os dois lados do cérebro para analisar informações visuais. Com a imagem invertida, nossa mente precisa criar novas conexões
  • Aposte na leitura. Ao ler um livro, selecione uma frase e tente formar uma frase diferente utilizando as mesmas palavras
  • Brinque de cabra-cega e tente identificar objetos pelo tato
  • Escreva com a mão com a qual não está habituado
  • Coloque o relógio no pulso oposto ao que você usa
  • As relações sociais são essenciais para a mente. Encontre os amigos, faça refeições em família. "Se já tiver netos, pratique a netoterapia", indica o neurologista Ivan Hideyo Okamoto
  • Cuide dos fatores de risco vascular: controle a pressão e o nível de açúcar no sangue
  • Não fume. O cigarro está relacionado ao aumento das alterações cognitivas
  • Pratique atividades físicas. Exercitar o corpo oxigena e melhora o desempenho cerebral
  • Mantenha uma dieta rica em Ômega 3, um tipo de gordura boa muito encontrada em peixes, castanhas, óleos vegetais e verduras escuras




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