Experiência fora do corpo é desencadeada por realidade virtual
Projeção da consciência, experiência extracorporal, desdobramento espiritual, emancipação da alma, projeção astral ou viagem astral são termos usados alternativamente para designar as experiências fora-do-corpo ou estados alterados de consciência, que podem ser supostamente realizadas por qualquer pessoa, por meio do sono, via meditação profunda, técnicas de relaxamento, ou involuntariamente, durante episódios de paralisia do sono, trauma, variações abruptas da atividade emocional e estresse, experiência de quase-morte, deprivação sensorial, estimulação elétrica do giro angular direito do cérebro, estimulação eletromagnética, experiências de ilusão de óptica controladas, e através de efeitos neurofisiológicos por indução química de substâncias comumente descritas como drogas.
Exemplos de tais substâncias correlacionadas com a fenomenologia das experiências extra-corpóreas são o Cloridrato de cetamina, a Galantamina, a Metanfetamina, o Dextrometorfano, a Fenilciclidina e a Dimetiltriptamina (presente na bebida ritualística Ayahuasca)
É fácil perceber que são muitas as causas que poderiam levar as pessoas a este estado notável, frequentemente associado a manifestações espirituais segundo religiosos de várias correntes de fé. Mas uma nova pesquisa realizada por Jane Aspell da Anglia Ruskin University, no Reino Unido e Lukas Heydrich, do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Lausanne, mostra que uma EFC poderia ser disparada apenas colocando um indivíduo para assistir um vídeo de si mesmo com seu batimento cardíaco projetado sobre ele.De acordo com o estudo, é fácil enganar a mente fazendo com que ela acredite pertencer a um órgão externo e manipular a auto-consciência de uma pessoa simplemente externalizando os ritmos internos de seu corpo.
Os voluntários do estudo foram equipados com uma espécie "óculos de realidade virtual" (um head mounted display - HMD, ou monitor montado na cabeça) e foram filmados em tempo real por uma câmera de vídeo conectada ao HMD, o que lhes permitiu ver o seu próprio corpo em pé a dois metros a frente dos mesmos.
Sincronizado através de sinais da pulsação dos voluntários usando eletrodos, o momento da batida do coração foi usado para acionar um flash brilhante que foi sobreposto contornando o corpo virtual, visto através do HMD.
Depois de assistir o brilho do contorno acendendo e apagando em sincronia com os batimentos cardíacos durante vários minutos, os participantes da pesquisa experimentaram uma forte identificação com o corpo virtual, relatando que eles o sentiam mais como seu próprio corpo. Eles também perceberam que estavam em um local diferente na sala do que em seu corpo físico, relatando sentirem estar mais próximos de seu dublê do que eles realmente estavam, e eles experimentaram toque em um local fora de seu corpo físico.
"Esta pesquisa demonstra que a experiência de si mesmo pode ser alterado quando apresentado informações sobre o estado interno do próprio corpo, como uma batida do coração." - Jane Aspell
As descobertas da investigação podem levar a novos tratamentos para pessoas que sofrem de distúrbios de percepção, como a anorexia e transtorno dismórfico corporal. Aspell atualmente trabalha em um estudo sobre o "efeito sanfona" em pessoas que fazem dietas e suas mudanças de auto-percepção com o ganho e a perda de peso.
"Pacientes com anorexia, por exemplo, têm uma desconexão de seu próprio corpo. Eles olham no espelho e acham que eles são maiores do que realmente são. Isso pode ocorrer porque seu cérebro não atualiza sua representação do corpo depois de perder peso, e o paciente, portanto, fica preso com uma percepção maior de si próprio, que está desatualizada." - Jane Aspell