Nos últimos dias, houve uma certa repercussão nas redes sociais sobre um pedido de perdão de uma tal "Aliança de Batistas do Brasil" a respeito do apoio evangélico ao golpe militar de 1964.
O que o leigo não sabe é que a denominação "batista" não é exclusividade da Convenção Batista Brasileira (CBB), que é a instituição mais antiga que congrega os batistas históricos no país.
A CBB é a maior organização batista brasileira, mas existem também, apenas para citar alguns exemplos, a Convenção Batista Nacional e a Associação de Igrejas Batistas Regulares do Brasil, entre outras de menor expressão, além de igrejas locais que se identificam como "batistas", embora não estejam filiadas a nenhuma associação denominacional.
Apesar da representatividade mínima, a citada Aliança de Batistas do Brasil "se propõe a ser um organismo de identidade batista e caráter ecumênico", segundo consta de sua apresentação oficial, e tem posições bastante avançadas quando comparada com suas congêneres mais importantes, como o apoio à união civil entre homossexuais.
De qualquer forma, dada a mórbida efeméride dos 50 anos do golpe militar de 1964, lembrados e execrados nesta semana, não deixa de ser uma excelente oportunidade de reflexão sobre o apoio de muitos evangélicos à ditadura, à delação e à tortura daquela época sinistra da história do Brasil.
Abaixo, o pedido de perdão da Aliança de Batistas do Brasil:
Nota Pública - 50 anos depois do golpe: um pedido de perdão
A Aliança de Batistas do Brasil, instituição batista de caráter ecumênico, vem a público 50 anos depois do golpe civil-militar no Brasil, para pedir perdão pela conivência, omissão e participação que muitas igrejas e lideranças batistas tiveram durante o período da ditadura militar e civil do Brasil. A omissão, conivência e delação assumida pela maioria destas igrejas no período da ditadura foi um erro lamentável, porém o silencio e a ocultação histórica desse erro torna-lhe ainda mais pecaminoso e vergonhoso.
Mas, quero trazer à memória aquilo que me traz esperança. (Lamentações de Jeremias 3: 21)
No compromisso de fé e esperança queremos também trazer a memória aqueles e aquelas que não se dobraram no período da ditadura no Brasil, a exemplo da Igreja Batista Nazareth (Salvador – BA) que manteve uma postura de resistência, erguendo sua voz de denúncia profética durante o período da ditadura. No testemunho desta comunidade incluímos todas as comunidades de fé que se mantiveram resistentes, dando testemunho do Evangelho nesse período tenebroso da história recente do nosso país. E no testemunho histórico e profético dos pastores batistas Djalma Torres (Salvador - BA) e David Malta (Rio de Janeiro – RJ), honramos todas as demais lideranças batistas que não se calaram e enfrentaram corajosamente o regime que atentou contra as liberdades fundamentais do ser humano e do povo brasileiro.
Por ação e omissão pecamos contra os princípios de amor, liberdade e justiça que são as marcas do Evangelho de Jesus Cristo, e por isso pedimos perdão.
Aliança de Batistas do Brasil
01 de Abril de 2014.
Odja Barros - Presidente