O esquema Telexfree, que fez a alegria de muitos incautos prometendo enriquecimento fácil e rápido, foi proibido nos Estados Unidos diante da constatação (óbvia) de que se tratava do velho e conhecido golpe da "pirâmide financeira", que lá no Norte da América é chamado de "Ponzi scheme" ("esquema de Ponzi").
As autoridades de Massachussets se preocuparam, sobretudo, com a significativa comunidade brasileira que mora naquele Estado, e pediram o início de uma ação na Justiça americana visando não só coibir a prática como ressarcir - tanto quanto possível - aqueles que foram lesados pela Telexfree.
No relatório em que justificam a iniciativa, os promotores locais dizem que foram informados do golpe em trâmite naquelas paragens por um jornalista brasileiro.
Como a Justiça americana não está lá para brincadeiras, parece que a Telexfree já correu para pedir concordata, o que vai prejudicar ainda mais quem acreditou no conto do bilhete premiado.
O que mais nos impressiona nisso tudo, tanto lá como cá, é a enorme quantidade de "evangélicos" que aderem a esses "milagres financeiros" sem se preocuparem com sua legalidade ou com as consequências de seus atos, não só ligados à Telexfree como a outros esquemas que pululam por aí, mas atraem os "crentes" doidos por "prosperidade" como formigas atrás de um torrão de açúcar.
Mais impressionante ainda é que tem deputado que também se diz "evangélico" e defende com unhas e dentes essas práticas, havendo até quem queira legalizar o esquema de pirâmide no Brasil.
O esquema Telexfree já havia sido proibido no Brasil pela Justiça do Estado do Acre e, mesmo assim, chegou a patrocinar (pelo menos até ontem) a equipe carioca do Botafogo através de sua sede americana.
Recomendamos, ainda, a leitura do artigo "Há evangélicos que preferem as pirâmides" para uma análise mais detalhada do que são as malfadadas "pirâmides financeiras".
A matéria abaixo é do G1 Economia:
Telexfree é pirâmide e arrecadou US$ 1,2 bi no mundo, diz estado dos EUA
Massachusetts pede o fim das atividades e compensação aos investidores.
Empresa está bloqueada no Brasil e pediu concordata nos EUA.
Um relatório da Secretaria de Estado de Massachusetts, EUA, divulgado nesta terça-feira (15) afirma que a Telexfree é uma pirâmide financeira que arrecadou cerca de US$ 1,2 bilhão em todo o mundo. No documento, as autoridades pedem o fim das atividades da empresa, a devolução dos lucros e o ressarcimento das perdas causadas aos investidores, chamados de "divulgadores".
"Embora apresentado como uma mudança de paradigma em telecomunicações e publicidade, a Telexfree é meramente uma pirâmide velada e um esquema Ponzi (como também são conhecidas as pirâmides financeiras, em homenagem a Charles Ponzi, o homem que no início do século passado protagonizou uma das maiores fraudes financeiras da história) que tem como alvo a trabalhadora comunidade brasileiro-americana", diz a denúncia assinada pelo secretário William Galvin (Clique aqui para ler a íntegra do documento, em inglês).
No documento de quase 50 páginas, as autoridades de Massachusetts, onde fica a sede da Telexfree, afirmam que a empresa montou um esquema ilegal de venda fraudulenta de títulos e pedem a abertura de uma ação judicial para que sejam interrompidas as atividades da empresa e que os investidores sejam compensados por suas perdas.
Segundo o relatório da investigação, dos cerca de US$ 1,2 bilhão que o grupo faturou de janeiro de 2012 a fevereiro de 2013, apenas US$ 238 milhões vieram da venda de pacotesde telefonia VoIP (por meio da internet).
O documento destaca que a empresa prometia retorno de 200% a 250% aos "divulgadores", que compram e revendem pacote de contas e "recrutam" novos revendedores.
"Usando várias contas de bancos e entidades relacionadas, a Telexfree já arrecadou mais de US$ 90 milhões em Massachusetts e cerca de US$ 1 bilhão no mundo", afirma a secretaria Massachusetts.
A denúncia acontece um dia após a empresa anunciar que ingressou um pedido de concordata no Tribunal de Falências do Distrito de Nevada. Com a ação, as autoridades de Massachusetts tentam proteger alguns ativos para eventual ressarcimento das vítimas - um esforço que poderá ser frustrado caso o pedido de recuperação judicial seja aceito pelo Tribunal de Nevada. A corte ainda não apreciou as solicitações. As audiências estão previstas para os próximos dias.
Empresa sempre negou prática de pirâmide
Os representantes da Telexfree no Brasil não foram localizados pelo G1 para comentar o assunto. Desde segunda-feira (15), a reportagem deixou recados no escritório do advogado da empresa, Horst Fuchs, e enviou e-mails para a Telexfree no Brasil e nos Estados Unidos, mas não obteve retorno.
Após a divulgação do resultado das investigações do governo de Massachusetts, o site internacional da empresa saiu do ar. Segundo um comunicado, a página está em manutenção.
A empresa sempre negou a prática de pirâmide ou qualquer irregularidade. Em comunicado divulgado na sua página internacional na segunda-feira (14), o presidente interino da Telexfree, Stuart A. MacMillan, defendeu a recuperação judicial da empresa. "Esperamos que o nosso negócio vai continuar a operar, e tudo faremos para apoiar os nossos associados de vendas e clientes com novos produtos e melhoria dos serviços, incluindo os serviços de VoIP que estão se expandindo para alcançar mais de 70 países", afirmou.
As atividades da empresa no país estão suspensas desde junho de 2013, por determinação da Justiça do Acre, por suspeita de prática de pirâmide financeira. Em fevereiro, a Telexfree teve negado pela segunda vez seu pedido de recuperação judicial no Brasil. Para a Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES), a empresa não poderia fazer o pedido por ter menos de dois anos de atividade.