quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

De manipulação em manipulação

Excelente análise de Hermes C. Fernandes no seu blog, com o meu comentário em seguida:



Igreja Gay: Uma vergonha para os evangélicos!

Semana passada, no dia 27 de Novembro, uma das rádios evangélicas de maior popularidade do Brasil exibiu um debate sobre homossexualismo. Entre os participantes estavam o Pr. Silas Malafaia, o Desembargador Fábio Dutra, o Pr. Paulo Afonso, o Pr. Augusto Miranda, o Pr. Paulo César e o Pr. Marcos Gladstone. Este último é líder da Igreja Contemporânea do Rio de Janeiro, conhecida como "igreja gay".

Gladstone é homossexual assumido, e declara ser casado com seu companheiro e também pastor Fábio Inácio.

O debate poderia ter sido muito proveitoso, caso não houvesse alguns momentos desrespeitosos, onde as partes se atacaram mutuamente.

Silas, como sempre, vociferou suas opiniões sem o menor recato, chegando ao cúmulo de referir-se aos seus opositores que assistiam no auditório da rádio como "bonecas". No final, retratou-se, sabendo que isso poderia lhe render uma ação jurídica.

Se todos mantivessem a linha, muitas coisas poderiam ter sido esclarecidas. Oportunidade desperdiçada.

Tive pena do Gladstone. Embora discorde de seus posicionamentos, acho que ele merece respeito, como qualquer ser humano.

Silas disse que não há igreja evangélica gay, nem tampouco "pastor gay". Gladstone, para revidar, afirmou que era pastor reconhecido pela Federação de Teólogos do Brasil (ou algo do gênero).

Um dos momentos mais curiosos foi quando Gladstone afirmou que muitos pastores e filhos de pastores já o procuraram em sua igreja, confessando que eram gays. Não duvido nada! Conheço o caso em que um pastor foi flagrado sentado no colo de um obreiro.

Definitivamente, a igreja evangélica brasileira não está preparada para discutir um assunto tão polêmico como este. Falta maturidade, finesse, e sobretudo, amor.

Por que acho que é uma vergonha para os evangélicos que haja uma igreja gay? Simples. Esta igreja só surgiu para preencher uma lacuna deixada pela igreja evangélica. Se os gays fossem acolhidos em nossas comunidades, a fim de que fossem expostos à Palavra de Deus, eles não teriam qualquer razão para buscar uma igreja dedicada exclusivamente a eles.

Não estou dizendo que as igrejas deveriam legitimar sua conduta. Não! Apenas afirmo que devemos ser mais misericordiosos, compassivos, agindo mais ou menos como nosso Mestre agiria.

Me recuso a acreditar que Jesus os rechaçaria. Também não acredito que Ele estimularia que Seus seguidores se entrincheirassem contra os homossexuais, como tem sido feito.

Tornamo-nos seus inimigos número 1. Como poderemos evangelizá-los? Como poderemos conduzi-los aos pés do Salvador?

Será que somos melhores do que eles? Será que nossa avareza, idolatria, inveja, carnalidade, ocupam um lugar de menor importância dentro da lista de pecados condenados pela Palavra?

Sinceramente, creio que a Igreja deveria se manifestar solidária a todo grupo humano minoritário que buscasse ser respeitado. Sem endossar qualquer que fosse a conduta pecaminosa, deveríamos comprar uma briga pelas prostitutas, homossexuais, seguidores das religiões afro-brasileiras, ciganos, etc.

Te escandalizei?

Pois o Cristo a quem sirvo também escandalizou os religiosos pudicos de Sua época ao colocar-se em defesa da mulher adúltera, desmascarando a pseudosantidade dos religiosos que queriam apedrejá-la.

Tornamo-nos tão diferentes de Jesus. Estamos sempre do lado errado. Do lado dos poderosos, dos mantenedores do Status Quo, dos corruptos, dos salafrários.

Repito: não acho que devemos baratear a mensagem do Evangelho, endossando qualquer conduta que não se coadune com seus valores e princípios.

Porém, acredito que devemos usar de misericórdia, tanto quanto dela necessitamos. Afinal, são os misericordiosos que alcançarão misericórdia.

Ao xingar seus oponentes de 'bonecas', ou 'meninas', Silas Malafaia revelou o lado preconceituoso daqueles a quem ele julga representar. Foi um desserviço à causa do Evangelho.

Nunca vi ninguém se converter no calor de uma discussão.

Se queremos ser respeitados, devemos, antes de tudo, respeitar, mesmo o mais vil pecador. Não somos melhores do que eles.

Que tal se olharmos para nós mesmos como fez Paulo, que considerou-se o principal dos pecadores?

Que tal se deixarmos de olhar para o outro de cima pra baixo, e considerar-nos igualmente carentes da graça de Deus?

Que o Projeto de Lei 122 precisa de ajustes, não resta dúvida. Mas não será com xingamentos e ataques que vamos reverter isso.

O que não se pode negar é que o debate serve mesmo é a interesses políticos daqueles que se fiam na ingenuidade do povo evangélico para se elegerem.

Igreja nenhuma deveria sentir-se ameaçada por qualquer que seja a PL. Faz-se um escarcel danado para que os crentes pensem que a tal "ditadura gay" vai obrigar às igrejas a aceitarem e celebrarem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. E assim, os propineiros vão se elegendo e agradecendo ao deus Mamom pelas "graças" recebidas.

Bem... Esta é minha humilde opinião. Você tem todo o direito de discordar.




Meu comentário:

Às vezes eu penso que se Paulo reescrevesse hoje 1 Coríntios 13:13, ele diria que "permanecem a fé, a esperança e o amor, esses três; mas maior que todos eles é o preconceito".

É impressionante como muitos evangélicos criticam as heresias dos falsos profetas, mas rapidamente se unem a eles nas trincheiras anti-gays. O próprio Malafaia percebeu isso, e diante da repercussão negativa do caso Morris Cerullo, já tratou de chamar ex-travesti ao programa e chamar o povo de volta pra "caçar" os gays e o tal malfadado PL 122. Pronto! Todo mundo que o tinha criticado pela palhaçada do Cerullo já estava juntinho com ele levantando a bandeira do "eu odeio o pecado, mas amo o pecador", que - racionalmente falando - é uma contradição intrínseca e não consegue disfarçar o preconceito e o aproveitamento demagógico dos inimigos de ocasião.

Os gays precisam ser evangelizados e devem saber que existe uma igreja pronta não para xingá-los, para para ajudá-los a mudar de vida, se assim quiserem e o Senhor conceder-lhes. Quem convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo é (única e exclusivamente) o Espírito Santo (João 16:8), e não os impropérios travestidos de "espiritualidade", proferidos por quem quer que seja.

O povo evangélico precisa deixar não só o preconceito como também a manipulação oportunista dos falsos profetas.


2 comentários:

  1. ola mano helio! tudo bom? aqui e o lucas. olha assiti inumeras pregaçoes do malafaia. assiti aquela dos 900 reias. a com o sen. magno.m , do amigo ex-gay, da primeira vez que ele falou da pl122,mas lembro que ele ia falar da igreja catolica e acabou nao falando....olha o silas ta cheio de escandalos. coitado! apenas queria pregar o evangelho e note nos programas dele ele nunca fala mal de ninguem ..rsrsrs ..hahaha. olha acho que o homosexualismo, deve ser discutido irmao helio com paz , paciencia,nao com pregadores estourados no meio. os gays sabem que e pecado isto, mas alguns passam da conta condenando severamento o proximo. preguntamos entao: quem nao tem pecado atire a primeira pedra.

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  2. Oi, Lucas!

    Uma das coisas mais perigosas que existe no mundo é a manipulação de massas, na qual Hitler chegou mais perto da macabra perfeição. Graças a Deus não foi perfeito, e houve tempo para o mundo destrui-lo e todo o sistema maligno que ele criou.

    Esse tipo de tática - de criar um inimigo material, visível - não funciona no cristianismo, já que nossa verdadeira batalha é contra o inimigo espiritual (Efésios 6:12). Se você reparar bem, quando lemos o evangelho, vemos que Jesus se preocupou em pregar só sobre isso, sobre o pecado que afasta a todos indistintamente de Deus, e sobre a salvação que Ele veio oferecer-nos. A conjuntura política e social da época em que Jesus viveu era a pior possível. Os imperadores romanos viviam na base de bacanais, e havia imoralidade de todo tipo. Ninguém tinha direito a nada, salvo os poucos e privilegiados cidadãos romanos, que mesmo assim podiam ser vítimas dos desmandos das autoridades. Mesmo assim, Jesus não se preocupava com manifestações públicas, combates políticos, mas só em anunciar a salvação pelo Seu precioso sangue.

    Por isso, eu desconfio muito de quem faz da pregação cristã uma agenda política e preconceituosa.

    Abração!

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